domingo, 18 de junho de 2017

Vergonhosa ausência



Como não é novidade, a Procuradoria Geral da República apresentará, em breve, denúncia criminal contra o presidente da República, em razão de possíveis crimes cuja autoria é atribuída a ele.
Segundo informações do jornal Folha de S. Paulo, os Deputados Federais governistas estariam planejando faltar à sessão dessa Casa, quando da análise da referida denúncia, na tentativa de mantê-lo no cargo.
A denúncia em tela cinze-se aos fatos constantes das delações premiadas formuladas por empresários do grupo JBS, amplamente difundidos na mídia.
O presidente do país se salva da degola ou das consequências da denúncia em tela, caso conte com os votos de 172 aliados, com o que o processo deixe de ter tramitação no Supremo Tribunal Federal.
Conforme a norma prevista na Constituição, o mandatário brasileiro será afastado do cargo com os votos de, pelo menos, 342 dos 513 deputados favoráveis à denúncia.
O rito da votação se processa por meio de chamada de cada deputado, que declara seu voto ao microfone. A praxe mostra que pode haver segunda chamada para os ausentes na primeira chamada, mas o procedimento não é obrigatório.
O jornal ressaltou que a exposição do parlamentar, diante do microfone para, se for o caso, defender o governo, resultará enorme desgaste da sua imagem perante a opinião pública, fato que poderá levar ao afastamento dos aliados do peemedebista da votação, em número estimado de mais de 250 deputados dispostos a barrar a denúncia.
A assertiva acima pode até ser verdadeira, mas com maior certeza ficará ainda vergonhoso para os deputados que deixarem de cumprir a sua missão constitucional de votar, porque a sua ausência significa indiscutível apoio à validade e continuidade da impunidade, servindo ainda de forte estímulo aos indecentes atos de corrupção, e, do mesmo modo, a imagem do parlamentar ficará muito mais desgastada, diante do significado ruim de se barrar o processo de investigação contra o presidente, na Excelsa Corte do país.   
É muito importante que os eleitores dignos se conscientizem sobre a imperiosa necessidade de se afastar, em definitivo da vida pública, os políticos irresponsáveis que deixarem de comparecer ao plenário da Câmara dos Deputados, por ocasião de importante votação, em cumprimento ao seu dever patriótico de votar, quer favorável ou não, com relação à matéria em discussão.
No caso em comento, fica visivelmente explícito que a ausência à votação objetiva dar apoio à manutenção de governo carregado de suspeitas da prática de atos contrários ao interesse público, com o envolvimento de seu nome como sendo líder de quadrilha suspeita da prática de graves crimes contra a dignidade na administração pública.
Certamente que os deputados não foram eleitos para se omitir, mas sim para representar os brasileiros, que são, à toda evidência, favoráveis ao afastamento do presidente do Palácio da Alvorada, à vista dos altos índices de rejeição e de impopularidade, exatamente pelo conjunto negativo da sua vida pregressa, carregada de acusações de envolvimento em casos nada republicanos, absolutamente incompatíveis com a liturgia do relevante e principal cargo da República.
Os deputados não têm direito de atuar contra a vontade daqueles que são os responsáveis por suas escolhas para o exercício de importantes cargos no Poder Legislativo, que também não pode permitir que as eventuais bandalheiras protagonizadas pelo mandatário da nação continuem impunes e ainda respaldadas e estimuladas pela irresponsabilidade, repita-se, daqueles que têm o dever constitucional de controlar e fiscalizar a boa e regular atuação do governo, à vista da imperiosa necessidade da fiel observância aos princípios da administração pública, que certamente foram afrontados pela prática dos possíveis atos acusados pelo empresário do grupo JBS, que são gravíssimos e dissonantes com a dignidade do cargo máximo do país. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 18 de junho de 2017

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