sábado, 28 de dezembro de 2019

É preciso aceitar a realidade


Em comentário que fiz diante de crítica na crônica intitulada “Declaração de amor a Uiraúna”, eu disse que é perceptível a dificuldade de se transmitir para as pessoas que as minhas ideias e opiniões não têm nada a ver com pessoas, mas sim com os fatos em si, e até gostaria de dizer que, se o prefeito acusado do que foi tivesse sido o José Padeiro, o Joaquim Manoel, sem qualquer relevância, eu teria dito exatamente o que disse, em coerência com a minha linha de pensamento manifestada de longa data, nos meus livros, sempre condenando, com veemência, os atos irregulares sejam de onde surgirem e os meus seguidores sabem muito disso, mostrando que a minha história de escriba se confunde com a intransigente defesa da moralidade na administração do Brasil.
Diante dessas colocações, o sempre atento conterrâneo Ditinho Minervino escrever mensagem afirmando a seguinte: “Adalmir, gostei das duas respostas, e um ponto me chamou atenção foi quando você falou que poderia ser o José Padeiro ou Joaquim Manoel, pois tenho lido suas crônicas e até já comentei que não vejo partidarismo. Você sempre fala o que tem que falar seja sobre quem quer que seja. PARABÉNS.”.
Em resposta à agradável mensagem, eu disse ao ilustrado amigo Ditinho Minervino que fiquei muito agradecido e sensibilizado com o importante apoio dele, vindo em meu socorro.
Não basta eu dizer que tenho a imparcialidade e a verdade como as marcas fortes no conteúdo dos meus comentários, porque procuro escrever o que sinto e enxergo nos fatos, analisando precisamente o que eles evidenciam, sem necessidade de agradar ou contrariar interesse de quem quer que seja, porque isso não faz parte da minha cartilha como cidadão que ama o que faz, sem vislumbrar nada em meu benefício.
Eu lamento profundamente escrever sobre esse terrível episódio que maculou terrivelmente a rica história da amada Uiraúna e confesso que fiquei completamente desestruturado, porque partiu justamente de onde jamais se poderia imaginar, por um de seus protagonizadores pertencer à brilhante e honrada família, de pessoas do mais puro sangue, em se tratando de moralidade ao extremo, mas nem por isso eu poderia deixar de me manifestar, porque quem está em jogo, no redemoinho da patifaria, é apenas um integrante dessa mais nobre família, que precisa ficar preservada por seus valores consagrados ao longo da história uiraunense.
Neste deplorável acontecimento, não foi a primeira vez que escrevi acerca de corrupção na gestão pública, porque eu havia acabado de analisar os fatos igualmente lamentáveis de que trata a Operação Calvário, envolvendo, entre outros políticos, o ex-governador da Paraíba, onde discorri igualmente em harmonia com o meu já consagrado pensamento de repúdio à falta de dignidade na administração do Brasil e exigindo a sua moralização.
Peço a Deus que fortaleça as mentes dos homens públicos brasileiros, para que eles nunca caiam na medíocre tentação pelo dinheiro fácil e também ninguém precise escrever nada pertinentes a eles, haja vista que eu, na velhice, só tenho o ofício de escrever justamente sobre os fatos da vida, o que acontece no dia a dia e não posso deixar de falar dos principais assuntos do momento, que gostaria que eles fossem somente versando sobre coisas saudáveis e alegres para os brasileiros.
Também vou pedir a Papai do céu que as pessoas sejam justas na avaliação dos fatos, condenando quando tiver que punir e perdoando quando for o caso, tendo por base os fatos como eles tenham acontecido, sem essa de misericórdia divina para caso que precisa situar no âmbito terrestre, porque, para isso, é preciso que somente se possa aplicar o perdão quando se tratar de pecado venial, em caso em que o agressor aos bons costumes tenha agido involuntariamente e ainda quando ficar demonstrado que ele não poderia evitar seu erro.
Essa tentativa da busca do perdão para quem se envolveu, de forma  consciente, em terríveis casos irregulares, tendo plena convicção de que procedia em terra minada, correndo risco e perigo de revelação, mas mesmo assim agia tranquilamente, não tem o menor cabimento em se falar em misericórdia, quando houve a subtração de dinheiro público.
