Segundo notícia publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, o Senado Federal ignorou,
por completo, a determinação do Supremo Tribunal Federal de afastar do mandato o
senador tucano, em razão das denúncias sobre o envolvimento dele no recebimento
de propina do JBS, no valor de R$ 2 milhões, conforme delações dos donos dessa
empresa.
De acordo com aquele jornal, o nome do senador
tucano continua normalmente no painel de votação daquela Casa, bem assim as
funções regulares do gabinete dele, com o mesmo quadro de assessores, dando a
entender que, se ele quisesse votar nas sessões, não haveria impedimento algum,
ou seja, a liberação é geral, como se nada tivesse acontecido de anormal.
A decisão monocrática adotada pelo ministro-relator
do Supremo determina que o senador tucano fosse afastado "do exercício das funções parlamentares ou de
qualquer outra função pública".
O presidente do Senado não quis se manifestar sobre
a normal permanência naquela Casa do nome do senador do PSDB, como se ele estivesse
em plena atividade, havendo dúvida se ele irá receber a remuneração mensal e demais
benesses inerentes ao cargo, após a determinação expressa do Supremo sobre o
afastamento dele, a partir de 18 de maio para cá, quando foi publicada a ordem pertinente.
Não
tem o menor cabimento que o Senado Federal se faça de mouco diante da sempre
respeitável decisão da Excelsa Corte de Justiça, que determinou o afastamento
do parlamentar e isso significa simplesmente a perda temporária do mandato,
inclusive dos direitos, regalias, mordomias, obrigações etc. inerentes às
funções do cargo de senador.
Possivelmente
nem nas republiquetas uma decisão da suprema corte seja desrespeitada com
tamanho descaramento e desprezo, em clara demonstração de desacatamento
possivelmente na certeza de não haver a devida reação à altura do atrevimento,
que jamais aconteceria em um país sério, civilizado e evoluído
democraticamente.
É
evidente que, caso o Supremo tivesse realmente autonomia e decidisse pelo
efetivo cumprimento da sua decisão, simplesmente determinaria agora ao
presidente do Senado que observasse fielmente os termos do ato de afastamento
do senador tucano, sob pena de, no prazo estipulado, ser obrigado a adotar as
medidas da sua alçada, inclusive pela prisão dele, em vista do cristalino desacato
à autoridade emanada em decisum da Corte Máxima de Justiça, que não pode ser
seguidamente afrontada pelo Senado, levando-se em conta o affaire envolvendo o
senador alagoano.
A
demonstração de descumprimento da decisão em apreço mostra que o Supremo perde
credibilidade junto à opinião público, porque isso pode evidenciar que a
validade de suas decisões somente atinge aqueles que estão sob determinados
parâmetros de jurisdição, deixando muito clara e notória a perda de autonomia e
de autoridade do órgão que tem independência constitucional quanto às decisões
adotadas, caso contrário não as tomaria, para não serem descumpridas impune e
grosseiramente, como nesse lamentável caso envolvendo um senador da República.
O
descumprimento da decisão em referência constitui precedente perigoso e
bastante prejudicial à autonomia e independência do Supremo, por demonstrar
fraqueza e falta de zelo no cumprimento de sua missão constitucional, ante o
seu silencia sobre a matéria.
Os
brasileiros, no âmbito do seu sentimento de civilismo e brasilidade, precisam
repudiar a falta de imediato cumprimento às respeitáveis decisões do Supremo
Tribunal Federal, no âmbito da sua competência constitucional, exigindo que os
órgãos da República as cumpram imediatamente, sob pena de se transformar a
Corte Suprema de Justiça do país em um órgão desmoralizado e despersonalizado
da autoridade institucional, pela fragilidade para impor o devido e imediato
cumprimento de suas deliberações. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 12 de junho de 2017
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