segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

Em quem confiar?


Vem circulando, nas redes sociais, mensagem exatamente nestes termos: “EM QUEM VOCÊ MAIS CONFIA? Segundo a mais recente pesquisa Datafolha, 25% da população confia no ex-presidente Lula, enquanto 19% têm o mesmo sentimento em relação ao atual presidente Jair Bolsonaro. Você concorda com a pesquisa?”.
É mais do que evidente que se trata de notícia extremamente tendenciosa, à vista de que não se trata de “25% da população”, mas, sim, a bem da verdade, de tão somente de 25% de 2.948 pessoas abrangidas pela pesquisa, no total de 737 consultados que confiam no ex-presidente.
Em termos de sinceridade, na forma como consta da mensagem em comento, seria preciso que fossem consultados os mais de duzentos milhões de brasileiros, o que não é verdade, diante da impossibilidade de procedimento nesse sentido.
É preciso que os autores e compartilhadores de mensagens tendo por objetivo enaltecer qualidades de seus ídolos, cujo procedimento que faz parte do processo político-democrático, tenham sensibilidade para mostrar os fatos com fidelidade, porque, ao contrário, como no caso em que à coitada e ingênua população brasileira termina sendo atribuída fato absolutamente inexistente, por ele não corresponder à realidade.
Não se sabe por qual motivo alguém aceita seguir conduta contrária à realidade dos fatos, em que pese ficar muito claro que se trata de algo estranho, porque parece que a finalidade da notícia é mostrar situação absolutamente inexiste, talvez na tentativa de transmitir sentimento forjado para beneficiar a imagem de alguém que não pode ser considerado senão à luz da visão da Justiça, de condenado por crimes contra a sociedade.
Sob esse prisma, é assim também que o político condenado representa para as pessoas de bem, honradas, que preferem enxergá-lo apenas tal qual como declarado pela Justiça brasileira, em dois processos, como sendo pessoa fora da lei, sem as mínimas condições de sequer praticar atividades políticas, porque a sentença condenatória fala em graves crimes contra a administração pública e, nessas condições, nenhum homem público, pelo menos no resto do mundo civilizado, consegue angariar a confiança nem mesmo de parcela ínfima de 25% de 2.948, o equivalente a 737 pessoas, quanto mais entre a população de mais de 210 milhões de pessoas.
A notícia em si apenas transmite, sem qualquer constrangimento nem pudor, o nível, em termos de moralidade, de pessoas que primam, em forma da demonstração de pensamento, pelo total desprezo aos princípios e às condutas salutares da decência na vida pública, que são diferentes e rigorosamente respeitadas nas nações civilizadas e sérias, em termos dos conceitos de correção e zelo inerentes à coisa pública.
Nesse ponto, ganha destaque a grandeza moral da sociedade, que precisa da permanente e intransigente preservação da sua integridade, ante a inconformidade daqueles princípios com homens públicos sob suspeitas de agredirem os comezinhos princípios dos bons costumes e do regramento jurídico da nação, que precisam se manter em estrita submissão às regras da pureza e da imaculabilidade, no que tange às suas atividades na vida pública.
Enquanto esse estado de clareamento estiver enlameado com as avalanches de denúncias distantes dos devidos esclarecimentos e das razoáveis justificativas perante a Justiça e a sociedade, não há o menor cabimento que essas incursões descabidas da transformação de suspeitos em pessoa confiável, mesmo com conceito mínimo de credibilidade, porque uma nação, com o menor grau de seriedade, não pode aceitar que seus representantes políticos sejam a imagem do povo, mesmo que minimamente, ante a certeza de que isso só demonstra a desgraça moral da sociedade, que jamais deveria abrir mão da sua dignidade, do seu caráter de retidão ética, por se permitir, ao contrário, à defesa permanente, desarrazoada e injustificável de pessoa fora da lei, enquanto ele não resolver, na forma do regramento jurídico, seus graves problemas, em termos de pureza ética, perante os controle e as fiscalizações pertinentes.
Percebe-se, com clareza assustadora, a gigantesca dificuldade demonstrada por parte de brasileiros, conforme mostram os fatos, sobre a compreensão do que seja o verdadeiro sentido da dicotomia entre certo e errado, verdadeiro e falso, regular e irregular, moral e imoral etc., quando entra em jogo a questão ideológica, diante do que fica muito visível que o aspecto conveniência se coloca em posição de total primazia, não importando circunstâncias nem fatos comprometedores, porque nada disso tem o condão de interferir nesse processo onde deve prevalecer somente o resultado favorável à causa em cogitação.
Brasil: apenas o ame!         
Brasília, em 16 de dezembro de 2019

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