Circula nas redes sociais, mais uma bonita história referente à vida de Dom Pedro ll, que foi imperador do Brasil, por 49 anos e fez governo brilhante para aquela época de muito pouco desenvolvimento, mas ele trouxe para o país o que de melhor acontecia no mundo, em termos de tecnologia e novidade.
Em 1889 um golpe militar liderado por Marechal
Deodoro da Fonseca, pôs fim a monarquia no Brasil e instaurou a República.
Dom Pedro ll, junto com família imperial, foram enviados
para o exílio no meio da madrugada, pois os revoltosos sabiam que se a população
soubesse do que estava acontecendo nos porões do império haveria guerra civil, de
vez que o povo amava Dom Pedro ll, que partiria para o exílio praticamente só
com a roupa do corpo e alguns pertences pessoais.
Em ligeira pesquisa sobre a riquíssima história de Dom
Pedro II, é possível se inebriar com o fantástico currículo de verdadeiro homem
público de invejável trajetória política, sobejamente marcada por atos de
dignidade que o eleva ao padrão superior de honradez e amor ao Brasil como nenhum
outro brasileiro consegue chegar à sua sombra, conforme mostram os fatos a
seguir.
Pois bem, Dom Pedro II foi o segundo e último monarca do Império do Brasil,
que experimentou época de grande prosperidade e progresso, mas, mesmo assim, a
sua deposição oi inevitável, que ocorreu mediante golpe planejado, organizado e
executado por republicanos insatisfeitos com o regime imperial, a despeito da
inexistência de qualquer desejo da população de mudança do sistema de governo.
Dom Pedro II era considerado modelo de cidadão e visto como herói, por
ter se tornado monarca respeitado, capaz, inteligente, carinhoso e fonte da
unidade e bem-estar nacional.
Embora o imperador representasse legitimamente os interesses das cortes
de Portugal, ele cresceu como homem dentro do Brasil, tendo fincado suas raízes
aqui e soube representar com fidedignidade o arquetípico governante benevolente,
modesto e eficiente, que se preocupava exclusivamente com o bem-estar dos brasileiros
e a defesa do país.
Sob
a liderança tranquila e soberana de Dom Pedro II, o Brasil aproveitou meio
século de paz interna e progresso na administração político-administrativa, graças
à sua moldagem de personalidade de mente séria, irrepreensível na sua vida
privada e muito consciente sobre a sua firmeza quanto à responsabilidade para com
o desempenho da gestão pública, que estava em primeiro lugar em tudo da sua
vida.
Dom Pedro II demonstrava muito amor e vocação às artes, à ciência e à literatura,
sendo bem informado nessas áreas, mas a sua vocação era mesmo de brilhante
estadista, onde demonstrou enorme capacidade e inteligência para a governança.
O imperador incorporou no governo a reputação de ser homem justo,
ponderado e objetivo, que projetava a imagem de soberano muito honesto e ético e
não hesitaria em disciplinar políticos que eram pegos afastando-se de seus
padrões de rigidez ética.
O ponto forte de dom Pedro II foi o de ter se tornado referência de
moralidade para a elite brasileira, tendo usado esse atributo de retidão e
pulso firme para distanciar o Brasil das 'instáveis' Repúblicas da América
Latina.
Em novembro de 1891, já no exílio, dom Pedro II disse, verbis: “Apliquei
todas as minhas forças e toda a minha devoção para assegurar o progresso e a
prosperidade de meu povo”.
A administração de dom Pedro II se alicerçava na diligência, paciência,
responsabilidade e, sobretudo, perseverança, de modo a se evitar ações extravagantes,
ousadas e de confronto, tanto que a sua gestão foi de muita paz.
Por cautela e prudência, o imperador adotou o domínio primacial dos
assuntos públicos, de modo que as suas integridade e imparcialidade eram
respeitadas por todos, tendo consolidado a primorosa identidade pública, que foi
automaticamente incorporada aos valores desejáveis para o predomínio do governo
do Brasil.
Dom Pedro conseguiu o status de ser, ao mesmo tempo, modelo de
imperador e cidadão, cuja estatura de homem público o projetava, com notável reputação,
no exterior, uma vez que os objetivos que ele defendia criariam a ideia de país
tão poderoso e civilizado quanto às grandes nações europeias, como a França, a Grã-Bretanha, além dos Estados
Unidos.
Ao longo do reinado de Pedro II, o Brasil se manteve como verdadeira democracia
representativa funcional, sendo alvo do reconhecimento e do elogio dos observadores
estrangeiros, que comparavam, por unanimidade, o sistema político brasileiro, aos
regimes burgueses da Europa, na sua semelhança, visto que o principal foco era a
regularidade das eleições democráticas, com destaque para a alternância dos
partidos no poder.
O governo do império observava com rigor os ditames da Constituição, cujos
direitos individuais eram protegidos, ressalvada a malévola herança da
escravidão, que mais tarde foi abolida, ainda no império.
