A bancada chavista no Parlamento venezuelano pediu
à Justiça que avalie a saúde mental da procuradora-geral da Venezuela, sob a alegação
de que ela está fora de seu juízo e deve ser destituída do cargo, pelo simples
fato de se envolver em confronto aberto com o governo, que se acha todo-poderoso
e onipotente.
Um parlamentar disse, quando da apresentação do
pedido em apreço, o seguinte: “Peço que
formem uma junta médica, que é competência do Tribunal Supremo de Justiça
(TSJ). É evidente que esta senhora não está sã”.
O deputado chavista ressaltou que espera que a equipe
de peritos e psicólogos se pronuncie sobre a “sanidade mental” da procuradora-geral e chavista declarada, para o
fim, se for o caso, do seu afastamento do cargo.
Tudo isso acontece porque a procuradora-geral pediu
ao Tribunal Superior de Justiça – acusado de servir ao governo – que anule o
processo que trata da instalação da Assembleia Constituinte, demandado pelo
presidente bolivariano, a par de ser autorizado o julgamento de oito de seus
juízes, por entender que eles violaram a Constituição.
O deputado anunciou a solicitação de avaliação
médica, em concomitância com recomendação para a “reclusão” da funcionária do seu cargo, ante o temor de ela puder contribuir
para a realização de “uma guerra civil”,
na Venezuela.
Ocorre que, naquele país não há amparo legal para
abertura de processo dessa natureza, no sentido de obrigar a realização de
exames médicos quanto à higidez mental pretendida por parlamentares chavistas,
a par de que somente o Parlamento tem competência para autorizar medida nesse
sentido, o que será quase impossível a sua implementação, considerando que esse
poder é de ampla maioria opositora, que certamente não aceitaria autorizar a
realização de medida absurda e destoante da realidade humanitária e
democrática.
A procuradora-geral também responsabilizou a
militarizada Guarda Nacional pela morte de um jovem, supostamente pelo impacto
de uma bomba de gás lacrimogêneo no peito dele, durante os protestos contra o
presidente do país.
O parlamentar chavista disse que “Ela perdeu totalmente a autoridade moral,
deixou de ser a procuradora da República e se tornou uma porta-voz da direita a
serviço do terrorismo”.
A procuradora-geral vem demonstrando autonomia em
relação ao governo ditatorial desde quando ela, de forma surpreendente,
denunciou que a decisão daquele tribunal significava a assunção das funções do
Legislativo, com clara “ruptura da ordem
constitucional”.
Somente porque a procuradora-geral pensa diferentemente,
com relação a algumas ideias dos chavistas, quanto à realidade sobre a
truculência imposta pelo governo tirano e ditatorial, ela vem sendo chamada
pelos simpatizantes do regime bolivariano de “traidora” e “indigna”,
sendo alvo de sugestão absurda e radical, como essa da realização de exames
médicos, para se aquilatar o seu estado mental.
Causa perplexidade e espanto se verificar que o
país comandado por doentes mentais, desequilibrados e alienados, que nem
precisa de atestado médico para se confirmar tal estado de loucura, à vista da
maneira irresponsável e desastrada como eles conseguiram conduzi-lo ao abismo e
à destruição, causando irreparável martírio e catástrofe aos venezuelanos, que são
obrigados a passar fome, em razão da falta de alimentos e produtos essenciais,
ainda tenha alguém, como esse grupo de parlamentares chavistas, com a
insensatez e desplante de considerar doente a única pessoa do governo que se
encontra no usufruto, como tem demonstrado, da sensibilidade, do equilíbrio, da
lucidez e das plenas condições de discernir o certo do errado, além de conseguir
enxergar as ruindades do regime socialista.
À toda evidência, o citado regime somente teve o
condão de impor muito sacrifício e martírio aos venezuelanos, principalmente a
começar pela usurpação das liberdades individuais, com a privação dos direitos
humanos e princípios democráticos, transformando aquele país em uma verdadeira
bomba relógio, prestes a explodir a qualquer momento, tamanha a mediocridade de
seus governantes, que se espantam quando surge alguém com a mentalidade normal,
que consegue enxergar a desgraça que ocorre naquele país, no que concerne à
violação dos princípios insculpidos na Constituição.
Urge que os venezuelanos se conscientizem de que a
anarquia do desgoverno daquele país conduzirá seu povo para as profundezas do
abismo, que não terá condições da retomada da normalidade político-administrativa
tão cedo, à vista da degeneração dos princípios humanitários, civilizatórios e
democráticos, que são a essencialidade dos fundamentos capazes de reafirmação de
uma nação. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 14 de junho de 2017
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