quarta-feira, 21 de junho de 2017

A era dos aproveitadores

A manchete de capa da revista Veja diz que a Operação Lava-Jato teria descoberto “que a Petrobras era hospedeira de um monumental esquema de corrupção montado no governo do ex-presidente Lula. O dinheiro roubado financiou campanhas eleitorais, abasteceu contas secretas no exterior e bancou pequenos e grandes luxos de mais de uma centena de políticos. O avanço das investigações mostrou que a simbiose entre política e corrupção não se limitava à estatal, envolvia outros grandes grupos empresariais e atraiu praticamente todos os partidos.”.
A reportagem prossegue afirmando que “As entranhas do poder enlameado estão sendo espetacularmente expostas — numa sucessão de assustadoras novidades. Com seus líderes na mira, PMDB, PT e PSDB selaram um pacto surdo de sobrevivência. O PMDB quer levar o presidente Michel Temer ao fim de seu mandato e frear as investigações. O PSDB sonha em voltar ao poder no ano que vem e, de quebra, salvar o mandato de Aécio Neves.”.
Noutro trecho, a revista afirma que “O PT, praticamente dizimado, pretende salvar Lula da cadeia e, por meio dele, reerguer o partido. As três grandes forças políticas do Brasil estão, portanto, numa mesma canoa furada. Têm um sonho impossível: impedir que a Lava-Jato se consolide como a mais bem-sucedida operação de combate à corrupção da história do país.”.
O Brasil poderia seguir o exemplo dos países sérios, civilizados e desenvolvidos político e democraticamente, colocando imediatamente na cadeia todos os suspeitos da prática de corrupção, independentemente da sua relevância no cenário político, e, em concomitância, cuidaria de agilizar os processos pertinentes, de modo que os julgamentos dos casos suspeitos de irregulares fossem de forma sumária e sem perda de tempo, respeitados os princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório.
Todo procedimento deveria operar o mais rapidamente possível, para que a verdade possa ser mostrada, com a transparência exigida pela sociedade, com a maior celeridade e razoabilidade, de modo que ficasse devidamente provada ou não a culpabilidade dos suspeitos da prática de irregularidades e acabasse com essa pouca-vergonha de eles ficarem mentindo para a população, com ridícula insistência, de que eles são as pessoas mais honestas do mundo, certamente com a cara deslavada e protegida pela morosidade dos órgãos incumbidos das investigações e dos julgamentos dos fatos inquinados de irregulares, como que dando respaldo às afirmações mentirosas e fajutas, que seriam evitadas se houvesse agilidade nos processos pertinentes.
O Brasil precisa se conscientizar de que os procedimentos de investigação e de julgamento devem ser inseridos nos princípios da modernidade e do aperfeiçoamento próprios dos avanços e das conquistas vivenciadas no progressista século XXI, onde a humanidade do resto do mundo vive outra realidade bastante diferente do atraso, da morosidade e da perda de tempo com detalhes que somente beneficiam os criminosos e os aproveitadores da coisa pública.
A demora para resolver os casos de corrupção funciona como benefício para os políticos envolvidos em falcatruas, permitindo que eles fiquem tramando e conspirando contra as investigações e tudo o mais que possam reverter em seu indevido proveito.
Urge que os órgãos incumbidos constitucional e legalmente de promover as investigações e os julgamentos pertinentes, notadamente com relação aos casos vinculados à corrupção contra o patrimônio público, sejam devidamente instrumentalizados com os mecanismos próprios e capazes de desincumbir-se de suas missões institucionais, o mais rapidamente possível, de modo a possibilitar a colocação na prisão os envolvidos e a reparação dos danos causados ao erário, evitando-se que aproveitadores e criminosos fiquem jactando-se de ainda serem as pessoas mais puras e imaculadas do planeta, quando os fatos mostram realidade bem diferente disso. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 21 de junho de 2017

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