segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

Pseudo-origem do Brasil


Nos últimos dias, vem circulando nas redes sociais mensagem com conteúdo extremamente preocupante, por fazer apologia à generalização da corrupção, como se ela estivesse presente e com raízes no seio dos administradores públicos, talvez na tentativa de justificar a patifaria protagonizada por alguns homens públicos da Paraíba, à vista da menção de fato ocorrido em uma de suas cidades.
Eis o aludido texto, transcrito ipsis litteris, para mostrar não somente a insensatez da sua autoria e do seu compartilhamento, mas também o potencial da sua irresponsabilidade: “olá, gente!!! Diante de tantos comentários, feitos aqui em Uiraúna, cidade interiorana, aqui na Paraíba, convém salientar de que, o Brasil, quando foi descoberto em Portugal, todos os bandidos, ladrões, em Portugal, não eram presos, foram enviados para o Brasil. portanto, somos descendentes dissso. o Brasil, é um país rico, só que não tem quem o administre.  devido a nossa descedência, se tornou um país corrupto, no qual seus adminitradores, são sem excessões, todos corruptos e ladrões.  ninguém, exclui ninguém < > são todos iguais. de norte a sul < > de leste a oeste. o Brasil, é como um grande circo ruim < > quem tá fora quer entrar e < > quem tá dentro quer sair!!!”.
É extremamente lamentável que alguém tenha a insensível voluntariedade para assinar, virtualmente, texto tão deprimente e fora de propósito contextual, quando os brasileiros, ao contrário, anseiam urgentemente por mudanças de cenário de muita tristeza sob o domínio da corrupção, que esteve presente em governanças até tempos recentes, conforme noticiam os fatos investigados por órgão competente.
Não se sabe, com precisão, por qual motivo tanta eloquência nesse texto para se sublinhar mazelas da vida brasileira, porque elas realmente existem, com fartura, mas certamente há muita precipitação e insensibilidade quanto à generalização na maneira como consta do conteúdo de que se trata, sem o menor cabimento.
É induvidoso que há sim exceção à regra apontada acima, no sentido da afirmação de que todos os administradores são corruptos, porque certamente isso não revela a verdade absoluta, notadamente diante da falta de elementos probantes, salvo na cabeça desmiolada e carente do mínimo de racionalidade e insensibilidade.
Por certo que tem gente honrada e digna no Brasil, a se considerar que a corrupção é algo horroroso que nega o sentimento da ética, da moralidade, da honorabilidade e das condutas saudáveis que privilegiam e dignidade do ser humano.
Com o devido respeito à opinião das pessoas que pensam exatamente nos termos do texto acima, a generalização da corrupção posta na forma pejorativa e degradante ali defendida não pode prosperar no cenário brasileiro nem ser aceita como verdade, porque estar-se-ia fazendo juízo de valor sem se levar em consideração o que realmente existe de bom e verdadeiro com o povo brasileiro.
À toda evidência, não importando a origem dos brasileiros, percebe-se que, na atualidade, há esforço pelo primado da preservação da cultura da dignidade e da honorabilidade, procurando seguir e disseminar os princípios e os bons costumes, em que pese haver corrente que, diante da sua índole corruptiva, destoa, lamentavelmente, daquela linguagem saudável de homens íntegros.
Não parece justo que se faça avaliação e afirmação sobre os valores morais pertinentes aos brasileiros sem se levar em conta o esforço das pessoas honradas e decentes no exercício de suas profissões, muitas das quais militantes justamente no comando da administração pública e merecem o respeito dos patrícios.
É inadmissível que, em reconhecimento à grandeza moral e de cidadania, que aquelas pessoas sejam inseridas nessa concepção deprimente de absoluto antagonismo à realidade e sem nenhuma base científica para a fundamentação daqueles conceitos rudes, pueris e insensatos, de que, no passado, falava-se sobre a existência da disseminação de delinquência vinda de outros mundos e cousa que o valha, tudo sem registros históricos oficiais nesse sentido, a assegurarem autenticidade aos fatos levianamente atribuídos à origem do povo brasileiro.
 Com precisão e certeza, pode-se afirmar que se trata de menção também destituída de fundamentação científica, porque nada existe para a comprovação do que se afirma em mensagem completamente constituída de elementos substanciais capazes de garantir a autenticidade da sua comprovação, fato que   caracteriza ridículas e insensatas acusações, por se basearem em mera falácia, sem a menor credibilidade para a finalidade que também não foi indicada, salvo se para se pretender, de forma desesperada, justificar ato praticado por organização criminosa.
Causa perplexidade que pessoas visivelmente inescrupulosas tentem construir cenário artificial, sem a menor sustentação fática, para justificar o injustificável, à vista do desvio de recursos públicos, em demonstração sim da maior depravação da dignidade não somente do homem público, mas sim do ser humano, que se permite mostrar o ridículo de se apoderar, de forma ilícita, de dinheiro dos contribuintes brasileiros honrados e trabalhadores, que não se confundem com aqueles corruptos mencionados no texto, porque eles fazem parte de outra linhagem de brasileiros que trabalham para a permanente construção do Brasil.
É motivo de tristeza que, já em pleno século XXI, ainda há gente com a mentalidade voltada para a pseudo-origem do Brasil, fazendo ilações insustentáveis, quando a evolução da humanidade permite que a atual geração possa ter visão devidamente condizente com a nossa realidade, em que o juízo de valor sobre os fatos ou a sociedade precisa ter por base elementos capazes de justificar as suas conclusões, com embargo de afirmações destituídas de fundamentos e até precipitadas, que somente contribuem para acusações injustas, indevidas e deselegantes, de cunho prejudiciais ao aperfeiçoamento das relações sociais, que tanto precisam do respeito e da boa vontade do ser humano.
Brasil: apenas o ame!
Brasília, em 30 de dezembro de 2019

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