O
senador tucano afastado do mandato afirmou ao empresário da JBS ter pressionado
o presidente da República, junto com outros empresários, para que houvesse mudanças
na cúpula da Polícia Federal, com a finalidade, entre outras, da substituição
do diretor-geral da instituição.
A
referida conversa foi gravada pelo próprio empresário e anexada ao acordo de
delação que o grupo J&F fechou com a Procuradoria Geral da República.
O
tucano disse ao empresário que o governo deveria aproveitar a crise causada pela
Operação Carne Fraca para promover a troca naquela corporação, no que o dono da
JBS respondeu que era boa chance para trocar o citado diretor, uma vez que "Não vai ter outra. Porque nós nunca tivemos
uma chance onde a PF ficou por baixo, né?".
Em
seguida, o senador concordou, dizendo: "Aí vai ter quem vai falar, 'é por causa da Lava-Jato'. (O governo
pode responder) 'Não, é por causa da
Carne Fraca'".
Ambos
disseram a mesma expressão: "Tem que
tirar esse cara".
O
senador tucanos também contou ao empresário da JBS que outros empresários
estavam "pressionando" o presidente
do país a tomar medidas contra a Polícia Federal, tendo confirmado que havia participado
de jantar com o peemedebista, onde estiveram presentes vários empresários, que
mencionaram a situação daquela instituição.
Esses
diálogos mostram, literalmente, o ordinário nível do político de projeção
nacional que, por muito pouco, não conseguiu ascender à Presidência da
República, se passando por o bom moço, considerado o mais bem-intencionado e um
dos mais respeitados e honestos homens públicos da história republicana, quando
o seu passado mostra ser igualmente cediço aos piores costumes da raça política
tupiniquim, de inclusive ficar tramando, nos camarins, a substituição de quem
trabalha com a finalidade de moralizar a administração pública.
O caráter
do senador mineiro ficou muito bem retratado na sua conversa com o empresário
da JBS, onde foram tratadas matérias justamente versando sobre o submundo da
politicagem suburbana, envolvendo corrupção e medidas tendenciosas à
facilitação da impunidade, principalmente por meio do afastamento de quem vem,
de forma competente e eficiente, investigando os podres protagonizados pelos políticos
inescrupulosos, aproveitadores, gananciosos, mentirosos e antipatrióticos,
conforme deixam bastantes claras as conversas entabuladas no sentido de
dificultar as práticas criminosas, com o afastamento daqueles que têm
demonstrado, de forma comprovada, dedicação e amor à sua missão institucional.
A lição
deixada pelo senador tucano serve de parâmetro para se avaliar o nível da
dignidade ou da falta dela ínsito no político tupiniquim, que jura fidelidade
aos seus ideários político-partidários, mas estão tratando mesmo são de seus
interesses pessoais, à vista da conversa em apreço e de tantas outras que estão
vindo à tona, no bojo das delações premiadas dos criminosos investigados pela
Operação Lava-Jato.
Com
absoluta certeza, os fatos vindos à lume precisam ser investigados com isenção,
imparcialidade e profundidade, para que a verdade possa mostrar a exata
dimensão dos estragos causados ao país, com a possível atuação de políticos com
fama de dignos e honestos, mas, nos bastidores, eram capazes de praticar atos
indignos e afrontosos aos princípios republicano e do decoro parlamentar, em clara
dissonância com as finalidades próprias do interesse público. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 2 de junho de 2017
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