quinta-feira, 29 de junho de 2017

Fragilidade de planejamento

O ministro da Fazenda disse que o governo não deixará de cumprir os seus objetivos, mais especificamente a sua meta fiscal, por resistência teórica ao aumento de tributos.
Em entrevista sobre as novas metas de inflação anunciadas pelo governo, o ministro foi questionado sobre a possibilidade da elevação do valor da Cide sobre combustíveis, com a finalidade de melhorar a arrecadação, tendo ele respondido que ainda não havia decisão nesse sentido.
Não obstante, ele disse que “Um princípio que tenho é anunciar imediatamente uma decisão tomada. No momento, não temos decisão. Temos, sim, discussão já manifestada que, se precisar aumentar imposto, nós vamos aumentar. Mas não foi tomada nenhuma decisão”.
Ele foi bastante claro e incisivo, ao afirmar que, em algum momento, se configurar a necessidade de aumentar impostos, isso será feito, ou seja, “Não deixaremos de cumprir os objetivos por resistência teórica ao aumento de impostos”.
Nessa linha, o ministro disse que a meta fiscal será cumprida e a discussão cinge-se quanto à maneira como ela será cumprida, i.e.: “Estamos falando sobre como atingir metas fiscais, e, não, se cumpriremos”.
Por sua vez, o presidente do Banco Central, questionado se a decisão das novas metas de inflação levava em consideração a possibilidade de alta da Cide sobre combustíveis, afirmou que a definição de metas não tem a ver com questões do dia a dia de política econômica, tendo afirmado que “Metas são para três anos à frente”.
Normalmente, os governos com um pouco de sensatez, competência e responsabilidade públicas, quando se deparam com dificuldades orçamentárias, têm a iniciativa mais coerente de cortar e reduzir despesas, principalmente se o país estiver atravessando grave crise econômica, com elevado nível de desemprego, como forma de não penalizar ainda mais os contribuintes com novo tributo, porque eles já estão sobrecarregados com extorsiva carga tributária, notadamente se ela for reconhecida como uma das mais perversas do mundo.
No caso do Brasil, a maldade e a crueldade se tornam ainda mais estridentes e inadmissíveis, em razão da péssima prestação dos serviços públicos, acentuadamente precária e deficiente, em face da inexistência de mecanismos capazes de avaliar e aquilatar a efetividade dos programas, em termos da aplicação dos recursos, que é feita, em muitos casos, de forma empírica e completamente contrária aos princípios da eficiência e da economicidade, conforme mostram os resultados sempre desanimadores.
Não há a menor dúvida de que, ao sinalizar para o possível aumento do valor de tributo, para sanear déficit nas suas contas, o governo tupiniquim expõe sua completa fragilidade quanto à iniciativa sobre medidas de racionalização e de enxugamento de despesas supérfluas e desnecessárias, ao anunciar, sem o menor escrúpulo, medidas simplistas, sem outros estudos técnicos abrangendo a questão propriamente sobre deficitária, as quais têm o condão de servir como paliativo imediatista, porque as causas do déficit orçamentário vão continuar normalmente a prejudicar o desempenho da administração orçamentário-financeira, uma vez que o aumento do valor do encargo tributário só alivia momentaneamente o rombo nas contas e a tendência natural é de que, em breve, as despesas vão aumentar novamente, exigindo mais tributo ou aumento de outros já existentes, cujos encargos certamente serão repassados para as costas dos contribuintes.
Os brasileiros precisam repudiar, com urgência e de forma veemente, essa terrível ideia de o governo acenar, de forma simplista, para o aumento de tributo exclusivamente para tapar buraco fruto da sua crônica incompetência administrativa, quanto ao precário planejamento dos planos de governo, por não conseguir vislumbrar alternativa sensata, eficiente e coerente com a realidade do país para o saneamento dos rombos nas contas públicas senão por meio de mais sacrifício imposto ao bolso dos contribuintes, já carregados de excessivos encargos. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 29 de junho de 2017

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