Comenta-se
que o Conselho de Ética do Senado Federal deve decidir pela manutenção no cargo
do senador tucano, que se encontra afastado do mandato, conforme resultado de
levantamento feito pelo jornal O Estado
de S.Paulo, dando conta de que os partidos PMDB, PT, PP, PSDB e DEM, com
nove dos 15 integrantes do órgão, estão decididos em votar contra o pedido de
cassação, sob a justificativa de se evitar a abertura de grave precedente.
O
senador tucano é alvo de representações por quebra de decoro parlamentar
apresentadas pelo PSOL e pela Rede, desde quando houve a divulgação de delação
do empresário da JBS, há duas semanas, revelando o pagamento de propina ao
parlamentar, no valor de R$ 2 milhões.
Os
pedidos de que se tratam ainda não foram analisados até agora porque a
instalação do Conselho de Ética tem sido adiada desde o início do ano, por
falta da indicação de seus integrantes.
As
representações em referência têm por base a abertura de inquérito contra o
senador mineiro, no Supremo Tribunal Federal, em razão da suspeita de
recebimento da citada propina e obstrução de Justiça.
A
consulta realizada aos senadores da Comissão de Ética aconteceu antes de a Procuradoria
Geral da República ter apresentado ao Supremo denúncia contra o senador, mas,
nos bastidores, os parlamentares dizem que somente a prisão dele poderia
justificar eventual cassação.
Já
houve, no início do exame do episódio pelo Ministério Público Federal, pedido
de prisão do senador afastado, que não foi acolhido pelo ministro-relator do Supremo,
por ter preferido apenas determinar o afastamento dele do cargo de parlamentar.
Com
o desmembramento do processo no Supremo, foi feito novo recurso pela Procuradoria
Geral da República, com reforço do pedido de prisão do tucano, que agora deverá
ser examinado por outro ministro, por força da redistribuição do processo para novo
ministro-relator da Corte, que não tem prazo para analisá-lo.
Na
verdade, o aludido conselho já teve a sua composição eivada de suspeição e de
indicativo de falta de ética, por contar com integrantes que estão sendo
investigados pela Operação Lava-Jato, como é o caso do líder do governo no
Senado, que já responde a, pelo menos, oito casos de investigação, fato que tende
a demonstrar completo desinteresse em julgar seus pares, conquanto o
envolvimento de alguns senadores em falcatruas os impede de julgar com
imparcialidade e isenção, tendo em vista que a sua participação no conselho
funciona como antecipação da sua blindagem.
Trata-se
de situação absolutamente inadmissível, na atualidade, em vista de que tal
procedimento contraria os perseguidos princípios da ética, da moralidade, do
decoro parlamentar, da decência, da dignidade, entre outros que devem ser
rigorosamente observados pelos representantes do povo, que, ao contrário, não
se envergonham de defender o corporativismo, de forma explícita, quando a
conduta ilibada ínsita do exercício do cargo abomina radicalmente procedimentos
abonadores de desvio de conduta funcional, caso se confirme a notícia em
comento.
No caso
da indiscutível quebra do decoro parlamentar pelo senador tucano, que foi
apanhado com a mão na boca da botija, no dizer mais elegante de ter se
prostituído com milhões de propina, é por demais espantoso que o Parlamento nem
o seu partido não tenham tido a dignidade de promover nenhuma medida de cunho
punitivo, não tendo sequer esboçado vergonha por ter nos seus quadro figura que
manchou, com atos da mais baixa representatividade a honra de instituições que,
diante de suas relevâncias para o país, jamais poderiam ter sido tão
deslustradas com comportamento de extrema vileza, cuja indignidade se
materializa com maior agressividade aos princípios republicanos, em especial
pelo fato de ele tentar mentir com argumento fajuto de se tratar de empréstimo,
quando a forma grosseira da negociata não passar de notória degenerativa
corrupção.
Com o sentimento de sublime repúdio, os brasileiros
exigem que os integrantes da Comissão de Ética do Senado Federal tenham a
sensatez e a sensibilidade de examinar os casos submetidos ao crivo da sua
alçada com as necessárias responsabilidade e dignidade ínsitas dos verdadeiros
homens públicos, sob pena de serem execrados, nas urnas, em face de terem
deixado de honrar a representatividade delegada pelo povo. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 6 de junho de 2017
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