sexta-feira, 16 de julho de 2021

Moderação como conselho

 

Circula nas redes sociais mensagem de famoso artista da música sertaneja, em apoio ao presidente da República, afirmando precisamente que, verbis:Em toda minha vida nunca ouvi falar de um presidente sendo tão humilhado pela mídia.”.

De fato, tem absoluta razão o nobre cantor sertanejo, porque realmente a sua assertiva deve ser pura verdade, tanto quanto também é verdadeiro o inverso, quando o presidente da República pode também ter sido o que mais conseguiu humilhar profissionais da imprensa, porque os fatos mostram o quanto ele tem correspondido em extremas críticas à mídia e a alguns profissionais dos meios de comunicação.

Nos países com o mínimo de civilidade, em termos políticos e democráticos, os bons exemplos partem exatamente dos homens públicos, que precisam primar pela decência e pelo respeito à sociedade, para que ele possa merecer o melhor dos tratamentos de carinho e admiração, pelo que ele bem merece, em razão da relevância do cargo presidencial que ocupa.

Por seu turno, mesmo que a mídia humilhe o presidente do país, ele tem ao seu dispor mecanismos legais e jurídicos próprios para a tentativa da reparação de possível dano moral da sua imagem, se for o caso, sem necessidade de se igualar àqueles que procuram-no denegrir a sua pessoa de homem público, tendo em vista que ele só perde em mostrar fragilidade nos casos dos revides em público, que se tornaram frequentes, porque o estadista cônscio das suas reais funções presidenciais não pode medir forças com ninguém, senão por meio dos canais competentes, justamente para que a sua autoridade possa ser integralmente preservada.

A verdade é que os seus destemperos em público têm contribuído para que a sua popularidade desçam aos piores píncaros da autoridade presidencial, que vem sendo desvalorizada justamente pelo desequilíbrio verborrágico demostrado em doses exageradas, desmedidas e desnecessárias, em público, quando a prudência aconselha que o mandatário da nação seja o melhor espelho para a sociedade, em termos de atitudes e exemplos que possam servir de modelo de serenidade, tolerância e compreensão e jamais de irreverência, intolerâncias e agressões, como mostram os fatos do quotidiano, em completa dissonância com os princípios norteadores da liturgia presidencial.

Não é bom que o presidente do país seja humilhado com frequência por ninguém e muito menos pela imprensa do país, mas é pior ainda quando ele aceita as regras do jogo baixo pela mesma moeda, de aceitação pelo mais vil caminho, que é o revide, com muito mais intensidade, sob as piores provas de ingenuidade e despreparo nessa área.

É de se imaginar que o presidente da República ache que tem poder e força autoritárias para falar muito mais alto do que seus opositores, inclusive a imprensa, fato que, nas circunstâncias, até pode ser verdade, mas o bom senso, a sensatez e a razoabilidade recomendam para ele apenas atitudes salutares de moderação, prudência e sensibilidade para, primeiro, escutar a opinião pública e, depois, decidir agir com serenidade, inteligência e responsabilidade públicas, em termos da melhor maneira que possa atender ao interesse público, a quem ele é apenas eterno escravo, enquanto estiver no exercício do nobre cargo presidencial.

Brasília, em 16 de julho de 2021

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