terça-feira, 24 de dezembro de 2019

Perigo da ganância


Diante do escândalo envolvendo autoridades públicas de Uiraúna, Paraíba, as análises constantes de crônicas escritas por mim ajudaram a vir à tona demonstração de indignação de uiraunenses que repudiam, com veemência, o triste ocorrido.
Uma conterrânea, muito ilustrada e atuante na vida social daquela cidade, que prefiro ocultar seu nome, para preservá-lo, por se tratar de caso policial, manifestou toda a sua perplexidade ante o gravíssimo acontecimento, tendo escrito, verbis: “(...) lamentável acontecimento! Parece mesmo que o mundo está contaminado por um vírus maldito que ataca e corrompe a consciência e o temor... daqueles que encontram seus caminhos e se realizam, através dos princípios democráticos de um povo fiel, que confia nos valores e na dignidade dos homens escolhidos... para guiar os destinos de um lugar... e de uma sociedade que espera as mais dignas atitudes de seus representantes!
Na verdade amigo, é espantoso e causa vergonha todo esse inesperado episódio! visto que, da nossa terra, jamais se poderia imaginar que houvesse inclinações destrutivas no seio das famílias e dos homens de bem nascidos e criados à Luz da Fé , do respeito e da dignidade , nosso bem maior e precioso, nossa herança prodigiosas, recebida, por todos os filhos da Sagrada Família... de nossa amada Uiraúna. Somos caminheiros frágeis, carecidos da proteção, do amparo, e do perdão do Senhor, que nos quer ver plenos e libertos de todas às nossas fraquezas que agridem, escravizam e destroem o nosso crescimento espiritual e os nossos salutares relacionamentos com os nossos semelhantes
.”.
Em resposta à inteligente mensagem de desabafo, eu disse que, se realmente existe esse peçonhento vírus da corrupção, ele é muito mais poderoso do que se pode imaginar, a ponto de ser capaz de destronar, de momento, a dignidade e a honradez de homens de conduta absolutamente impensável de destruição, mas os fatos mostram que eles se vergaram à pobreza moral para facilmente enveredar pelo caminho da promiscuidade, da delinquência, pela graciosa e injustificável perdição da honestidade, deixando que a tentação por algo que não lhes pertence dominasse a sua transponível resistência moral, conforme mostram os fatos.
Esse triste escândalo de Uiraúna precisa ser muito bem estudado, analisado, para se tentar descobrir a verdadeira razão a justificá-lo, porque certamente a própria razão o desconhece e não consegue explicá-lo, à luz da lei natural dos homens, que se assenta em princípios e condutas saudáveis, a serviço do seu próprio bem, quando políticos poderosos, no apogeu da sua vida pública se permitem à prostituição moral pelo poder do dinheiro fácil, abundante e tentador, que são bens que eles já possuem com fartura, legitimamente, fruto de seus trabalhos honestos e honrados.
É pura verdade que os arraigados laços religiosos que prendem o homem aos princípios da honorabilidade e da dignidade, nesse caso, foram completamente esfacelados por motivações desconhecidas e o sentimento de amor ao princípio sagrado do Evangelho, quanto a somente honrar a integridade do patrimônio do seu próximo, passou bem distante da mente do homem público imaginado probo que existia na pessoa, principalmente, do prefeito, que simplesmente o detonou, mandando para os ares tudo o que é considerado de mais sagrado em respeito às coisas alheias, com a implosão também dos sentimentos de moralidade, sempre demonstrada por ele, de bom gestor da coisa pública.
Em verdade, a dor desse momento extravasa os sublimes sentimentos cívicos, quando são negados, unilateralmente, a beleza e o valor da confiança depositada nas urnas, por meio do voto, com a delegação da vontade do leitor de somente haver a praticar do bem, em nome do povo, segundo o ensinamento de pureza de que o poder emana do povo e, em seu nome, será exercido, certamente sob a observância dos sagrados princípios republicanos da ética, da moralidade, da dignidade e do respeito à integridade do patrimônio público.
Resta, sem dúvida, o sentimento de que ficou comprovada, nesse caso, a fragilidade do homem, que apenas se permitiu, voluntariamente, à condução do descaminho na vida pública, quando poderia ter resistido em nome dos valores humanos, que precisam ser defendidos com muita disposição e garra, em amor à preservação do princípio maior da decência, não permitindo que a ganância por dinheiro fácil, como se imagina, fosse muito mais forte do que a defesa dos princípios e das condutas que devem servir de pilares para a sustentação da dignidade do homem.
À toda evidência, os demais envolvidos nesse terrível imbróglio foram completamente dominados pelos poderosos e nefastos  sentimentos incrustados no famigerado vírus da corrupção, sendo escravizados pela fartura do dinheiro alheio colocado à sua disposição, não imaginando, talvez, sobre a possibilidade de violentos reveses, como fatalmente veio a acontecer, na forma de trágicas consequências de seus atos impuros, sabidamente como naturais integrantes da regra do jogo, quando situações que tais estão sujeitas a contratempos, evidentemente com efeitos destruidores das maravilhosas histórias de vida, que, no caso, foram lançadas impiedosamente para o espaço sideral, com a perda total do consagrado e valioso respeito das pessoas justas e honradas.
Brasil: apenas o ame!
Brasília, em 23 de dezembro de 2019

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