sexta-feira, 30 de outubro de 2020

Apegação à causa justa

         Diante da crônica que relatei a pobreza dos debates da campanha eleitoral em Uiraúna, Paraíba, à vista das acusações dispensáveis e fora dos propósitos e objetivos próprios dos debates, uma distinta e sempre atenta senhora escreveu a seguinte mensagem, verbis: “Uiraúna precisa de modernidade e progresso, para crescer se destacar no País. Amo minha terra e meu povo. Vamos que vamos fazer a diferença! Mudar o cenário de mais de 20 anos.”.

Em resposta à expressiva mensagem, eu disse que me associava à tão importantes palavras.

Se eu não amasse tanto Uiraúna jamais escreverei as minhas crônicas com tanta contundência como faço e com as maiores clareza e objetividade, justamente para chamar a atenção da povo para os fatos nelas enfocados, normalmente mostrando a carência de saneamento ou mudança, e sei que muitos de meus conterrâneos não estão nem aí, no caso da continuidade do status quo.

Já ouvi de pessoas amigas e sinceras que moram em Uiraúna me dizerem que minhas crônicas desagradam muito mais do que agradam, justamente porque eu escrevo direto ao assunto e sem compromisso para agradar quem quer que seja, senão com o primordial desejo de que os meus textos possam ser lidos por pessoas de boa vontade e decididas  finalmente a compreenderem que há necessidade de atitude corajosa para se dizer basta à decadência que tem sido a marca registrada impingida ao povo daquela cidade.

Eu respondi que não estava muito preocupado com a opinião contrária à minha, não, porque essas pessoas estão mesmo é precisando de um pouco de elevação cívica e intelectual para compreenderem que somente com mudanças reais e efetivas de mentalidade será possível tirar Uiraúna da situação que se encontra, onde as pessoas têm medo de se manifestar sobre os próprios pensamentos e dizerem o que precisa ser mudado para melhorar o que for possível, em beneficio de todos.

A crônica em apreço, por exemplo, nada mais é do que corajoso e estridente grito, ensurdecedor mesmo, em apelo à civilidade e à compreensão aos principais políticos que estão disputando o principal cargo da cidade e torso muitíssimo para que eu não erre, porque tenho certeza absoluta de que se trata do meu perfeito eco silencioso aos moucos, por ter a certeza de que o meu grito não haverá ressonância, na certeza ainda de que todos eles estão muito bem conscientes de já estarem no caminho certo.

Outro dia mesmo, falando com ilustre e expoente, reconhecido professor, filho de Uiraúna, ele me disse com muita clareza que não opinava em assuntos políticos com relação à nossa terra natal, quando lamentei profundamente que a reconhecida experiência dele seria de grande valia para o povo, em forma de muitas e excelentes melhorias.

Acredito que muitas pessoas com a inteligência dele devem ter a mesma mentalidade de se imaginar que melhor mesmo seria não se imiscuir onde não são chamadas.

Preciso esclarecer, com relação a mim, que, mesmo nessa condição de clara e explícita adversidade, eu não me perdoaria se eu tivesse o mesmo entendimento desses conterrâneos, de simplesmente dá uma de Pilatos, mas meu coração pede que eu ame a minha terra natal, independentemente da aceitação ou não dos meus textos, porque é preciso que eu satisfaça primordialmente a mim mesmo, sentindo-me feliz em tentar ajudar, mesmo que as minhas opiniões não sejam entendidas na mesma maneira como eu as compreendo, porque quando muito posso transmitir algo que imagino de bom alvitre, evidentemente sob a minha ótica.  

           Brasília, em 30 de outubro de 2020

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