O presidente da República aparece em público, por
meio de vídeo, para fazer importante alerta de que, se nada for feito (ele não
precisa quando: agora, amanhã ou sabe-se em que data), a partir de janeiro do
próximo ano, haverá verdadeira catástrofe, em forma de fome para
aproximadamente vinte milhões de brasileiros, que se encontram desempregados
por consequência, segundo ele, do isolamento social que afirma ter se
posicionado contra, mas que ninguém teria dado ouvido.
O presidente culpa, em especial, os governos dos
estados e as lideranças partidárias pela gravíssima situação de dificuldade,
por terem apoiado o isolamento social, que tem por finalidade a proteção da
sociedade, em detrimento da economia, que vem se ajustando aos tempos de
pandemia.
No vídeo, o presidente implora por sugestões para
solucionar a fome desses vinte milhões de famintos, sob pena de ele precisar
agir ao estilo militar, por iniciativa exclusiva, como se as políticas inerentes
ao assunto mencionado por ele precisassem da opinião senão do próprio Executivo
para a busca da solução adequada.
Causa espécie que ele, como presidente da nação, tendo
conhecimento dessa situação calamitosa e urgente, simplesmente vem pedir
sugestão, por ser algo estranhíssimo, sob pena de o governo precisar adotar
medidas radicais e isso, por si só, simplesmente demonstra absoluta indecisão e
incompetência gerenciais, porque já passou do tempo de ele agir e mostrar liderança
nacional, no sentido de se antecipar às crises com vistas a se evitar que o seu
estopim exploda e o incêndio se torne incontrolável, resultando estragos de difícil
reparação.
Ou seja, se o presidente do pais tem conhecimento
de caso que pode se transformar em algo gravíssimo e prejudicial à sociedade, não
há nada mais justo e adequado que ele aja imediatamente, não tendo o menor
cabimento que ele fique se fazendo de rogado, suplicando por ajuda sabe lá de
quem, que certamente jamais haverá de aparecer, para então, somente tomar
providência quando as labaredas nocivas já estiverem fora de controle.
É preciso que o presidente tome a iniciativa e
lidere, o mais rapidamente possível, de modo que sejam adotadas as ações
necessárias em antecipação da desgraça.
É de se ficar extremamente enlouquecido e estarrecido
em se perceber que o presidente do país fica, com frequência, reclamando aos
quatro cantos sobre a desgraça que domina e inferniza tanto o governo dele como
o Brasil e os brasileiros, por antevê a proximidade do abismo e chega ao
extremo da incompetência de nada fazer, como forma da iniciativa para se
encontrar urgentemente a necessária saída emergencial.
Ele próprio tem o dever constitucional de convocar
os principais órgãos das áreas econômica e social do seu governo, os
governadores e as entidades ligadas ao assunto foco da possível degeneração
indicado por ele, para se encontrar soluções em regime de guerra, de catástrofe
mesmo, de modo a salvar a nação daquilo que ele está vislumbrando como o que
realmente poderá ser o fim mundo.
Só em o presidente cantar as desgraças que se
avizinham e ficar impassível, apenas esperando que o seu prognóstico se
concretize, já evidencia o extremo das suas incompetência, omissão e
irresponsabilidade, por ele demonstrar ser completamente incapaz de agir em
momento de ingente dificuldade, que exige do governante agilidade nas
providências da sua competência, notadamente nesse caso, que é do seu conhecimento
e que é denunciado por ele próprio, como sendo de natureza urgente e da maior gravidade.
É evidente que nada sendo feito contra a depressão
econômica, mesmo sabendo da sua gravidade, e depois de tudo consumado, o
presidente vai simplesmente se eximir de culpa e ainda querer se passar por
vítima, dizendo que ele ainda avisou tempos atrás e nada foi feito, como se, na
qualidade de mandatário do país, ele não tivesse nenhuma responsabilidade por
nada e também não tivesse se tornado inarredavelmente omisso, por deixar de
liderar operações tendentes a se encontrar os caminhos capazes de contornar o
desastre.
Este é o momento ideal para o presidente do país,
que vislumbra a crise, de maneira afirmativa, conforme mencionado em vídeo, principalmente
por alertar à nação sobre a possível calamidade que poderá atingir vinte
milhões de brasileiros e apenas se contentar em denunciá-la, mobilizar
urgentemente as forças capazes de agir em defesa da nação, para o fim de se
buscar as melhores medidas e/ou alternativas, em contraposição ao desastre
referido por ele.
