Depois
do horroroso julgamento do Tribunal Superior Eleitoral, o Palácio do Planalto encara
nova estratégia para trabalhar com o efeito da absolvição da chapa vitoriosa da
última campanha presidencial, qual seja, o contra-ataque.
A
ideia agora é descontruir o procurador-geral da República e o ministro do Supremo
Tribunal Federal, relator da Operação Lava-Jato na Corte, para tentar evitar o
avanço de possível denúncia contra o presidente da República e, para tanto, o
governo espera contar com o poderoso socorro vindo do Congresso Nacional.
A
anunciada e temerosa acusação do Ministério Público poderá ser barrada com o
apoio de, pelo menos, 172 votos na Câmara dos Deputados, que poderá ser facilmente
conseguido, segundo um ministro próximo do presidente, que garantiu que a
maioria dos deputados tem receio dos trabalhos da Operação Lava-Jato e tudo
indica que a acusação será rechaçada.
Ou
seja, a acusação não deve prosperar, embora o presidente esteja sendo investigado
pelos crimes de corrupção passive, obstrução de Justiça e participação em
organização criminosa, fatos da maior gravidade para quem exerce o principal
cargo do país.
Por
enquanto, além do PMDB, seu partido, o presidente conta com a apoio do PSDB e
de partidos de médio porte, como o PP, PR, PTB, PRB e PSC, que constituem o Centrão,
que enxergam na crise política oportunidade para se mostrarem solidários ao peemedebista.
Os
deputados se encarregam de barrar o avanço da Lava-Jato, inclusive em blindagem
do presidente, na tentativa de desconstruir as instituições incumbidas de
combater a corrupção e a impunidade, tudo sendo construído em prol dos próprios
interesses, uma vez que eles estão igualmente implicados nos mesmos problemas,
envolvidos em casos de corrupção, a denotar que insensatos criminosos de
colarinho branco, encastelados nos Poderes Executivo e Legislativo, tramam conta
do Brasil.
Isso
somente demonstra que os representantes do povo conspiram contra os interesses
nacionais, em clara demonstração de que eles são remunerados para trabalhar
contra a vontade do povo, no que respeito à ansiada limpeza da sujeira grossa
que infecta a administração do país, a ensejar a existência de evidente falta
de compromisso com os interesses nacionais, diante das provas concretas de que
eles estão na contramão da moralidade e da dignidade, por defenderem interesses
pessoais, em detrimento das causas dos brasileiros.
Nesse
episódio também fica evidenciada a inversão de valores, conquanto os criminosos
pretendem enquadrar seus investigadores e julgadores, em clara demonstração de
estelionato eleitoral, quando nas campanhas eleitorais todos juravam combater e
eliminar a corrupção e a criminalidade contra o patrimônio público.
Isso
apenas mostra o quanto é frágil o sistema político-eleitoral, considerando que
as promessas políticas são descumpridas e os eleitos ainda tramam pela
manutenção dos criminosos no exercício de seus cargos, não permitindo sequer
que eles sejam investigados e, se for o caso, julgados pelos crimes que tenham
praticado, ou seja, os eleitores dão poderes aos seus delegados, eleitos nas
urnas, para blindar aqueles que praticaram atos irregulares, podendo continuar nos
cargos, mesmo que tenham sido acusados da falta de probidade.
A sanha antibrasilidade, pró-impunidade e pró-corrupção se
espraia e ganha corpo nos três Poderes da República, a exemplo dos casos
supracitados e do péssimo exemplo dos quatro ministros da Justiça Eleitoral,
que se prostituíram em fechar os olhos para as graves irregularidades
materializadas na chapa vitoriosa da última campanha presidencial, mostrando a
insensibilidade desses magistrados para atos comprovadamente contrários à
legalidade e à dignidade, absolutamente incompatíveis com as atividades
primaciais da administração pública.
Doravante, pode se esperar de tudo na seara
política, à vista do deplorável e inadmissível resultado do julgamento pelo
Tribunal Superior Eleitoral da ação impetrada pelo PSDB contra a última chapa
presidencial PT/PMDB, que foi considerada improcedente pela maioria de míopes e
indiferentes ministros, em que pese a constatação do gritante e ensurdecedor
abuso do poder econômico, alimentado pela enxurrada de dinheiro sujo irrigado
sob a forma de financiamento por meio do caixa 2, principalmente com a
benevolência da Odebrecht, que se beneficiava, na outra ponta, com a celebração
de contratos superfaturados, junto à Petrobras, administrada pelo governo
vitorioso da chapa questionada.
A reação de desprezo à Justiça Eleitoral é
proporcional ao golpe que ela aplicou, de forma mesquinha e irresponsável,
contra a sua própria institucionalização, que tem a função, entre outras, de
coibir o abuso do poder político e econômico nas campanhas eleitorais, mas ela
preferiu, de forma vergonhosa e deprimente, fechar os olhos para tamanha
desmoralização dos princípios democrático e republicano.
Essa desmoralização tem apenas um nome, que é
aproveitamento da degeneração dos princípios ético e moral dos homens públicos,
incluído aí os magistrados, que não conseguiram enxergar a montanha de
irregularidades consistentes no abuso do poder político e econômico na última
campanha presidencial.
É de sabença de todos que uma de suas principais atribuições
da Justiça Eleitoral, à luz da sua incumbência primordial, é exatamente coibir
a incidência do referido abuso nas campanhas eleitorais, mas essa norma
fundamental foi jogada no lixo e no ralo da insensatez, de forma vergonhosa e deliberada,
junto com o respeito que deveria ter, por sua relevância para o país, como principal
instituição da Justiça Eleitoral, que foi desmoralizada por dois pares de
magistrados, que não tiveram a menor sensibilidade para compreender que o
momento político exige o resgate da dignidade nas práticas políticas, sob a
tutela do órgão que perdeu completamente o seu status de seriedade e de dignidade perante os brasileiros.
Diante
dos fatos assombrosos e ultrajantes, que vêm acontecendo, de forma escancarada,
nos três Poderes da República, convém que os brasileiros se conscientizem sobre
a imperiosa e urgente mobilização nacional, com vistas a se incutir nas suas mentalidades
sobre a necessidade de completa reformulação da maneira de se escolher seus representantes,
apenas pelo seu grau de compromisso com a defesa do interesse público, a par de
se exigir completa mudança na indicação de nomes para os Tribunais Superiores,
apenas pelo sistema do mérito. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 16 de junho de 2017
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