sexta-feira, 2 de junho de 2017

Atos indignos e afrontosos

O senador tucano afastado do mandato afirmou ao empresário da JBS ter pressionado o presidente da República, junto com outros empresários, para que houvesse mudanças na cúpula da Polícia Federal, com a finalidade, entre outras, da substituição do diretor-geral da instituição.
A referida conversa foi gravada pelo próprio empresário e anexada ao acordo de delação que o grupo J&F fechou com a Procuradoria Geral da República.
O tucano disse ao empresário que o governo deveria aproveitar a crise causada pela Operação Carne Fraca para promover a troca naquela corporação, no que o dono da JBS respondeu que era boa chance para trocar o citado diretor, uma vez que "Não vai ter outra. Porque nós nunca tivemos uma chance onde a PF ficou por baixo, né?".
Em seguida, o senador concordou, dizendo: "Aí vai ter quem vai falar, 'é por causa da Lava-Jato'. (O governo pode responder) 'Não, é por causa da Carne Fraca'".
Ambos disseram a mesma expressão: "Tem que tirar esse cara".
O senador tucanos também contou ao empresário da JBS que outros empresários estavam "pressionando" o presidente do país a tomar medidas contra a Polícia Federal, tendo confirmado que havia participado de jantar com o peemedebista, onde estiveram presentes vários empresários, que mencionaram a situação daquela instituição.
Esses diálogos mostram, literalmente, o ordinário nível do político de projeção nacional que, por muito pouco, não conseguiu ascender à Presidência da República, se passando por o bom moço, considerado o mais bem-intencionado e um dos mais respeitados e honestos homens públicos da história republicana, quando o seu passado mostra ser igualmente cediço aos piores costumes da raça política tupiniquim, de inclusive ficar tramando, nos camarins, a substituição de quem trabalha com a finalidade de moralizar a administração pública.
O caráter do senador mineiro ficou muito bem retratado na sua conversa com o empresário da JBS, onde foram tratadas matérias justamente versando sobre o submundo da politicagem suburbana, envolvendo corrupção e medidas tendenciosas à facilitação da impunidade, principalmente por meio do afastamento de quem vem, de forma competente e eficiente, investigando os podres protagonizados pelos políticos inescrupulosos, aproveitadores, gananciosos, mentirosos e antipatrióticos, conforme deixam bastantes claras as conversas entabuladas no sentido de dificultar as práticas criminosas, com o afastamento daqueles que têm demonstrado, de forma comprovada, dedicação e amor à sua missão institucional.
A lição deixada pelo senador tucano serve de parâmetro para se avaliar o nível da dignidade ou da falta dela ínsito no político tupiniquim, que jura fidelidade aos seus ideários político-partidários, mas estão tratando mesmo são de seus interesses pessoais, à vista da conversa em apreço e de tantas outras que estão vindo à tona, no bojo das delações premiadas dos criminosos investigados pela Operação Lava-Jato.
Com absoluta certeza, os fatos vindos à lume precisam ser investigados com isenção, imparcialidade e profundidade, para que a verdade possa mostrar a exata dimensão dos estragos causados ao país, com a possível atuação de políticos com fama de dignos e honestos, mas, nos bastidores, eram capazes de praticar atos indignos e afrontosos aos princípios republicano e do decoro parlamentar, em clara dissonância com as finalidades próprias do interesse público. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 2 de junho de 2017

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