Em crônica, eu disse que os atos do presidente
da República precisam se ajustar à normalidade jurídica, além de satisfazerem ao
interesse público, à vista das barbaridades praticadas por ele quando do
anúncio da escolha de ministros para o Supremo Tribunal Federal.
Em síntese, uma educada e ilustrada senhora, a par
de elogiar o excelente trabalho feito pelo presidente do país, alegou que ele deve
tomar as decisões que achar necessárias ao país, tendo reconhecido também que todos
erram e seus atos não satisfazem a todos.
Diante dessas afirmações e à vista da
importância do comentário dela, em sintonia com o que tenho escrito, eu disse que,
com a permissão dessa senhora, a resposta à aludida mensagem viria por meio de
crônica.
A resposta dela foi a mais agradável possível, nestes
termos: “amo ler suas crônicas, com
certeza pode responder será um prazer. Obg amigo um abraço.”.
Em
agradecimento, eu disse que tinha ficado alegre pela predileção ao meu trabalho
literário, que o faço na convicção de que o pouco do que escrevo pode mostrar
algo esclarecedor ou mesmo capaz de suscitar questionamentos, como no caso das ricas
ponderações dela, que me ajudaram a elaborar a nova crônica, que me deixou
muito orgulhoso ante o seu teor bastante interessante, a meu sentir, que
encerra muito do que seja o princípio basilar para a orientação a quem pretende
realmente ser político de verdade, com o pensamento voltado exclusivamente para
a satisfação do interesse público, na sua plenitude, algo que se distancia em
muito do pensamento dos atuais políticos brasileiros.
Eu
falo assim com base em casos concretos e que são do conhecimento dos
brasileiros e merecem o repúdio daqueles que primam pela honorabilidade nas
atividades políticas.
Quero
citar, a propósito, mais especificamente o caso do nosso presidente da
República, que fez fantástica campanha eleitoral, tendo como objetivo
primordial a promessa de mudança de comportamento e atitude, com foco principal
na moralização da administração pública e isso, evidentemente, ganhou a
simpatia e a adesão de muitos eleitores à sua candidatura, que foi vitoriosa,
tanto por esse importante compromisso como por outros igualmente interessantes
e necessários à citada moralização.
Vejam-se
que me refiro às promessas reiteradamente confessadas em público, sem se
acrescentar nenhuma condição ou restrição sob possíveis adversidades.
Pois
bem, o presidente também deixou bastante claro que odiava a velha política, por
entender que ela teria causado terrível mal quando se associou aos governos
anteriores e até, por causa disso, muitos de seus integrantes tenham se
envolvidos com as investigações levadas a efeito pela Operação Lava-Jato,
objeto de muitas ações que tramitam na Justiça.
Apesar
das fortes declarações de repúdio às velhas políticas, o ilustre capitão da
reserva do Exército abriu, de forma solene, as portas do Palácio do Planalto,
arreganhando-as para o Centrão, grupo político prócer da velha política odiada
por ele, o que demonstra a extrema negação à palavra ditas na campanha e,
enfim, da honra aos seus compromissos, que foram quebrados e jogados na lata do
lixo, em razão exclusivamente da necessidade da satisfação à conveniência de
interesse pessoal, à vista da iminência de ele vir a responder processo de
impeachment e uma das formas possíveis de contorná-lo seria essa coalizão
sebosa, vergonhosa e até humilhante com o desacreditado Centrão, que se
compromete a apoiá-lo no Congresso Nacional, votando em favor do governo em
troca de cargos e emendas parlamentares, fato este que caracteriza forma
vergonhosa de corrupção, diante da acomodação em negociatas com recursos
públicos.
Essa
incrível e inacreditável união era a confirmação do mais deplorável sistema do
toma lá dá cá no governo que se dizia de mudanças e afirmava desprezo por essa prática
deprimente, que era bastante recriminada pelo chefe do Executivo, mas, com a
cara mais brilhosa de óleo de peroba, compactua fervorosamente com o Centrão e
ainda tem a indignidade de dizer que o governo foi levado ou obrigado a se prostituir
por força de atos agressivos dos poderes Legislativo e Judiciário.
Na
verdade, o que está em jogo é a situação pessoal dele, com o possível processo
de impeachment, que não tem nada envolvendo o governo, o que vale dizer que se
ele não tivesse brigado insistentemente com os outros poderes, como o fez de
maneira irresponsável e inconsequente, não haveria nenhuma necessidade dessa
famigerada e nojenta união com o Centrão, que somente age por nefasto interesse
do grupo político, cuja questionável índole já se tornou evidente no seio da sociedade.
Enfim,
o brilho do trabalho do presidente da República tem suma importância para o
país e o povo, mas é preciso que ele se conscientize de que atitude como a da
coalizão com o Centrão robustece a desconfiança de que o governo é cediço a
atos nada republicanos, em detrimento da seriedade e da credibilidade que foram
conquistadas na campanha eleitoral, quando, depois disso, houve facilmente a quebra
da promessa de mudanças por motivo estranho ao interesse público, fato que
desmerece em muito a honra do mandatário do país.
Brasília,
em 23 de outubro de 2020
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