sexta-feira, 23 de outubro de 2020

A mudança para pior!

 

Em crônica, eu disse que os atos do presidente da República precisam se ajustar à normalidade jurídica, além de satisfazerem ao interesse público, à vista das barbaridades praticadas por ele quando do anúncio da escolha de ministros para o Supremo Tribunal Federal.

Em síntese, uma educada e ilustrada senhora, a par de elogiar o excelente trabalho feito pelo presidente do país, alegou que ele deve tomar as decisões que achar necessárias ao país, tendo reconhecido também que todos erram e seus atos não satisfazem a todos.

Diante dessas afirmações e à vista da importância do comentário dela, em sintonia com o que tenho escrito, eu disse que, com a permissão dessa senhora, a resposta à aludida mensagem viria por meio de crônica.   

A resposta dela foi a mais agradável possível, nestes termos: “amo ler suas crônicas, com certeza pode responder será um prazer. Obg amigo um abraço.”.

Em agradecimento, eu disse que tinha ficado alegre pela predileção ao meu trabalho literário, que o faço na convicção de que o pouco do que escrevo pode mostrar algo esclarecedor ou mesmo capaz de suscitar questionamentos, como no caso das ricas ponderações dela, que me ajudaram a elaborar a nova crônica, que me deixou muito orgulhoso ante o seu teor bastante interessante, a meu sentir, que encerra muito do que seja o princípio basilar para a orientação a quem pretende realmente ser político de verdade, com o pensamento voltado exclusivamente para a satisfação do interesse público, na sua plenitude, algo que se distancia em muito do pensamento dos atuais políticos brasileiros.

Eu falo assim com base em casos concretos e que são do conhecimento dos brasileiros e merecem o repúdio daqueles que primam pela honorabilidade nas atividades políticas.

Quero citar, a propósito, mais especificamente o caso do nosso presidente da República, que fez fantástica campanha eleitoral, tendo como objetivo primordial a promessa de mudança de comportamento e atitude, com foco principal na moralização da administração pública e isso, evidentemente, ganhou a simpatia e a adesão de muitos eleitores à sua candidatura, que foi vitoriosa, tanto por esse importante compromisso como por outros igualmente interessantes e necessários à citada moralização.

Vejam-se que me refiro às promessas reiteradamente confessadas em público, sem se acrescentar nenhuma condição ou restrição sob possíveis adversidades.

Pois bem, o presidente também deixou bastante claro que odiava a velha política, por entender que ela teria causado terrível mal quando se associou aos governos anteriores e até, por causa disso, muitos de seus integrantes tenham se envolvidos com as investigações levadas a efeito pela Operação Lava-Jato, objeto de muitas ações que tramitam na Justiça.

Apesar das fortes declarações de repúdio às velhas políticas, o ilustre capitão da reserva do Exército abriu, de forma solene, as portas do Palácio do Planalto, arreganhando-as para o Centrão, grupo político prócer da velha política odiada por ele, o que demonstra a extrema negação à palavra ditas na campanha e, enfim, da honra aos seus compromissos, que foram quebrados e jogados na lata do lixo, em razão exclusivamente da necessidade da satisfação à conveniência de interesse pessoal, à vista da iminência de ele vir a responder processo de impeachment e uma das formas possíveis de contorná-lo seria essa coalizão sebosa, vergonhosa e até humilhante com o desacreditado Centrão, que se compromete a apoiá-lo no Congresso Nacional, votando em favor do governo em troca de cargos e emendas parlamentares, fato este que caracteriza forma vergonhosa de corrupção, diante da acomodação em negociatas com recursos públicos.

Essa incrível e inacreditável união era a confirmação do mais deplorável sistema do toma lá dá cá no governo que se dizia de mudanças e afirmava desprezo por essa prática deprimente, que era bastante recriminada pelo chefe do Executivo, mas, com a cara mais brilhosa de óleo de peroba, compactua fervorosamente com o Centrão e ainda tem a indignidade de dizer que o governo foi levado ou obrigado a se prostituir por força de atos agressivos dos poderes Legislativo e Judiciário.

Na verdade, o que está em jogo é a situação pessoal dele, com o possível processo de impeachment, que não tem nada envolvendo o governo, o que vale dizer que se ele não tivesse brigado insistentemente com os outros poderes, como o fez de maneira irresponsável e inconsequente, não haveria nenhuma necessidade dessa famigerada e nojenta união com o Centrão, que somente age por nefasto interesse do grupo político, cuja questionável índole já se tornou evidente no seio da sociedade.

Enfim, o brilho do trabalho do presidente da República tem suma importância para o país e o povo, mas é preciso que ele se conscientize de que atitude como a da coalizão com o Centrão robustece a desconfiança de que o governo é cediço a atos nada republicanos, em detrimento da seriedade e da credibilidade que foram conquistadas na campanha eleitoral, quando, depois disso, houve facilmente a quebra da promessa de mudanças por motivo estranho ao interesse público, fato que desmerece em muito a honra do mandatário do país.

Brasília, em 23 de outubro de 2020  

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