O presidente da República compareceu, no último sábado, à casa do ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, em visita de cortesia, cujo encontro ficou registrado com o abraço fotografado pela CNN Brasil, mostrando o real estado de aproximação dele com membro de poder tão criticado há pouco tempo e ainda da ala petista.
Ao
tomarem conhecimento dessa decrépita situação, eleitores e apoiadores do
presidente tiveram reação de muita revolta com o encontro dele com o ministro do
Supremo, de sangue e alma petista, na casa do magistrado, em Brasília.
Nas
redes sociais, ex-apoiadores do presidente subiram a tag #BolsonaroTraidor, em
razão do forte abraço entre aquelas autoridades da República, flagrado por
televisão.
Ressalte-se
que também participaram da reunião o presidente do Senado Federal, poder que
também foi agredido reiteradamente pelo mandatário brasileiro, e o novo indicado
para ministro do Supremo.
Um
eleitor questionou o abraço do presidente no ministro do Supremo, que escreveu,
verbis: “Meu presidente, bom dia! O senhor pode explicar isto? Sou
‘eleito’ (sic) seu, só não quero ficar com dúvidas de nada”.
Em
resposta, o presidente, sem ter explicado nada, escreveu para o eleitor dele, ipsis
litteris: “Preciso governar. Converso com todos em Brasília. Um abraço”.
Como
a tag #BolsonaroTraidor esteve entre os assuntos mais comentados do Twitter,
neste domingo, um dos filhos do presidente, que é vereador pelo Rio de Janeiro,
ainda tentou acalmar os seguidores do pai, procurando explicar o inexplicável
abraço ao ministro petista do Supremo.
O
vereador justificou o questionado abraço, dizendo: “Se foto significasse
algo, tem cada uma ‘impublicável’ de gente que admiro com antagônicos... Pautas
de interesse do país travadas em todas as esferas há cerca de dois anos e
tenta-se costurar alternativa para que o Brasil ande”.
Em
outro post, o vereador disse que o presidente do país está sendo “estuprado”
por ex-apoiadores, em função do encontro fora da agenda presidencial com o
ministro do STF.
O
vereador prosseguiu defendendo o pai, ao afirmar, verbis: “Desperdiçam
todo o trabalho que o governo vem fazendo para ‘estuprar’ um homem que sozinho
não tem o poder que muitos acham que tem! Críticas são bem vindas, assim como
qualidades não podem ser ignoradas! Ainda dá! Meu Deus!”.
Em
obediência aos princípios republicanos e nos termos da Carta Magna, compete ao
presidente da República, como função privativa, a indicação ao Senado do nome da
pessoa escolhida por ele para ministro do Supremo e nomeá-lo depois da aprovação
pelo Câmara Alta.
Na
realidade, o que, lamentavelmente, se vê é o presidente do país bater em porta
em porta, fora da agenda presidencial, com o pires na mão, pedindo apoio até ao
diabo para conseguir a aprovação da pessoa em cogitação, em procedimento inusitado
e esdrúxulo que conspira contra a dignidade do ocupante do principal cargo do
país, que também nem teve a honraria de indicar pessoalmente o futuro ministro,
eis que é sabido que se trata de nome empurrado a dedo e goela baixo pelo
famigerado Centrão, fato que suscita uma séria de desconfianças, porque esse
grupo político gozar dos piores conceitos no trato com a coisa pública, a
exemplo de vários de seus integrantes estarem envolvidos com irregularidades
investigadas pela Operação Lava-Jato, cujos processos estão mofando no Supremo,
aguardando a costumeira prescrição das respectivas ações criminais, para o
devido arquivamento.
Como
resposta ao eleitor, o presidente disse que precisa conversar para governar, o
que é absoluta verdade, mas essa conversa precisa ficar no âmbito dos princípios
republicanos, em que o mandatário da nação precisa e deve se manter inflexível
quanto à observância da liturgia do cargo, evitando a humilhação de abraçar
pessoa que até meses a tratava com agressão e demonstrava nenhuma consideração por
ela, exatamente em razão de posicionamentos políticos antagônicos, mas, de
repente, com a finalidade de palmilhar com plumas o caminho para a provação do
nome do indicado do Centrão para ministro do Supremo, pessoa identificada com a
ideologia da esquerda, ele alega necessidade de governar.
