sábado, 21 de dezembro de 2019

Fraqueza moral


Conforme notícia estampada, em manchete, no site G1.Globo, a Polícia Federal deflagrou, neste sábado, a operação “Pés de Barro”, que investiga desvios de recursos para as obras da adutora em construção entre os municípios de São José do Rio do Peixe e Uiraúna, no sertão da Paraíba.
Um ministro do Supremo Tribunal Federal autorizou a busca e a apreensão de documentos e equipamentos no gabinete de um deputado federal pelo PTB da Paraíba, que nasceu em Uiraúna, tendo também determinado o seu afastamento do cargo.
Por força da decisão do citado ministro, houve a prisão do prefeito de Uiraúna e de mais três pessoas, todos envolvidos nas irregularidades levantadas pela Polícia Federal.
Os mandados de busca e apreensão já foram devidamente cumpridos e os elementos recolhidos ficam à disposição da força-tarefa pertinente, para as investigações de praxe.
A reportagem assinala que, “Em imagens coletadas pela Polícia Federal, o prefeito de Uiraúna, João Bosco Nonato Fernandes (PSDB), aparece depois dos encontros para entrega de propina escondendo dinheiro dentro da cueca.”.
Embora a Polícia Federal tenha pedido a prisão do citado deputado, o ministro a indeferiu, tendo autorizado a prisão de outras quatro pessoas envolvidas nas irregularidades em apreço.
A defesa do deputado afirmou que ele "recebe com respeito e acatamento a decisão do Ministro Celso de Mello" e que "está absolutamente tranquilo e demonstrará, em momento oportuno, a inexistência de qualquer relação com os fatos investigados".
O partido do deputado, o PTB, informou que "acompanhará o andamento das investigações" e que "espera que Wilson Santiago consiga provar sua inocência.".
Além do deputado, a operação “Pés de Barros” tem outros sete alvos, entre eles três assessores e um funcionário do parlamentar, além do prefeito de Uiraúna (PB), um funcionário dele e um empresário.
Ao todo, foram autorizados 13 mandados de busca e apreensão, nas cidades de João Pessoa, São João do Rio do Peixe, Uiraúna (PB) e Brasília (DF).
Consta da notícia que há ordens de afastamento das funções públicas para outros seis alvos da operação, além do deputado.
Conforme foi esclarecido pela Polícia Federal, os envolvidos podem responder pelos crimes de peculato, lavagem de dinheiro, fraude licitatória e formação de organização criminosa, cujas penas, se condenados, podem passar dos 20 anos de reclusão.
A Polícia Federal informou que a investigação objetiva apurar o pagamento aos suspeitos de propina que atinge o valor de R$ 1,2 milhão, cujo dinheiro teria vindo do superfaturamento nas obras de construção do sistema adutor referido na inicial.
A aludida obra tinha orçamento inicial do valor de R$ 24,8 milhões, cujas investigações sobre irregularidade na sua execução tiveram por base informações obtidas em delação premiada, que tramita sob sigilo.
Finalmente, saliente-se que o ministro do Supremo determinou ainda a indisponibilidade dos bens das pessoas suspeitas.
Trata-se de notícia bastante infeliz, envolvendo homens públicos de minha querida terra natal, Uiraúna, onde a sua vida pacata não combina em nada com a evolução desses tempos carregados de nuvens escuros que  transportam a imundície da corrupção por todos os quadrantes do país, mesmo em se tratando do recôndito do Brasil, onde poderia sim acontecer tudo neste mundo, mas não o pior com o envolvimento de falcatruas protagonizadas por pessoas da própria terra.
Os políticos de Uiraúna sabem melhor do que ninguém sobre as terríveis agruras que se abatem sobre o seu povo, que sofre e muito diante da estrema carência de recursos para a produção de milagres do benefício relacionado com o arranjo da água, que é considerado bem muito raro e extremamente valioso,  do que mesmo o próprio ouro.
Convém que não seja, desde logo, menosprezada a força que existe na notícia vinda à lume, diante da existência, entre outras informações, das poderosas imagens obtidas pela Polícia Federal, dando conta de que, conforme afirmara, o prefeito de Uiraúna fez entrega de propina, levando dinheiro escondido dentro da cueca, ou seja, são colocações extremamente graves e pesadas para a autoridade que ele representa, caso essa indecência for mesmo verdade, levando-se em consideração que esse fato integra a notícia do G1.Globo, que deve ter a conseguido junto àquele órgão federal.
É evidente que as investigações ainda estão em pleno desenvolvimento, cabendo, a partir de agora, o cumprimento do protocolo legal de praxe, em casos que tais, com a concessão da ampla defesa e do contraditório aos envolvidos, por meio dos quais os denunciados precisam provar a sua inculpabilidade quanto aos fatos inquinados de irregulares.
Não obstante, só o fato de haver suspeita de deslize na aplicação de recursos públicos, com pagamento de propina, conforme atestado pela competente e responsável Polícia Federal, algo cheira mal, muito desagradável, e não condiz com os salutares princípios republicanos da moralidade, da ética, da dignidade, entre outros, que precisam imperar sempre onde houver a aplicação do dinheiro público.
Enfim, o juízo de valor sobre esse vergonhoso e inadmissível escândalo somente será possível após a conclusão a cargo da Justiça, que dirá se os envolvidos são culpados ou inocentes, mas, até lá, fica a impressão de que Uiraúna, terra de gente extremamente honesta e humilde, que prima pelo sagrado culto aos conceitos da honestidade e da moralidade, não merecia golpe tão violento, a causar doloroso sofrimento ao seu povo, que precisa repudiar com veemência atos da maior indignidade, diante da mácula que jamais será esquecida pela sociedade apunhalada pela fraqueza moral de seus representantes políticos.
Brasil: apenas o ame!  
          Brasília, em 21 de dezembro de 2019

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