sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

Repúdio à contemporização



Na crônica intitulada “Declaração de amor a Uiraúna”, entre outras colocações, em afirmei que honro e defendo sim, com as melhores das intenções cívicas, a integridade moral dessa cidade, em nome do amor que sinto à minha terra natal, que não merece ser dominada por administrador que agiu sem o menor escrúpulo para desviar dinheiro público da nação, que seria destinado à melhoria das condições de vida do povo dessa cidade.
Um cidadão, que é parente do prefeito acusado do aludido ato irregular, se insurgiu contra o meu texto, dizendo que o político muito bom e merecia o tratamento que foi dado por mim a ele, tendo destacado o precioso passado de bons serviços prestados à comunidade uiraunense, dando a entender que o histórico de bondade justificaria a ação dele, quando houve o desvio de recursos que se destinavam à Adutora Capivara.
Em resposta a essa mensagem, eu parabenizei o seu excelente arrazoado, embora ele tivesse pouca valia acerca do que escrevi, porque eu trato de fatos relacionados com desvio de conduta funcional, quando o texto dele enaltece as qualidades do envolvido nesse episódio, tendo eu concordado que se trata de pessoa de excelentes predicativos, mas não é disso que discorro.
Eu afirmei que o defensor do prefeito tem direito de dizer o que bem quiser, mas discordo de ter apedrejado o político nos meus textos, que têm sido incisivos e falam a verdade sobre os fatos.
Infelizmente, para muitos, a verdade dói.
Apelei que o referido defensor entenda que, justamente por não se tratar “de pessoa desgarrada, cão sem dono”, era do dever dela, na qualidade de homem público, que não tem nada a ver com o seu lado pessoal, zelar para com a coisa pública, exatamente como maneira imprescindível para preservar a sua dignidade como pessoa ilustre, ou seja, o pensamento desse senhor, no caso do desvio de recursos, não se aproveita muito, funcionando mais ao contrário, porque dá a entender que é preciso respeitar a dignidade dele, quando ele próprio se jogou de cara na lama, sem se ater para a sua importância pessoal, conforme mostram os fatos policiais.
Todas essas referências foram jogadas no lixo por ato infantil, totalmente injustificável e é exatamente sobre isso, os desvios ético e moral, que centrei minha opinião, procurando ser apenas técnico.
Não importa que tenha sido o primeiro deslize acontecido em Uiraúna e o valor seja  insignificante, porque qualquer desvio de conduta, envolvendo o valor público que for, é inadmissível, sob pena da banalização.
Concordei com o defensor que realmente já falei bastante sobre o tema em discussão, mas poderia ter dito bem menos ainda se eu não tivesse sido agredido com palavras, mas prometo ser mais ausente com relação ao lamentável fato, porque entendo que minha posição já foi dita e sei que tudo que falei não tem a menor valia.
O senhor discorre sobre as coisas do céu e as bondades de Deus com relação ao homem, mas evita falar sobre o ato em si, dando a entender que se trata de caso de somenos importância, embora dissesse que discorda dele, mas não condena com a veemência que devia, talvez por achá-lo passível de perdão, em razão dos bons serviços prestados pelo envolvido.
Eu disse que uma coisa é o reconhecimento pelo que a pessoa tenha feito como contribuição à comunidade, que precisa ser enaltecido de maneira toda especial. Agora, o desvio de conduta funcional, por ser algo distinto daquele, precisa ser considerado de per si, por se tratar de comportamento atípico que não pode ser contemporizado diante da sua sujeição ao regramento jurídico imposto à administração pública, com estrita vinculação ao interesse público.
Ao que se percebe, é possível que esteja havendo essa confusão por parte de muitas pessoas, no sentido de que não se deveria ser tão rigoroso com homem tão generoso, somente porque ele foi apanhado se apoderando de ninharia de dinheiro, quando isso poderia ser simplesmente compensado com o tanto que ele já fez para a comunidade.