É
preciso que o presidente se conscientize de que o verbete “governar” tem o
alcance de muita decência e condiz mais precisamente com a estrita satisfação
do interesse público, que está a ano-luz dessa indicação de ministro do
Supremo, que, à luz da racionalidade política, não tem nada com governabilidade,
porque, quem pensa assim, está mesmo com o sentido em outras intenções bastantes
distantes do que seja governar.
Em
princípio, o poder Judiciário não tem nada, absolutamente nada, com governar o
país, porquanto a sua competência constitucional cinze-se à guarda da
integridade dos ditames da Carta Maior do país, salvo outros interesses em
processos em tramitação na Excelsa Corte de Justiça, tanto de integrantes e
familiares do Palácio do Planalto como do Centrão e isso fica muito evidente na
indicação de magistrado com afinidades petista, conforme as opiniões de
especialistas.
O
vereador carioca procura minimizar o abraço do pai no petista, afirmando que o
presidente tenta “costurar alternativa para que o Brasil ande”, esquecendo
ele que essa tentativa de “costura” tem estreita ligação com algo absolutamente
diferente de fazer o Brasil andar, tendo em conta que a provação da indicação de
alguém para ministro é algo tão insignificante, desprezível que somente nas
republiquetas isso poderia ser interpretado como algo importante para fazer o
país andar, fato este que mostra um pouco da mentalidade política dos homens
públicos.
A
situação se torna ainda mais grave quando se invocam o tanto que o presidente já
fez pelo país para que ninguém possa reagir decepcionado com a pequenez de ele precisar
ficar mendigando o apoio de autoridades para a aceitação de nome indicado pelo
Centrão e mesmo que tivesse sido da escolha dele, porque, em nenhum outro país o
mandatário se submeteria a expediente tão insignificante quanto desaconselhável,
diante da necessidade de se honrar a dignidade do principal cargo da República.
Em
apologia ao vereador carioca, que disse que “Desperdiçam todo o trabalho que
o governo vem fazendo para ‘estuprar’ um homem (...)”, pode-se afirmar que,
o estupro não foi do presidente, mas sim da República, que tem a sua imagem
deturpada por homem que se mostra muito interessado em nomeação de ministro
para o Supremo, com imensuráveis empenho e desenvoltura jamais vistos na história
republicana.
Muitas
pessoas de bem desconfiam do sacrifício presidencial, que certamente hão de
aparecer nos resultados de tamanha dedicação por algo que não passa de mero
ingresso em cargo público relevante, que deveria se processar naturalmente, na
forma da lei, caso não houvesse tantos interesses a justificar o presidente do
país a fazer papel de principal alvo, como comprova o seu empenho em algo que
nunca mereceu tantos cuidados, a ponto de precisar se aproximar de adversários
políticos, conforme mostra o inadmissível abraço a petista, fato que merece
realmente a desaprovação de eleitores dele e de pessoas sensatas.
Também
não tem o menor cabimento a alegação do nobre vereador, no sentido de que “Desperdiçam
todo o trabalho que o governo vem fazendo (...), como esforço para
justificar que o presidente tem feito trabalho e, por força disso, ao que se
insinua, ele pode, por ter direito adquirido, a praticar o que bem entender,
inclusive abraçar seus adversários por conta de algo absolutamente estranho às funções
presidenciais, sabendo-se que a aprovação da indicação em causa, não passa de
expediente burocrático da menor significância do cargo presidencial, mas, ao
que tudo indica, isso foi transformado, sem a menor explicação, em bandeira da
maior importância para o Palácio do Planalto, talvez por envolver interesses em
assuntos examinados no Supremo, onde se espera que o indicado tenha habilidade
necessária para compreender o brutal esforço presidencial.
Convém
ficar muito claro que todo trabalho realizado pelo presidente da República, que
precisa ser da melhor qualidade, apenas faz parte das funções presidenciais
previstas para o exercício do cargo, não cabendo que alguém venha alegar que
ele não possa ser criticado como, por exemplo, em decorrência do fenomenal deslize
de ele assumir o papel inferior, impróprio e inaceitável de conseguir a aprovação
de petista para ministro do Supremo, algo absolutamente imaginável na campanha
eleitoral, quando ele afirmativa ódio pelo partido do opositor dele.
Ante
o exposto, os brasileiros que tanto contribuíram para a efetivação do
sentimento de moralidade da administração do Brasil se manifestam indignados,
em repúdio, por que o presidente da República tenha decidido se empenhar, com
denodo e esforço, conforme comprova o questionado abraço, na aprovação da indicação
para o cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal, quando o seu dever constitucional
não passa da mera assinatura dos respectivos atos administrativos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário