Anteontem,
a candidata ao cargo de prefeita de Uiraúna, Paraíba, Leninha Romão declarou,
segundo consta de entrevista publicada no prestigiado portal Cofemac, dessa cidade,
que o candidato Segundo Santiago, seu opositor, teria indo à casa dela, em
outubro do ano passado, e confessado, ipsis litteris: "na
presença de outras cinco pessoas, que iria 'colocar Dr. Bosco na cadeia, cassar
os diretos dele como médico e fechar a Clínica Padre Costa'", mas não
foi declinado o motivo ensejador de tão contundente pretensão.
Ontem,
o candidato ao mesmo cargo, Segundo Santiago, em entrevista publicada no citado
portal, disse que jamais fez declaração nesse sentido, i.e., ele negou que
tivesse feito essas seríssimas e comprometedoras ameaças.
A
par de repelir as afirmações de Leninha, na mesma entrevista o candidato
Segundo Santiago a acusou das práticas de “sonegação fiscal” e "empreendedora
predatória", em razão, em especial, de ela ter sido condenada por
sonegação de impostos.
Estas
alegações também são gravíssimas, porém no âmbito comercial, onde elas são perfeitamente
passíveis de acontecer com qualquer empreendedor, por motivação de falha de
controle constatada por órgãos de fiscalização oficial e devidamente saneada
pelos meios próprios e convenientes, o que significa dizer que a sonegação pode
acontecer involuntariamente com qualquer comerciante, que, depois de reconhecido
o erro e quitado o débito fiscal pertinente, fica sanada a notificação
pertinente.
Agora,
é preciso que fique registrado que essa forma de acusação jamais poderia ser
objeto de discussão em campanha eleitoral com o mínimo de seriedade, porque o
seu cerne não diz respeito ao processo propriamente dito, mas somente demonstra
a falta de assunto importante para se debater nesse período de campanha.
Em
princípio, o citado período é reservado para os candidatos apresentarem as suas
propostas de governo e cuidarem do debate sobre elas, especificamente acerca dos
assuntos pertinentes aos interesses do município e do seu povo, diante das
graves questões que sequer foram tangenciadas até o momento.
Ao
que tudo indica, os candidatos estão ainda tratando, salvo melhor juízo, de
temas relacionados com perfumarias e embelezamentos de praças, ruas e açougue, que
são obras bastantes diferentes da grandeza de saneamento básico, medidas
capazes de se assegurar a perenidade do abastecimento de água na cidade e de
tantas outras questões importantes capazes de atrair a atenção e a participação
dos eleitores para o centro das discussões, com o aproveitamento desse tão importante
espaço reservado para o levantamento e o debate de temas sérios e relevantes, se
existentes.
A
bem da verdade, o momento ideal para a revelação da conversa nada agradável,
que teria acontecido na casa da Leninha, segundo dito por ela, teria sido
naquela data, em outubro do ano passado ou mesmo próximo do fato em si, porque
não ficou nada bem, salvo os motivos para tanto, que ela viesse a público
somente agora, no calor da campanha eleitoral, onde deveriam ser discutidos tão
somente os temas de importância para a cidade e o povo, pertinentes aos
projetos a serem executados pelo candidato vitorioso.
Não
obstante, já que esse assunto bastante polêmico veio a público, em que a
candidata fez grave acusação ao adversário, possivelmente por motivos óbvios, e
que o acusado disse que se trata de pura inverdade, é preciso sim que os fatos
sejam devidamente esclarecidos para os eleitores, que, por certo, estão ávidos
pelo conhecimento da verdade.
Convém que
Leninha agora comprove a sua queixa, para o fim de se confirmar que ela não é
mentirosa e não tem interesse, nem mesmo político, para inventar fato
gravíssimo como esse, sem ter condições de provar, quanto mais que agora não
tem como se desculpar sobre possível equívoco, porque os eleitores precisam
saber sobre a verdade, verdadeira, na certeza de votar conscientemente no
candidato que tem palavra e diz a verdade, acerca dessa questão.
Além
do que, depois de o leite derramado, como se diz no popular, a única saída
agora é passar tudo a pratos limpos e encerrar esse triste episódio - porque
ele jamais deveria ter vindo à lume, por não fazer parte do processo eleitoral
- o mais rapidamente possível, mas sem antes dos devidos e imprescindíveis
esclarecimentos sobre a matéria de que se trata, por questão da necessária
prestação e contas aos eleitores, que não merecem pôr nas urnas história tão
escabrosa, que exige sim desfecho, o quanto antes.
O
certo é que a verdade é sempre muito dolorosa, principalmente nas
circunstâncias do debate eleitoral, onde não pode ficar qualquer dúvida inerente
à retidão dos princípios de civilidade e cidadania.
Faço
apelo para que esse lamentável episódio seja devido e urgentemente saneado,
para o engrandecimento da política de Uiraúna, que já bem merece ser tratada
com bastante amadurecimento, em termos de respeito aos princípios da civilidade
e da democracia.
Brasília,
em 30 de outubro de 2020
Nenhum comentário:
Postar um comentário