Não há a menor dúvida de que é preciso que as situações continuem sendo distintas, diante das suas naturezas pessoal e pública, onde, neste caso, é preciso que haja a observância à legislação de regência e as minhas análises somente levam em conta o aspecto da legalidade.
Na administração pública, a gestão só cabe ser legal.
     Eu falei sobre a legalidade, sem nenhuma preocupação com a vida particular de ninguém.
Aliás, eu moro em Brasília há mais de 50 anos e não acompanho a política de Uiraúna, o que vale dizer que me interessa tão somente que a cidade seja bem administrada, em respeito aos princípios da administração pública, pouco me importando quem seja o prefeito, se da direita ou da esquerda.
Esse fato mostra que algumas colocações do defensor não têm o menor cabimento, como a afirmação sobre revanches, algum rescentimento oculto, copmplexos de competitividades, etc.”.
Ressaltei que ele também sequer percebeu que uma senhora me chamou de “cara de pau”, agressão essa que considero descabida, porque eu discorri de forma técnica sobre fatos de domínio público.
Basta ver o meu texto.
Eu disse que ele, acerca desse fato, ficou calado, mas deve ter lido sobre a matéria, porque eu fui muito enfático.
Fiz questão de ressaltar que conheço melhor do que poucos a relevância da família Fernandes para Uiraúna, por sua tradição histórica, seus ilustres patriarcas, enfim, o que seria Uiraúna sem a família Fernandes?
Neste caso, é preciso separar o joio do trigo.
Não está em jogo a dignidade ou a relevância da família Fernandes, nada disso, e nem eu não seria louco para confundir as coisas.
Trata-se de caso isolado, que precisa ser condenado, não importando que o autor seja a maior autoridade da cidade, como de fato é.
Nesse caso, o seu erro acresce de importância, porque ele precisa servir de modelo para a comunidade que governa, mas, ao contrário, ele preferiu jogar para o espaço sideral a sua brilhante história de homem público, riquíssima de excelentes serviços prestados à cidade, que conta com o carinho do povo e seu o respeito, justamente por sua conduta modelar de cidadão sem nenhuma mácula, até então.
O que aconteceu estarrece exatamente diante dessa brusca quebra de paradigma glorioso, quando ele, de uma tacada só passou do paraíso para o inferno.
    Até aqui, ele era exemplo de dignidade, porque não há notícia, em toda a sua história, que ele tivesse desvio de conduta, se envolvendo em situação dramática como essa.
O defensor fala que o Brasil está cheio de péssimos exemplos de gestão pública, com desvio ético nos diversos níveis da administração pública, dando a entender que isso é compreensível e o que aconteceu em Uiraúna e fichinha.
Tenho opinião divergente desse cidadão, data vênia, no sentido de que qualquer desvio de conduta na gestão pública, não importando o valor, é censurável e precisa haver a devida condenação, na forma da lei, justamente como maneira imprescindível para possibilitar a moralização do Brasil e se evitar a reincidência de casos semelhantes.
Com as devidas vênias, entendo que não joguei pedra em ninguém, porque escrevi e ponderei tendo por base fatos da maior gravidade, que jamais deveriam ter acontecido em Uiraúna, diante da grandeza que se imaginava na pessoa do prefeito, que, em razão disso, o choque dos conterrâneos tenha sido de verdadeira bomba de megaton, com capacitada para minar as estruturas da cidade e do seu povo.
      Não concordo, de forma alguma, com a contemporização da situação somente porque é preciso se levar em conta o passado do envolvido, passado esse, que se fosse considerado mesmo precioso pelo próprio prefeito, ele teria tido o devido cuidado de não se envolver precipitada e perigosamente em atos irregulares, enquanto muitas pessoas não muito preocupadas com a moralização do Brasil, ficam, não vou dizer jogando pedras, mas condenando quem se interessa em defender os interesses de Uiraúna, de modo que ela possa ser administrada sob os cuidados da moralidade e da dignidade.
Brasil: apenas o ame!
Brasília, em 27 de dezembro de 2019

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