quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

Sem pé nem cabeça


O ex-presidente da República petista, duplamente condenado à prisão pela Justiça, pela prática dos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, anunciou que vai voltar às ruas do país, em janeiro do próximo ano, para se opor ao atual governo e provar a sua inocência.   
Em cerimônia do relançamento do seu livro "A Verdade Vencerá", o político ressaltou que "Eles têm que saber que a partir de janeiro o Lula estará nas ruas outra vez".
O petista, que foi solto da prisão, em novembro último, após 580 dias na prisão, assegurou que tem "um compromisso de fé com o povo brasileiro" e nas futuras marchas "vai provar" ao Brasil que "não pode ser governado pelo tipo de gente" que atualmente se encontra no Executivo, sob a liderança do seu maior opositor.  
Na sua linha normal de agressão, o político disse que "Esta gente que está aí, que eu considero gente do mal, não está lá para construir, mas para destruir" as conquistas sociais que foram implantadas durante os governos do Partido dos Trabalhadores, no seu mandato e no da sua sucessora.
No embalo do discurso, o ex-presidente voltou a lançar duras críticas contra os juízes que o condenaram e aos procuradores da Operação Lava-Jato, que, segundo ele, construíram "mentiras apoiadas pela imprensa" para impedir o seu regresso ao poder.
Ao meio dos aplausos de seus seguidores, o petista disse que "Estou consciente de que não me vão dar tréguas, mas também estou certo de que não lhes vou dar tréguas".
Não há a menor dúvida de que faz parte do direito democrático a oposição natural ao governo, diante do sistema político vigente, mas o ex-presidente falta com a verdade ao afirmar que vai voltar às ruas para provar a sua inocência.
Em se tratando de condenação à prisão pela Justiça, pela prática de atos ilícitos, obviamente contrários aos princípios republicano e democrático, cuja primeira sentença condenatória cassou seus direitos políticos, o único cenário onde ele pode provar a sua inocência é estritamente no âmbito do Poder Judiciário, mais específica e exclusivamente na via das primeira e segunda instâncias, sem alternativa.
Importa ser esclarecido para os ingênuos e desinformados que, naquelas instâncias, as defesas do petista, mediante a apresentação de amplas contraprovas, contestações e argumentações possíveis, foram refutadas, sendo consideradas insatisfatórias para justificarem ou esclarecerem os fatos pertinentes às denúncias, tendo como resultado as condenações à prisão.
Ao dizer aos seus seguidores que ele vai provar a sua inocência nas ruas, o petista acredita que o povo é besta, ignorante ou sabe-se o que, porque, nas ruas, não tem como se provar absolutamente nada, muito menos a inocência com relação a duas graves condenações que tiveram por base provas robustas, consistentes, constantes dos autos, a despeito da falácia sobre a negação de culpa, o que é normal, sabendo-se que a ingenuidade é capaz de aceitar qualquer alegação, mesmo que ela não tenha a plausibilidade, que é o caso, de vez que a condenação sem provas pode implicar na aplicação de sanção ao juiz, pela prática do crime de prevaricação, por ter julgado e sentenciado sem as devidas provas e isso é regra jurídica geral.
Nos casos dos julgamentos do petista, os processos pertinentes estão recheados de provas, as quais nem foram questionadas, quanto às suas consistências, porque isso seria alegado pela defesa como fraude processual, ou seja, se não houvesse provas referentes aos crimes, a defesa já teria entrado com recurso denunciado a falta delas, com vistas à anulação do processo, mas, em nenhum caso, houve recurso nesse sentido, o que demonstra a má-fé por parte do petista, que não consegue provar a sua inocência nos tribunais competentes e inventa essa alegação absurda e ridícula de provar a sua inculpabilidade nas ruas, o que não tem o menor cabimento, exatamente porque não ali é o lugar para se tratar de assunto sério, valioso e competente decidido pela Justiça, levando-se a se compreender que ele precisa pensar melhor sobre o sentimento de seus seguidores, que merecem o mínimo de respeito e consideração, salvo melhor juízo.
Ou seja, as pessoas sérias e cônscias das suas responsabilidades cívicas, procuram tratar ou resolver seus problemas nos lugares instituídos legalmente para cuidar das questões pertinentes e jamais recorrem às ruas para a busca do seu saneamento, exatamente porque nesse lá é mais do que sabido que não tem como solucionar absolutamente nada, mas, infelizmente, há ainda quem acredite em conversas sem pé nem cabeça.
Os homens públicos precisam se conscientizar sobre o verdadeiro significado de “compromisso de fé”, que tem como primado se dizer a verdade e segui-la na prática de seus atos na vida pública.
Como ter “compromisso de fé” com os brasileiros, quando na gestão sob o seu comando ocorreram os piores escândalos da história republicana, quando houve, à vista dos fatos, a implantação do mensalão e do petrolão, todos comprovados por meio de investigações apropriadas e julgamentos pela Justiça?
Como que o Brasil não pode ser governado pelo atual governo, que não há nada que desabone os atos praticados por ele, mas pôde ser administrado por governo que foi capaz de conviver com esquemas criminosos de desvio de recursos, muitos dos quais para o financiamento de milionárias e irregulares campanhas eleitorais?
É incrível o nível de brasileiros que ainda acreditam em homens públicos que mentem descaradamente, omitem e distorcem a verdade, na tentativa de se passar por bom moço, por injustiçado, quando os seus passado e presente são verdadeiros poços de questionamentos, não tendo o menor compromisso de fé para com os brasileiros, que merecem, no mínimo, que eles assumam seus atos na vida pública, como, por exemplo, no caso dos terríveis escândalos supracitados, em que ninguém se acusa como responsável, em que há comprovação dos culpados e dos envolvidos, restando, e isso é fato, para piorar a desgraça, a cumplicidade mansa e pacífica dos intelectuais, dos sábios, dos donos da razão e até mesmo dos ingênuos, que não se cansam em afirmar e condenar tanta maldade contra o gênio da contemporaneidade, tão massacrado e vilipendiado pela maldade dos magistrados e da imprensa contra a inocência viva em pessoa extremamente magnânima, evidentemente na concepção mais à esquerda.
É muito triste que brasileiros tenham se encantado com quadro político tão deprimente e deplorável como esse da atual conjuntura, em que conceitos fundamentais são desprezados, descartados com a maior facilidade, sabe-se por qual razão, embora suspeita-se da fortíssima predominância da ideologia exacerbada, onde o prisma de visão tem exatamente o seu próprio juízo de valor, pouco importando os melhores princípios e condutas essenciais de civilidade, quando o que interessam mesmo são as suas paixão, adoração e aceitação dogmática à seita, que é razão universal para eles, sobrepondo acima de tudo e todos, inclusive sobre as causas maiores do Brasil e do seu povo.  
Brasil: apenas o ame!
Brasília, em 11 de dezembro de 2019

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