domingo, 4 de junho de 2017

À espera da Justiça

Dias atrás, o maior político brasileiro disse que, há três anos, ouve acusações sem o direito de se defender, dando a entender que suas dezenas de advogados estão sendo impedidos de atuar dos processos onde ele é acusado da possível prática de atos irregulares.
Ele disse que “Eu acho que está chegando a hora de parar com o falatório e mostrar prova. Eu acho que está chegando a hora em que a prova tem de aparecer em cima do papel”.
O político repete, de forma enfática, a surrada estratégia diante dos casos em que é réu, de somente e sempre negar e jamais se explicar, com provas jurídicas válidas, e ainda se faz de rogado, ao exclamar: “Eu quero que eles mostrem R$ 1 numa conta minha fora desse país ou indevida. Não precisa falar que me deu 100 milhão, 500 milhão, 800 milhão... Prove um. Não estou pedindo dois. Um desvio de conduta quando eu era presidente ou depois da Presidência (sic)”.
O político mais honesto do planeta, como ele, de forma reiterada, já se definiu, não é tão sincero quando deixa de reconhecer que há, sim, provas abundantes e substanciais contra ele, com base nos levantamentos e nas investigações promovidas pela Polícia Federal, pelo Ministério Público Federal, pela Secretaria da Receita Federal, pelo Tribunal de Contas da União, além das informações fornecidas por instituições suíças e americanas, cujo conjunto dos achados evidencia a prática de crimes graves contra a moralidade pública.
Bem anterior às delações dos executivos da Odebrecht, o político já era réu em cinco processos, sendo que, em um deles, os procuradores da força-tarefa da Lava-Jato, após acuradas investigações, acusaram-no de ser o “comandante máximo” da propinocracia, que tinha por finalidade o desvio de recursos de cofres públicos, em bilhões de reais, prejudicando a situação financeira de estatais, em especial a Petrobras.
Fica muito claro que a estratégia do político é transformar processos jurídicos em palco para campanhas políticas, além de tentar eleger procuradores, policiais e juízes em agentes políticos que trabalham no sentido de contrariar os projetos políticos do maior líder popular do país.
O político simplesmente ignora a existência de provas, dos fatos ou das questões jurídicas relacionados com os crimes cuja autoria lhe é atribuída, preferindo converter qualquer discussão em palco para ato político, como artifício preferido para sufocar as denúncias e se manter vivo na mídia.
          Segundo a revista ÉPOCA, existem, por baixo, 3 mil evidências contra o político, que foram robustecidas com as delações dos executivos da Odebrecht, as quais foram analisadas por aquela revista, que concluiu que a vasta maioria corrobora ou comprova os crimes imputados ao petista pelos procuradores, representados por extratos bancários, documentos fiscais, comprovantes de pagamento no Brasil e no exterior, contratos fajutos, notas fiscais frias, e-mails, trocas de mensagens, planilhas, vídeos, fotos, registros de encontros clandestinos, depoimentos incriminadores da maioria dos empresários que pagavam ao político.
As investigações estão em pleno prosseguimento e em diversas direções, sob a expectativa das delações de fontes importantes, como a do ex-ministro da Fazendo petista, do ex-presidente da AOS e do ex-diretor de Serviços da Petrobras, pessoas muito próximas do político, sendo que este último já afirmou que o político demonstrava conhecer profundamente os esquemas do petrolão.
Outras situações delicadas ainda podem complicar a vida do político, quando vierem à tona as colaborações decisivas em estágio inicial de negociação envolvendo os crimes perpetrados no BNDES, na Sete Brasil e nos fundos de pensão, quando certamente irá faltar espaço para acumular montanhas de provas contra o homem que se diz o mais honesto da face da Terra.
Na verdade, embora o político tente, por todos os meios, negar a catastrófica realidade, quanto à existência de indiscutível conjunto probatório de provas, bastante formidável, em nível impressionante e irrefutável, que o político tenta amenizar o seu impacto político por meio da insistente negação de que tudo não passa de mentiras e de perseguição ao mais importante político brasileiro da atualidade.
Não obstante, a fase atual comporta a devida observância aos princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório, por meio da qual o denunciante pode contestar os fatos investigados e levantados, evidentemente por meio de provas juridicamente válidas e convencer os juízes a afastar a culpabilidade dele quanto aos atos cuja autoria lhe é atribuída, de modo que o desfecho das ações somente será conhecido depois do veredicto do Poder Judiciário, conquanto ainda restam muitas dúvidas e incertezas, ao meio dos fatos que engrossam os processos em tramitação nas jurisdições competentes.
A verdade é que muito tem se falado contra a vida pública do maior político brasileiro, mas realmente ainda não foram mostradas provas concretas, como documento o envolvendo diretamente, de forma indiscutível e cabal em atos ilegítimos, em que pesem os casos das reformas dos imóveis dos amigos evidenciarem provas escandalosas, pelo fato de haver testemunhas e depoimentos declarando peremptoriamente que os beneficiamentos dos imóveis foram implementados para satisfazer pedidos do político e da sua família, em troca de favores, pelo menos é o que dizem os relatos de testemunhas.
É evidente que as empreiteiras não fariam algo tão caprichado e impoluto como aquelas belezuras se os imóveis não fossem dele e isso fica muito claro pelas informações prestadas pelas pessoas ouvidas.
É de toda prudência se ressaltar que, mesmo diante de tantos polêmicas e questionamentos, em nenhum lugar do mundo, nem mesmo nas republiquetas, a Justiça se dignaria a aceitar denúncias, como as acontecidas em cinco processos, se não estivessem presentes nos autos a firme e sólida materialização das provas suficientes como, pelo menos, indícios para aceitá-las, sob pena de haver a possibilidade de o juízo incorrer no crime de prevaricação e ter que responder como réu, fatos que contribuem para se acreditar na possível  culpabilidade do político, que insiste em dizer que tem o corpo e a alma mais puros da face do planeta, por não ter cometido uma única falha na sua vida pública.
Os brasileiros, na ânsia de moralização da administração do país, esperam e confiam que a Justiça, no seu elevado descortino, possa desvendar, nos seus julgados, os fatos que insistem em enevoar os ares da dignidade e da honestidade, que precisam, de forma urgente, prevalecer sobre os sentimentos e as atitudes dos homens públicos, em demonstração de acatamento aos salutares princípios de conduta ilibada e idoneidade que devem permear as atividades públicas. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 4 de junho de 2017

Nenhum comentário:

Postar um comentário