quarta-feira, 7 de outubro de 2020

Socorro: salvem a floresta!

            Visivelmente com a tentativa de se esquivar das duras críticas à política ambiental vigente, em razão dos incêndios que se alastram na Amazônia e no Pantanal, o governo publicou elementos mostrando comparações incabíveis ao caso e ainda fez afirmação falsa, no sentido de que a área queimada no país é a menor dos últimos 18 anos.

No mencionado documento, consta que "Mesmo com os focos de incêndio que acometem o Pantanal e outros biomas brasileiros, a área queimada em todo o território nacional é a menor dos últimos 18 anos. Dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espacial) revelam que 2007 foi o ano em que o Brasil mais sofreu com as queimadas".

A Presidência da República, por meio da Secretaria de Comunicação (Secom), comparou dados de oito meses deste ano com dados fechados de 12 meses dos anos anteriores, o que mostra visível falta de escrúpulo no trato com assunto da maior importância, que exige o máximo de seriedade e respeito à opinião pública, que merece, no mínimo, respeito quanto às informações sobre as políticas de combate contra os incêndios.

O ministro da Secretaria de Comunicação escreveu: "Nada mais didático para que tenhamos um retrato claro dos últimos anos. Os números do Inpe estão aí para que todos possam ver a verdade".

A Secom também publicou imagem com o total, por ano, de focos de incêndio, sem fazer menção ao ano de 2020, tendo afirmado que "expôs os dados que estão à disposição, sem ocultar nada" e que "o que passa disso é ilação falaciosa do jornal".

Percebe-se claramente o enorme esforço do governo para tentar mostrar que a consumação da vegetação pelas chamas é passível comparação razoável com os anos anteriores, mas do que vale realmente se comprovar a extensão da área queimada e dizimada, porque isso pouco importa ao caso, que se encerra basicamente nas medidas contraincêndio adotadas pelo governo, como forma de preservar e proteger a natureza, os ricos biomas brasileiros, que estão sendo tragados impiedosamente pelo fogo, em razão da incompetência, de alguma forma, por parte de quem tem a incumbência legal de controlar e fiscalizar as áreas abrangidas pelas chamas e é sobre essa realidade que o governo precisa agir com todas as forças, muito além do normal.

Não passa de demonstração de estupenda incompetência, por parte de quem pretende justificar o injustificável, com o uso de meras comparações entre áreas verdes transformadas em cinzas,  porque isso representa perda de tempo, ao se mostrar qual ano se queimou mais ou menos, porque isso não passa de mera perfumaria diante da monstruosidade da devastação dos biomas, quando o que interessa mesmo é evidenciar competência para controlar os focos de incêndios e se evitar a destruição das matas e dos animais, que precisam da proteção máxima do governo.

Compete ao governo entrar urgentemente no clima anti-incêndios, sem necessidade de precisar ficar se justificando por sua própria omissão, porque as queimadas existem de longa data, de priscas eras, e não faz o menor sentido querer tapar o sol com a peneira, na tentativa apenas de se mostrar quem é mais incompetente, omisso ou irresponsável, se o governo atual ou os anteriores, com relação aos cuidados e ao zelo para com a natureza, ou seja, quem foi mais condescendente com os crimes causados ao meio ambiente, que precisam ser combatidos com severidade.

O governo precisa se conscientizar sobre a premente necessidade não em se defender das pesadas acusações de omissão e incompetência, como vem fazendo de maneira brava e corajosa, como demonstra em todos os flancos, mas especialmente em proteger, com os maiores empenho e prioridade, os biomas da Amazônia ao Pantanal, porque eles são importantes patrimônios dos brasileiros, mas infelizmente eles seguem sob inclemente consumo galopante do intenso fogo.

É absolutamente imprudente e desonesta a tentativa de se tentar minimizar tamanha crise ambiental que, enfim, resulta em impactos econômicos, sociais e ambientais, quando seriam muito mais interessante e prudente o reconhecimento e a aceitação da irretocável realidade do desastre ecológico, para o fim de serem adotadas as providências cabíeis e urgentes, no que for preciso para debelar os incêndios, por todas as formas, tanto pelo ar como por terra, porque isso é o que precisa ser feito e com urgência, como demonstração de competência e responsabilidade de quem realmente tem compromisso com a preservação da valiosa floresta brasileira.

          Brasília, em 7 de outubro de 2020  

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