Dom Pedro foi deposto e exilado aos 65 anos de idade, cujo importante
legado se relaciona à consolidação da integridade da nação, a abolição do
comércio de escravos e o estabelecimento das fundações de sistema político-representativo,
graças às eleições ininterruptas, além da importante liberdade de imprensa
A história mostra que, além da prosperidade e da modernização implantadas
no Brasil, dom Pedro também deixou pródigo e importante legado de valores
políticos e pessoais, a ponto de também ter sido consistentemente considerado
por acadêmicos e homens públicos como o maior brasileiro da história.
Depois da deposição de dom Pedro II, muitas foram as manifestações do povo
e de importantes homens públicos, enaltecendo as qualidades morais e administrativas
dele, sendo que muitas se revestiam de veementes protestos contra a arbitrariedade
praticada pelos militares, à vista da inexistência de qualquer fato capaz de
motivar a proclamação de República, salvo a insatisfação de parcela poderosa e
influente da sociedade.
Muitas foram as homenagens prestadas ao ex-imperador, em
reconhecimento ao seu importante legado, sendo que o discurso mais empolgante e
destacado, que até passou para a história brasileira, por sua relevância
política de valorização ao trabalho de dom Pedro, foi pronunciado em 1914,
segundo consta dos anais, pelo então senador Rui Barbosa, o último líder ainda
vivo do golpe de 1889 e justamente a pessoa que ordenou banimento de dom Pedro
II.
O notável tribuno Rui Barbosa disse o seguinte: “A falta de
justiça, Senhores Senadores, é o grande mal da nossa terra, o mal dos males, a
origem de todas as nossas infelicidades, a fonte de todo nosso descrédito, é a
miséria suprema desta pobre nação. (...) De tanto ver triunfar as nulidades,
de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto
ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da
virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto. Essa foi a obra da
República nos últimos anos. No outro regime (a Monarquia), o homem que
tinha certa nódoa em sua vida era um homem perdido para todo o sempre, as
carreiras políticas lhe estavam fechadas. Havia uma sentinela vigilante (Pedro
II), de cuja severidade todos se temiam e que, acesa no alto, guardava a
redondeza, como um farol que não se apaga, em proveito da honra, da justiça e
da moralidade.”.
Diante dos clamores por justiça à família imperial, somente em 1916,
o presidente da República concedeu indulto a ela e autorizou o seu retorno ao
Brasil, inclusive os restos mortais de dom Pedro, cujo ato foi assinado somente
depois da primeira guerra mundial, em 1920, sendo que os descendentes da corte
brasileira regressou efetivamente ao país em 1925.
Por derradeiro, parece interessante se contar uma
das últimas façanhas protagonizada por dom Pedro, quando um dos revoltosos,
vendo a triste cena da partida, teve espécie de compaixão pelo ex-imperador e
lhe ofereceu uma quantia em dinheiro no valor de 5 mil contos de réis, o que
equivalia a 4 toneladas e meia de ouro.
Dom Pedro, em seu ímpeto de moralidade exclamou:
- De onde vem esse dinheiro?
Foi lhe respondido:
- Vem do tesouro nacional, majestade.
Dom Pedro replicou;
- Isso foi votado e aprovado pelo parlamento?
O revoltoso respondeu;
- Não, majestade.
Dom Pedro então exclama:
- E com que direito se apossa do dinheiro público?
O imperador recusa a quantia que lhe foi oferecida,
partindo então para o exílio.
Nessa
mesma linha de acontecimento, eu havia ouvido outra história bem parecida a
essa, que dizia que muitos bens, como joias, ouro, valores foram empacotados
para seguir no comboio do exílio imperial e dom Pedro, depois de saber desse
rico patrimônio, mandou excluí-lo do seu acervo de viagem, sob o argumento de
que tudo aquilo pertencia ao Brasil, conquanto ele, até então, era apenas
guardião do Tesouro Nacional e que ele não possuía patrimônio algum, ou seja,
depois de governar o país, por quase 50 anos, o homem público mais importante
da história brasileira partiu para exílio com uma mão na frente e outra atrás.
Na
verdade, só Deus sabe o destino dessa fortuna, depois de ter sido passada para
o poder dos brasileiros, em razão da sua fama de muita desonestidade com a
coisa pública, à vista dos péssimos exemplos de muitos gestores públicos da
atualidade, que não nunca fizeram diferença de caráter.
Salve
o brilhante e extraordinário imperador brasileiro, dom Pedro II, exemplo de princípios,
dignidade, moralidade, economicidade e amor ao Brasil, tendo sido injustamente
deposto do trono e exilado, porque não havia motivo algum para tamanha arbitrariedade,
que certamente fora maquinada e impulsionada pelas elites da época, senão diante
da agigantada e inescrupulosa ganância pelo poder.
É
preciso que sejam resgatadas, com urgência, não somente a imagem, mas a postura
de muita honra e dignidade desse grande imperador do Brasil, que deixou
imensurável legado de obras materiais e honestidade para os brasileiros, que
precisam conhecê-lo, como forma de conscientização sobre a vida riquíssima de
amor às coisas do Brasil, cultuado por esse incomparável patriota, com puro sangue
da monarquia.
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