Na crônica intitulada “A mudança para pior”,
foi dito que o brilho do trabalho do presidente da República tem suma
importância para o país e o povo, mas é preciso que ele se conscientize de que atitude
como a da coalizão com o Centrão robustece a desconfiança de que o governo é
cediço a atos nada republicanos, em detrimento da seriedade e da credibilidade
que foram conquistadas na campanha eleitoral, quando, depois disso, houve
facilmente a quebra das promessas de mudanças por motivo estranho ao interesse
público, fato que desmerece em muito a honra do mandatário do país.
Uma distinta seguidora de meus textos escreveu
a seguinte mensagem, motivada por minhas colocações: “BOA TARDE AMIGO, LENDO
SUA CRÔNICA ME LEMBREI QUE NUNCA MAIS OUVI BOLSONARO MENCIONAR A FRASE: BANDIDO
BOM É BANDIDO MORTO, POR QUÊ SERÁ? UM ABRAÇO.”.
Em
resposta à importante indagação, eu digo que é bastante lamentável que o
presidente da República tenha mudado tanto e em vários aspectos que faziam o
seu perfil de homem público obstinado a mudar a mentalidade do político que se
posiciona segundo os seus interesses.
Realmente,
o presidente não pronuncia mais aquela expressão e muitas outras que eram a sua
marca registrada, principalmente com relação a muitos dos compromissos
assumidos na campanha eleitoral ou mesmo depois dela, quando ele se mostrava o
homem público contrário a tudo que os brasileiros gostariam que fosse objeto de mudança, como
nesse específico caso que envolve o criminoso.
Essa
brusca inexplicável transformação para pior do político não é bom sinal, porque
muitas pessoas o simpatizavam justamente por ele pensar em sintonia com parcela
expressiva dos brasileiros, que ainda anseiam por mudança para melhorar o
pensamento do homem público.
A
propósito, como importante ilustração, citem-se em especial o trabalho fantástico
e importante da Operação Lava-Jato, que o presidente do país tanto defendia e
exaltava e até conseguiu tirar do comando dela, nada mais nada menos, precisamente o seu principal operador, que então
havia se tornado herói nacional, por força do seu trabalho, para ser o agente
propaganda do governo, com a função especial de comandar a pasta reconhecida
como o Superministério da Justiça e da Segurança Pública, para mostrar que ele
era seu principal defensor e incentivador no governo quanto aos atos de combate
à corrupção e à impunidade.
Tudo
não passou de verdadeiro fiasco, porque o presidente do país nunca se empenhou nem
demonstrou interesse em aperfeiçoar e fortalecer os aludidos atos e, de tanto desprestigiar
aquele ministro, este preferiu pedir exoneração do cargo, em processo próprio
de descarte, por ele não mais servir para os objetivos iniciais do mandatário
do país.
Agora, o
presidente brasileiro inverteu tanto a mentalidade favorável que tinha sobre a
Operação Lava-Jato que chegou ao ponto, pasmem, de decretar o seu término, em
demonstração da sua consciente inversão de valores, cujo fato não chega a ser
nenhuma novidade, diante da sua repentina decisão de se unir, com aliança e
tudo, com o funesto e deplorável Centrão, em que, a partir de então, não seria mais
surpresa que ele fosse capaz de tudo em negação aos princípios da moralidade e
da dignidade que ele tanto apregoava, evidentemente apenas na campanha eleitoral.
A verdade é que, qualquer governo que prime pelos
princípios da eficiência e da moralidade da sua gestão, certamente que se
empenharia em fortalecer as medidas capazes do aperfeiçoamento e da abrangência
dos mecanismos de combate a esse câncer da administração pública, mas, ao
contrário, o presidente tenta acabar com a competência da Lava-Jato e tem
tentado tudo nesse sentido, inclusive o impossível, à vista da sua absurda e
estranha declaração de que já acabou com essa operação de excelentes serviços
prestados ao Brasil e aos brasileiros.
Em
um país sério, a ampliação da abrangência das ações desse órgão é de suma
importância, em termos de competência, eficiência e efetividade no combate à
corrupção e à impunidade, sobretudo sob a ótica mais precisa sobre a matéria seria
no sentido de que, sem ela, a criminalidade de colarinho branco retoma às suas
atividades nefastas, com a maior sede de recuperação do tempo perdido, enquanto
a Lava-Jato esteve em ação.
Os
brasileiros sabem perfeitamente como aqueles criminosos eram tratados pela
Justiça, antes da Operação Lava-Jato, quando exatamente nada acontecia com
eles, porque a Justiça não agia, não tinha interesse e, ao contrário, a
corrupção e a impunidade eram privilegiadas, que aproveitavam a omissão e a
incompetência para se agigantarem, contando com esse especial estímulo do Poder
Judiciário, que, antes, nunca condenou nenhum deles e ninguém desses
delinquentes famosos havia sequer visitado a prisão, quanto mais sido preso.
Somente
a partir dessa operação, houve muitas condenações à prisão e determinações à
restituição de recursos aos cofres públicos, conforme mostram as decisões
judiciais.
Foi
somente a implantação da Operação Laja-Jato que muitos criminosos importantes,
como poderosos políticos, empresários, lobistas, executivos, construtores e
outros assemelhados inescrupulosos e aproveitadores do dinheiro público passaram
a frequentar as celas prisionais, que somente eram ocupadas por delinquentes de
nenhuma importância.
É
lamentável que o presidente da República tenha, em tão pouco tempo, abdicado do
seu gosto preferido de exaltação aos temas que agradam a vontade popular, quando
eles normalmente sinalizavam para a possível mudança de comportamento do homem
público, em sintonia com os anseios do povo.
O
que se pode intuir, nesse caso, é que razões de ordem pessoal e familiar devem
ter contribuído fortemente para as mudanças radicais do presidente da República,
em clara demonstração de que o interesse público foi destronado.
Enfim,
essa parece ser a realidade que pode explicar como o mandatário do país consegue
mudar as ideias que foram tão importantes para a construção do perfil do político
vitorioso, com tendência de consolidação da sua imagem diferenciada da velha
política, mas o retrocesso da sua mentalidade, conforme evidenciam os fatos,
pode pôr todos os políticos tupiniquins no mesmo patamar de mediocridade, com a
perda da sua credibilidade.
Urge
que os verdadeiros políticos estudem o comportamento do presidente da
República, desde, em especial, da campanha eleitoral dele até o atual momento,
como subsídio ideal para a construção do perfil do homem público que possa se identificar
realmente com as aspirações da sociedade e jamais mudar de pensamento como as
nuvens mudam de lugar, apenas ao sabor do interesse ou de conveniência, diante
da maneira decepcionante que isso reflete perante aqueles que teimaram em acreditar
na existência de político de verdade.
Brasília,
em 25 de outubro de 2020
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