quarta-feira, 14 de junho de 2017

A decadência de uma nação

A bancada chavista no Parlamento venezuelano pediu à Justiça que avalie a saúde mental da procuradora-geral da Venezuela, sob a alegação de que ela está fora de seu juízo e deve ser destituída do cargo, pelo simples fato de se envolver em confronto aberto com o governo, que se acha todo-poderoso e onipotente.
Um parlamentar disse, quando da apresentação do pedido em apreço, o seguinte: “Peço que formem uma junta médica, que é competência do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ). É evidente que esta senhora não está sã”.
O deputado chavista ressaltou que espera que a equipe de peritos e psicólogos se pronuncie sobre a “sanidade mental” da procuradora-geral e chavista declarada, para o fim, se for o caso, do seu afastamento do cargo.
Tudo isso acontece porque a procuradora-geral pediu ao Tribunal Superior de Justiça – acusado de servir ao governo – que anule o processo que trata da instalação da Assembleia Constituinte, demandado pelo presidente bolivariano, a par de ser autorizado o julgamento de oito de seus juízes, por entender que eles violaram a Constituição.
O deputado anunciou a solicitação de avaliação médica, em concomitância com recomendação para a “reclusão” da funcionária do seu cargo, ante o temor de ela puder contribuir para a realização de “uma guerra civil”, na Venezuela.
Ocorre que, naquele país não há amparo legal para abertura de processo dessa natureza, no sentido de obrigar a realização de exames médicos quanto à higidez mental pretendida por parlamentares chavistas, a par de que somente o Parlamento tem competência para autorizar medida nesse sentido, o que será quase impossível a sua implementação, considerando que esse poder é de ampla maioria opositora, que certamente não aceitaria autorizar a realização de medida absurda e destoante da realidade humanitária e democrática.
A procuradora-geral também responsabilizou a militarizada Guarda Nacional pela morte de um jovem, supostamente pelo impacto de uma bomba de gás lacrimogêneo no peito dele, durante os protestos contra o presidente do país.
O parlamentar chavista disse que “Ela perdeu totalmente a autoridade moral, deixou de ser a procuradora da República e se tornou uma porta-voz da direita a serviço do terrorismo”.
A procuradora-geral vem demonstrando autonomia em relação ao governo ditatorial desde quando ela, de forma surpreendente, denunciou que a decisão daquele tribunal significava a assunção das funções do Legislativo, com clara “ruptura da ordem constitucional”.
Somente porque a procuradora-geral pensa diferentemente, com relação a algumas ideias dos chavistas, quanto à realidade sobre a truculência imposta pelo governo tirano e ditatorial, ela vem sendo chamada pelos simpatizantes do regime bolivariano de “traidora” e “indigna”, sendo alvo de sugestão absurda e radical, como essa da realização de exames médicos, para se aquilatar o seu estado mental.
Causa perplexidade e espanto se verificar que o país comandado por doentes mentais, desequilibrados e alienados, que nem precisa de atestado médico para se confirmar tal estado de loucura, à vista da maneira irresponsável e desastrada como eles conseguiram conduzi-lo ao abismo e à destruição, causando irreparável martírio e catástrofe aos venezuelanos, que são obrigados a passar fome, em razão da falta de alimentos e produtos essenciais, ainda tenha alguém, como esse grupo de parlamentares chavistas, com a insensatez e desplante de considerar doente a única pessoa do governo que se encontra no usufruto, como tem demonstrado, da sensibilidade, do equilíbrio, da lucidez e das plenas condições de discernir o certo do errado, além de conseguir enxergar as ruindades do regime socialista.
À toda evidência, o citado regime somente teve o condão de impor muito sacrifício e martírio aos venezuelanos, principalmente a começar pela usurpação das liberdades individuais, com a privação dos direitos humanos e princípios democráticos, transformando aquele país em uma verdadeira bomba relógio, prestes a explodir a qualquer momento, tamanha a mediocridade de seus governantes, que se espantam quando surge alguém com a mentalidade normal, que consegue enxergar a desgraça que ocorre naquele país, no que concerne à violação dos princípios insculpidos na Constituição.
Urge que os venezuelanos se conscientizem de que a anarquia do desgoverno daquele país conduzirá seu povo para as profundezas do abismo, que não terá condições da retomada da normalidade político-administrativa tão cedo, à vista da degeneração dos princípios humanitários, civilizatórios e democráticos, que são a essencialidade dos fundamentos capazes de reafirmação de uma nação. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 14 de junho de 2017

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