sexta-feira, 30 de junho de 2017

A marca da honestidade?

Na expectativa da sentença do juiz da Operação Lava-Jato, com relação ao caso do tríplex do Guarujá, o ex-presidente da República petista disse que prova a sua inocência “todo dia” e que está “esperando alguém que possa provar a minha culpabilidade. Se tiver uma decisão que não seja a minha inocência, quero dizer que não vale a pena ser honesto neste país”.
Em seguida, o político disse que “Tudo o que eu fiz foi provar minha inocência. Eu fui a uma audiência, os procuradores estavam lá, tiveram chance de me mostrar alguma prova, eles não mostraram absolutamente nada. Fui eu que tive que provar minha inocência, quando eram eles quem deveriam provar minha culpabilidade”.
De forma enfática, ele sentenciou: “Se tiver uma decisão que não seja a minha inocência, quero dizer que não vale a pena ser honesto neste país”.
O ex-presidente disse que “todo brasileiro de juízo perfeito é favorável ao combate à corrupção”, mas voltou a criticar a força-tarefa da Operação Lava-Jato, ao afirmar que “há uma subordinação das investigações e das decisões judiciais à imprensa.”.
Explicitando melhor a sua opinião sobre o poder imprensa, ele afirmou que “Quando um juiz vai julgar, ele está pensando na opinião pública, quando um promotor vai acusar, ele está pensando na opinião pública, quando um delegado vai consolidar um inquérito, ele está pensando na opinião pública, quando deveriam estar pensando na denúncia. O que você não pode é ficar subordinado a uma manchete de jornal, porque aí você não está fazendo justiça, você está fazendo pirotecnia”.
No que diz respeito à ação referente ao tríplex, que o Ministério Público Federal assegura que é do ex-presidente, fruto de propina da OAS, com vinculação a contratos firmados com a Petrobras, o petista disse que continua desafiando os procuradores a provarem que o imóvel é dele, nestes termos: “Desafio o Ministério Público a provar que o apartamento é meu. Que tenha um documento, que tenha um centavo, que tenha um real, que tenha um documento em cartório. Continuo desafiando o MP a me apresentar uma prova”.
Com relação às acusações de corrupção ocorrida na Petrobras, durante o seu governo, o político disse que ninguém sabia, tendo afirmado que “Essas denúncias todas que estão aparecendo agora nem o Ministério Público sabia, nem o procurador sabia, nem a polícia sabia, nem a imprensa sabia. Só Deus e quem praticou o crime sabiam”.
É evidente que suas pretensões políticas, únicas hipóteses de livrá-los das garras da Justiça, diante de tantas acusações sobre a prática de atos irregulares que pesam sobre seus ombros, não permitem que ele venha assumir qualquer culpa pelos fatos que estão sendo investigados pela Lava-Jato, porque isso poderia ser o começo do fim da sua já combalida carreira política.
Não obstante, induvidosamente, os fatos cuja autoria é imputada ao político são da maior gravidade e têm o peso de macular, por completo, a sua vida política, que já foi das mais esplendorosas, mas foi submergida à decadência diante das acusações sobre o seu envolvimento com a corrupção, que é considerada a maior da história republicana, cujos reflexos lhe atormentam, a ponto de ele indicar a imprensa como sendo a culpada por seu fracasso, quando ela apenas noticia os fatos e os acontecimentos, em harmonia com a sua importante missão de informar, na forma da transparência que precisa ser dada a tudo que interessa à humanidade.      
A verdade é que a paciência dos brasileiros já se exauriu, há muito tempo, à espera de definição da Justiça sobre a real participação ou não do ex-presidente nesse deprimente escândalo denominado petrolão, objeto das investigações a cargo da Operação Lava-Jato, que já mandou mais de uma centena de bandidos para a prisão, com base em levantamentos que forneceram provas e mais provas sobre o desvio de recursos dos cofres da Petrobras.
Segundo os levantamento, os recursos daquela estatal, sob o controle dos governos petistas, abasteceram os cofres de partidos políticos, inclusive o do ex-presidente, que teria se beneficiado de propina que garantiu e abasteceu a farra das campanhas eleitorais, em montanhas de recursos provenientes de contratos superfaturados celebrados por aquela empresa, que por pouco não foi à bancarrota, de tanto ser assaltada por um bando de inescrupulosos e antipatriotas políticos, executivos e empresários, sendo que alguns estão presos, outros podem ser condenados à prisão e uns continuam soltos e se vangloriando da sua honestidade, embora os fatos e os indícios teimosamente inclinam para arrolá-los como partícipes em malditos festins patrocinados com recursos públicos.
Os brasileiros anseiam ardentemente por que a Justiça mostre, em definitivo e por meio de provas cristalinas e incontestáveis, quais realmente são os ladrões que se beneficiaram da roubalheira disseminada com recursos da Petrobras, para que termine, de vez, essa tormenta de se ouvir sempre alguém proclamando sua honestidade, quando vários processos guardam fartura de fatos mostrando exatamente o contrário, tratando do exame de graves crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro, tráfico de influência, organização criminosa, obstrução de Justiça, tudo em dissonância com os ícones da honestidade, moralidade e dignidade.
Os brasileiros precisam saber, o quanto antes, como é possível especialistas, possuidores de currículos invejáveis e enriquecidos de longos experiências e conhecimentos técnico-profissionais, elencarem dados e elementos fazendo acusação contra autoridades sobre a existência de fortes indícios de irregularidades, quando se sabe do elevadíssimo grau de responsabilidade que isso pode implicar, inclusive sob pena de incorrem em crime de prevaricação caso suas acusações sejam destituídas de consistência, quanto mais por haver o envolvimento de homens públicos da maior relevância, a exemplo de ex-presidente da República. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 30 de junho de 2017

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