Vem circulando, nas redes sociais, o texto intitulado “A classe média está de partida”, como sendo da lavra do famoso compositor, cantor e escritor Chico Buarque de Holanda, mas eu tive o cuidado de verificar e constatei que a crônica foi atribuída falsamente à autoria dele, que, inclusive, já negou a paternidade dela, que parece ter sido escrita por baiano.
O
texto diz exatamente o seguinte: “A classe média afivelou as malas. Vai
fazer uma longa viagem e não sabe se volta (isso, se puder retornar!). Ela
parte deixando para trás a ilusão que pertencia a elite e que imitando hábitos
e trejeitos de uma casta superior poderia posar de rica. Se despede do
apartamento de três quartos financiado na zona nobre da cidade. Na garagem fica
o carro bacana com as prestações atrasadas. Adeus ao sonho de ver o filho
formado fazer uma pós-graduação no exterior. Ela embarca com a incerteza de
adquirir a aposentadoria e sem saber se vai continuar a pagar o plano de saúde da
família. Esse momento exige desapego dos mimos das grifes importadas, dos
jantares creditados nos cartões, das viagens internacionais. A viagem de agora
é pra 'não sei pra onde'. A classe média tem um semblante de esposa traída, bem
pior, o ex-marido já mantinha um casamento oficial, anterior ao dela. Muito
duro. Difícil de acreditar. A classe média perdeu a voz, o ímpeto, a
arrogância. Hoje anda disfarçada e correndo das câmaras de tv, das postagens
indignadas nas redes sociais. Sumiu das ruas e das sacadas. A classe média se
despede levando apenas duas coisas na mala: uma camiseta da seleção brasileira
e uma panela. *Good bye*”.
Nem
precisa muitos conhecimentos para se notar que se trata de texto chegado ao surrealismo,
diante de afirmações desconexas da realidade brasileira, mas ele tenta transmitir
a ideia de que a classe média, literalmente, se encontra desiludida com a
tragédia que se abate sobre ela, em demonstração de que o autor não tem a menor
responsabilidade sobre o que escreve, visto que ele faz afirmações generalizadas
e inverossímeis.
É
perceptível que pessoa considerada da nata da intelectualidade não seria tão
leviana e irresponsável para escrever texto absurdo, bem distanciado da
realidade, sem nenhuma consistência lógica, com visão absolutamente fora da
contextualidade do Brasil, como se este já tivesse sido o melhor dos mundos e
agora estaria em completa debacle econômica e social, a ponto de a classe média
precisar o abandonar, ante a catástrofe anunciada no texto.
Percebe-se,
com muita nitidez, que o texto vem sendo compartilhado nas redes sociais, sem o
menor escrúpulo, por defensores e idólatras da esquerda, uma vez que ele circula
logo abaixo das fotografias do cantor e do principal líder petista, confirmando
o apoio da idolatria petista a esse discutível trabalho literário.
O
conteúdo do texto não condizer com a realidade da classe média brasileira, mas
o seu objetivo tem sido aproveitado para fins políticos, com a finalidade de
mostrar fatos inexistentes, porém com viés influenciador da opinião pública,
ante a mentalidade incompleta de muitas pessoas que realmente imaginam que as
formas de degeneração socioeconômica podem contribuir para a evidenciação da volta
da esquerda ao poder.
O
texto diz que “A viagem de agora é pra 'não sei pra onde’”, mas a classe
média esquerdista brasileira teria certeza absoluta que jamais iria se bandear,
com mala e cuia, na expressão popular, para Havana, Caracas, Pyongyang ou outra
capital de país socialista, que é a ideologia que se harmoniza com ela, evidentemente
estando no Brasil, com a simpatia de todos eles, dando a entender o quanto os
intelectuais da esquerda tupiniquim adoram defender o socialismo somente para o
Brasil, onde talvez eles gozariam de algum privilégio em pensar intensamente na
defesa da ideia progressista.
Os
fatos mostram que, na hora decisiva de se mudar para longe do Brasil, ninguém
tem a dignidade e a coerência de resolver ir tranquilamente morar em Cuba ou em
outra capital de país de regime socialista/comunista, em coerência com o seu “maravilhoso”
pensamento de igualdade social defendido no Brasil, onde só existem
"benefício" e "facilidade" para o povo, na cabeça desses pobres
sonhadores “intelectuais de araque”, que fazem questão de expor a sua visão mirabolante,
que nem sempre condiz com a realidade dos fatos, porque ninguém experimentou a
desgraça que acontece nas citadas nações.
A
verdade é que a maior parte dos ditos intelectuais, ao contrário do que é
afirmada por eles, vai direto parra as melhores cidades do mundo, onde fixam residência,
nas cidadezinhas “mixurucas” e “desconfortáveis” como Paris, Nova York,
Londres, Roma, Lisboa e outras do mesmo padrão de civilidade e desenvolvimento,
mas jamais para uma das capitais cujo país se encontra predominantemente atolado no terrível inferno da ditadura totalitária.
De acordo com estudos especializados, mais da
metade da população brasileira, ou seja, mais de 100 milhões de pessoas
integram a classe média, e essa é exatamente a quantidade de gente que o autor
do texto diz que sairia do Brasil, sem volta, o que não passa de ideia maluca,
estapafúrdia, mirabolante e irresponsável, mesmo que o texto fosse algo de
ficção, mas nada sobre isso foi dito.
Enfim, de onde o autor desse estapafúrdio
texto extraiu elementos para se afirmar, com tanta convicção, que "A
classe média perdeu a voz, o ímpeto, a arrogância. Hoje anda disfarçada e
correndo das câmaras de tv, das postagens indignadas nas redes sociais. Sumiu
das ruas e das sacadas.", porque isso não passa de brutal exagero fora
de propósito e de mente vazia de ideias, mas a tentativa é nítida de se querer dizer
que a classe média praticamente inexiste, acabou para a vida?
Chega a ser risível que muitas pessoas intelectualizadas e
até integrante da classe média ali enfocada compartilhem e apoiem texto de
qualidade duvidosa e tendenciosa, que ganha destaque exatamente porque o seu
conteúdo condiz com a ideologia defendida por elas, em que as afirmações ali
descritas somente têm cabimento em mentes distanciadas da realidade dos fatos,
diante da total impossibilidade da fuga do Brasil da classe média, representada
por mais de 100 milhões de brasileiros.
Esse
fato, a bem de se notar, não passa de pura e absurda ficção que ainda consegue convencer
legião de esquerdistas que parecem viver noutro mundo irreal ou até mesmo que
gostariam que essa fantástica anomalia socioeconômica acontecesse tal e qual
como descrito no texto.
É
difícil se acreditar que alguém tenha a compreensão tão restrita e incompreensível
sobre algo que não tem como provar, mas que apenas cabe em pensamento, que se
imagina suprassumo, capaz de conduzir pessoas a imaginarem que a classe média
brasileira foi destruída, quando isso não tem correspondência em nada concreto,
a não ser na cabeça desmiolada de quem escreve na tentativa de dá vida à ideia
inverossímil, evidentemente em coerência com a ideologia que defende o princípio
do quanto pior para o Brasil, melhor para a funesta e terrível ideia socialista,
na imaginação de que tragédias podem facilitar a sua voltar ao poder.
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