A maneira que se cogita para a aplicação do sistema da misericórdia, em se tratando de administrador primário, que tenha prestado relevantes serviços à comunidade, teria desgraçado efeito deletério, porque todos os péssimos agentes públicos que caísse em tentação desviando dinheiro, bastava se invocar o princípio da misericórdia e seria automaticamente perdoado de seus pecados cabeludo.      Induvidosamente, fica muito feio para quem insiste em minimizar os estragos, criando estrambótica figura da compreensão humana, diante da grandeza dos trabalhos prestados pelo acusado, em forma de complacência, sob a alegação de que errar é humano.
Sim errar é próprio do homem, mais tudo tem limite, como nesse caso do desvio de dinheiro de obra importante, onde os envolvidos participavam conscientemente de percentual do contrato pertinente, sabendo da situação irregular de dinheiro para outros caminhos, em cristalina evidência de que isso é caso a ser tratado no âmbito do interesse público, longe dos domínios divinos, não tendo o menor cabimento que as pessoas fiquem se solidarizando com eles e se esforçando em defendê-los, quando o mais correto, com vistas aos princípios ético e moral, seriam recriminação por tudo que há de errado.
A propósito, é perceptível o nível de muitas pessoas com relação ao sentimento de moralidade da coisa pública, porque, para elas, pouco tem importância o respeito ao princípio ético, diante de cena risível protagonizada por pessoa defensora declarada de um dos autores desse triste episódio, quando, certamente apenas vendo o lado dele, assim se expressou, com relação a quem defende a dignidade na gestão pública e também na vida como cidadão, verbis: “Oh , homem ,do meu nojo , vai procurar o que fazer.”.
À toda evidência, todos nós, na qualidade de ser humano, não podemos deixar de prestar solidariedade a quem se envolveu em situação nebulosa, porque é visível que, diante de tanta opulência como homem público, não é fácil, de hora para outra, a pessoa ser enquadrada como integrante de organização criminosa, tendo a sua vida complicada e jogada dentro de tenebroso labirinto.
Enfim, que culpa tem nesse imbróglio pessoa que condena procedimento contrário à boa conduta, aos bons costumes, enfim, à integridade moral?
Causa estranheza maior o fato de se demonstrar ter nojo por quem condena a agressão aos bons princípios, ou seja, por quem defende a moralidade do Brasil, mas essas pessoas, que talvez se considerem certinhas, puras e donas da razão, não condenam o ato nefasto de desvio de dinheiro, dando a entender, com muita clareza, sob seu senso crítico, que o errado é aquele que recrimina e não o que ofende as boas práticas na gestão pública, que sequer pode ser criticado pelo que fez de traquinagem.
Esse episódio somente demonstra o quanto muitas pessoas insensatas ainda vivem no seu mundinho próprio, onde o que tem importância precisa se ambientar no recinto das suas conveniências, dos seus interesses, sem a menor preocupação com o interesse público, embora elas também sejam obrigadas ao pagamento de pesados tributos que dizem em muito com a necessidade da moralidade para a aplicação dos recursos pertinentes, em seus benefícios, como cidadãos que também deveriam exigir rigor na regular e boa destinação do dinheiro público.    
É preciso que as pessoas entendam que o Brasil precisa mudar e não se muda nada se houver a continuidade do pensamento pelo coração, como nesse caso, onde pessoas estão com o foco na defesa de quem nem se preocupou que ele poderia se tornar objeto de encrenca com a polícia.
Na realidade, é preciso que se aja muito mais pela razão, procurando aceitar a realidade dos fatos, como eles são realmente, com implicação séria com a moralidade pública, porque o sofrimento é bem maior para as pessoas que não querem interpretá-los na forma como é devida.
A verdade é que, por ser preciso que se diga, se esse caso de Uiraúna tivesse acontecido, ao contrário, somente envolvendo pessoas da oposição, os atuais intransigentes defensores do prefeito certamente estariam se esgoelando, pedindo justiça e pretendendo esfolar seus adversários políticos, o que mostra que os fatos devem ser tratados e avaliados com mais consciência e com o sentimento de justiça.
Por seu turno, convém a ponderação no sentido de que, não fosse o ato injustificado da principal autoridade de Uiraúna, nada disso estaria acontecendo, mas, já que aconteceu, resta aceitar a realidade, que é duríssima até demais e não adianta tentar pôr panos quentes, porque não resolve absolutamente nada, diante da dolorosa e implacável situação.
Agradeço ao amigo Ditinho Minervino, por sua prestimosa colaboração ao meu trabalho literário, ao servir de importante testemunha.
Brasil: apenas o ame!
Brasília, em 28 de dezembro de 2019

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