Não tem o menor cabimento o presidente vir mais
tarde, alegar forças ocultas e fantasmas contra as ações do governo, por não
passar de desculpas inerentes às incompetências para se tentar justificar omissão
ou algo do gênero, por nada ter sido feito, quando não se quer fazer nada
mesmo, porque quando se deseja a execução de algo, em benefício do país e do
povo, sempre há caminhos para tudo e as iniciativas precisam partir exatamente do
Palácio do Planalto, que centraliza, por dever constitucional, as principais
políticas nacionais.
É de se ficar debilitado em ver prosperar
gigantescas omissões e incompetências nas mãos de quem tem o poder para agir,
mas prefere simplesmente alertar para o possível catástrofe e permitir que
aconteça o pior para todos, ficando apenas o triste consolo de que, ah, mas tudo
isso foi avisado, se lembram?
No mencionado vídeo, o presidente brasileiro chama a
atenção, como se isso fosse alguma novidade, que o isolamento social jamais
deveria ter existido, diante das consequências violentas contra o sistema
econômico, com a redução da produtividade e do emprego, cujo prognóstico presidencial
vem se confirmando, mas esquece a autoridade máxima do país que é preciso não
somente se levar em conta a questão afetada pela paralisação da economia, que é
muito importante sim, visto isoladamente, como ele faz, despreocupadamente.
Não obstante, por certo, o presidente do país não
faz questão de saber a quantidade de vidas humanas que foi salva, em razão
dessa medida drástica do confinamento social, que, em termos de importância
humanitária, não tem nada comparável, muito embora isso, na defesa presidencial
da economia, é de somenos importância, o que bem evidencia sentimento da maior insensibilidade
para com o ser humano, que, ao contrário, nas nações evoluídas, sérias e
civilizadas, em termos humanitários, prepondera quando os governos se obrigam a
adotar políticas públicas destinadas à proteção da saúde pública.
É importante que fique muito claro, até mesmo de
forma cristalina, que conspira contra o presidente da República a sua declaração
de que ele teria alertado que era extremamente contrário ao isolamento social,
por vislumbrar a debacle econômica, quando, de forma inexplicável, ele deixou
de, como faz exatamente agora, em razão da crise ora prenunciada, de apresentar
estudos produzidos pelo governo, que seriam da maior importância como maneira de
materialização de alternativas ao isolamento social, preponderando, conforme o
caso, situações outras que pudessem intermediar e satisfazer às questões
econômicas e humanitárias, conquanto poderiam existir, de maneira harmônica, o isolamento
nem tanto radical e a continuidade das atividades econômicas, tudo em benefício
da sociedade e do Brasil.
Não se sabe por qual motivo, o governo talvez tenha
preferido se omitir, para depois, como faz agora, dizer que ele tinha razão em
ser decididamente contrário ao isolamento social e que isso resultaria na natural
crise que afeta terrivelmente a economia, certamente olvidando, repita-se, os
milhões de vidas salvas, caso não se tivessem alternativas sob os cuidados de estudos
que poderiam certamente servir de orientação segura para a condução do efetivo
controle da pandemia do novo coronavírus e das atividades econômicas.
À toda evidência, nesses casos anunciados pelo
presidente do país, que se revestem da maior gravidade, por envolver e afetar
quantidade enorme de pessoas, só resta a alternativa da imediata providência para
se atacar o problema, com a maior severidade que o caso exige, cabendo a ele a convocação
do que for necessário para solucioná-lo o quanto antes, sem essa de se esperar
por ajuda, que, se for o caso, há de aparecer já com os estudos em andamento, sob
pena de responsabilização por omissão da autoridade competente.
Ante o exposto, à vista das desastradas experiências
consistentes nas ações, omissões e irresponsabilidades na condução terrivelmente
desastrada do combate à pandemia do novo coronavírus, onde se percebe que a
falta de iniciativa, estudos e normas sobre os fatos certamente contribuiu, de
maneira decisiva, para causar imensuráveis e gigantescos danos aos interesses
da sociedade e do Brasil, convém que o presidente da República, a par da sua preocupação
com a catastrófica situação de fome que se avizinha de vinte milhões de brasileiros,
tome a iniciativa da formalização, em caráter emergencial, de medidas e estudos
capazes de viabilizar soluções preventivas da danosa crise ora anunciada, como ação
necessária e inadiável que dispensa a ajuda pretendida por ele, que precisa agir
imediatamente, sob pena de ser mais uma vez considerado omisso.
Brasília, em 1° de outubro de 2020
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