É
com o coração contristado que os paraibanos se despertaram hoje, diante da surpreendente
notícia sobre a presença da Polícia Federal batendo as portas da residência do
governador da Paraíba e do respeitável Palácio da Redenção, em cumprimento de estarrecedora
missão de apreender elementos alvo de investigações sobre atos irregulares
protagonizados pelo governador anterior ao atual, sob suspeita de ser o
comandante de organização criminosa que desviava, de longa data, recursos públicos
destinados à saúde pública e à educação do estado.
Segundo
a imprensa, a organização criminosa teria conseguido desviar dos cofres púbicos
a quantia equivalente a R$ 134,2 milhões, que eram destinados àquelas duas
áreas, que são duas atividades essenciais à prestação de serviços à população mais
carente, em termos de satisfação de suas necessidades básicas.
Há notícia de que as investigações
identificaram fraudes em procedimentos licitatórios e em concurso público, além
de corrupção e financiamentos de campanhas eleitorais de agentes políticos, culminando
com superfaturamento na compra de equipamentos e pagamentos de serviços e
medicamentos.
Segundo
a "Operação Calvário - Juízo Final", mais de R$ 120 milhões do valor
total desviado foram destinados para agentes políticos, para o financiamento
das campanhas eleitorais de 2010, 2014 e 2018, o que significa dizer que os eleitores
paraibanos, sem saber, participaram de pleitos eleitorais viciados, por que financiados
com dinheiro sujo desviado de atividades que se destinariam ao beneficiamento em
proveito do povo, o que significa dizer que os políticos eleitos, nos referidos
anos, utilizaram recursos enlameados que contribuíram para fraudar o sistema
eleitoral e, por isso, se elegeram de forma irregular.
Conforme consta das investigações, o esquema criminoso beneficiou, além da
autoridade máxima do estado, conselheiros do Tribunal de Contas do Estado, ex-procurador-geral
do estado, ex-secretários de Saúde, deputadas estaduais, prefeita de município
e servidores do estado, sendo que todos já foram identificados e muitos deles
já estão na cadeia, aguardando-se ainda apenas a prisão do capo-mor, o ex-governador,
que é considerado o “cabeça” da organização criminosa.
O ex-governador ainda não foi preso porque ele se encontra no exterior, mas a
sua prisão é certa, uma vez que o nome dele já foi incluído na difusão vermelha
da Interpol, podendo ser preso a qualquer momento, mesmo estando fora do país,
caso ele não se apresente à representação diplomática brasileira, no exterior.
O ex-governador, que
foi eleito por dois mandatos, em 2010 e 2014, é considerado o responsável
direto pela tomada de decisões dentro da organização criminosa e pelos métodos
de arrecadação de propina, divisão e aplicação dos recursos desviados, cujo esquema
foi mantido até 2018, o último ano do mandato dele.
A investigação
esclarece que houve o pagamento do valor de R$ 1,1 milhão para a campanha
eleitoral do atual governador, eleito em 2018 para o governo do estado, em
troca da manutenção dos contratos em vigor das organizações sociais, o que vale
dizer que o seu mandado padece do vício da ilegalidade, pela participação de
recursos irregulares na sua campanha, em afronta à lei eleitoral, que exige a
legitimidade do financiamento de campanha.
Os
trabalhos empreendidos pela "Operação Calvário - Juízo Final" consistiu
na expedição de 17 mandados de prisão preventiva e 54 de busca e apreensão, o
que bem demonstra a complexidade e a amplitude dos casos investigados, constituindo
verdadeira organização criminosa, onde todos se beneficiaram e realmente mereceram
tanto a prisão como responder por seus atos criminosos, inclusive a serem
condenados à devolução dos valores desviados dos programas e das atividades pertinentes,
para que eles possam ser realmente aplicados nas finalidades para as quais
seriam destinadas, na forma da lei.
Diante
do caso em comento, é preciso que o povo pense mais e melhor sobre a necessidade
da valorização dos sentimentos de brasilidade, do que no endeusamento de
políticos, à vista da enorme decepção por parte de muitos paraibanos, que
jamais imaginariam que essa extraordinário revelação de hoje pudesse acontecer
justamente com o homem público tido por probo, honesto, trabalhador, competente
etc.
Ao
contrário disso, a sua autoridade de homem público valoroso foi simplesmente
massacrada por sua verdadeira índole e transformada, de repente, em principal pivô
de organização criminosa, em que pese ter sido erigido à principal autoridade
da Paraíba, a ponto de já ter seu nome cogitado para candidato à Presidência da
República, mas felizmente o lado obscuro dele foi relevado e antecipado,
exatamente para mostrar algo que ninguém imaginava que ele seria capaz de
realizar como importante homem público.
Infelizmente,
ainda há de aparecer alguém, o mais crédulo possível, para querer desacreditar
do resultado das investigações, dando muito mais credibilidade aos
protagonistas desavergonhados, diante da ingênua imaginação de que os
envolvidos seriam incapazes de agir de maneira precipitada, exatamente em razão
de sempre terem se portado ao extremo da dignidade, sob transparência de seus
atos na vida pública, mas, em todos os casos, os deslizes sempre são revelados
depois que interesses são contrariados e, então, a verdade é inevitável, vindo
à lume por força das investigações, como o acontecido com a ação da "Operação
Calvário - Juízo Final".
Agora,
com relação aos maus e desonestos homens públicos, se o Brasil fosse um país
com o mínimo de seriedade, no que tange à vida pública, e atinasse para o real
sentido do princípio da civilidade, além das condenações supracitadas eles deveriam
ser definitivamente banidos das atividades político-partidárias, como forma não
somente da necessária purificação das atividades políticas, mas também, em
especial, para servir de lição disciplinar e pedagógica, como exemplo a
evidenciar a imperiosa necessidade dos zelo e respeito à coisa pública e à
dignidade das pessoas, que não merecem tamanha desconsideração à sua
ingenuidade, por terem acreditado em criminosos enrustidos, a exemplo de
seguidas revelações que aconteceram nos últimos tempos, em evidente afronta aos
saudáveis conceitos republicano e democrático.
Brasil:
apenas o ame!
Brasília, em 17 de dezembro de 2019
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