domingo, 11 de julho de 2021

Voto auditável!

       Diante de crônica que tenho procurado me manifestar sobre a pretensão do presidente da República sobre o chamado voto auditável, uma atenta e distinta seguidora de meus textos escreveu a seguinte mensagem: “O mundo hoje está na era digital, nunca ninguém reclamou e provou que houve fraude no voto na urna eletrônica, a urna eletrônica é segura, agora querer impor voto impresso, é um retrocesso é voltar na era dos dinossauros, é coisa de pessoa ultrapassada, o único sistema de votação que pode haver fraudes e erros é no voto impresso.”.

Em resposta ao ponderado comentário, eu disse que não se pode ousar dizer que o atual sistema eleitoral seja seguro ou não, porque não se tem elementos suficientes e precisos para se afirmar que sim ou não.

Neste momento de discussão tensa e acalorada, é muito importante que realmente se prove por meios tecnicamente válidos e convincentes que existem furos no sistema eleitoral, porque não basta só reclamar ou criticar, e que eles oferecem grandes possibilidades de fraudes e mudanças de resultados da eleição, à vista dos exemplos existentes, que devem ser mostrados à saciedade, um a um, com minudentes detalhes sobre a sua ocorrência, por meio dos respectivos comprovantes referentes aos casos conhecidos e colacionados.

Por outro lado, em contraposição, convém que a Justiça eleitoral se digne a mostrar e a comprovar, também por meios técnicos, em termos populares, indicando, por exemplo, que se alguém tentar acessar o sistema, especificamente após o início da votação, aquele aparelho simplesmente trava, e, dessa maneira, dizer todos os casos em que as urnas somente funcionam se elas forem programadas exatamente como deve ser o sistema para a votação religiosamente regular.

Ou seja, a urna eletrônica somente funciona computando regularmente os votos com o recebimento para os candidatos regularmente registrados no sistema oficial e qualquer anomalia, em qualquer urna, o sistema tem condições de promover automaticamente o expurgo dela, exatamente diante da incompatibilidade com o programa principal.

O modelo acima funcionaria no sentido de que, se alguma urna fosse programada previamente para que, por exemplo, a partir de três votos para o candidato A, o voto seguinte seria computado para o candidato B ou algo diferente do programa-mãe, onde não se permitiria vício de nenhuma natureza ou interferência diferenciada do programa principal.

Em tudo o mais, qualquer outra simulação ou manipulação do sistema, como forma de tentativa de fraude, simplesmente a máquina a abortaria e pararia de funcionar, não permitindo a sua normal operação diante de alto estranho.

Dessa forma, trata-se, de tudo que foi dito acima, de medidas racionais, inteligentes e absolutamente normais, no âmbito do bom senso e da razoabilidade, que se pode viabilizar em clima de entendimento, tolerância e conversação civilizada e sensatez, como assim procedem as nações sérias e evoluídas, em termos políticos e democráticos, na estrita compreensão de que tudo deve ser operado para o bem do interesse público, sem nenhuma influência para beneficiar interesses pessoais ou partidários.

A bem da verdade, nesse caso do voto impresso, a impressão que se tem é a de que não existe o menor interesse para a sua solução por meios racionais, pacíficos, práticos e civilizados, porque, se isso realmente atendesse aos propósitos nesse sentido, jamais a situação teria chegado ao extrema da ignorância, da agressividade e da irracionalidade.

Bastaria tão somente se colocar à mesa as situações expostas acima, se é que elas, em um caso ou outro, existem e tudo seria formalizado, em termos de civilidade e racionalidade, como recomendáveis à luz dos sentimentos presentes nas pessoas sensatas, inteligentes e responsáveis, obviamente revestidas da consciência pública sobre a real finalidade intrínseca da sua precípua necessidade de apenas satisfazer o interesse público.

Diante da premissa acima, muitos especialistas sugerem que o presidente do país direciona o seu holofote para a questão do voto auditável, com forte investimento em críticas, acusações e agressões as mais absurdas possíveis para mudar os rumos dos assuntos levantados e discutidos pela Comissão Parlamentar de Inquérito da Covid, que vem explorando temas explosivos que atingem a alma do governo, em razão de possíveis irregularidades na compra de vacina e ele não estava preparado para suportar tamanha pressão, diante do vazamento de suspeitas perigosas vindas de tudo que é lado.

A verdade é que, tanto no que diz respeito ao chamado voto auditável como no que se refere à compra de vacinas, somente resta ao governo o emprego do salutar princípio da transparência, tendo o cuidado de mostrar, em cada caso, apenas a verdade, sem nervosismo, intolerância, agressão nem esculhambação, como forma de mostrar a estrita observância aos princípios da competência, eficiência, sensatez e responsabilidade, em harmonia com o dever constitucional de prestar contas à sociedade.  

          Brasília, em 11 de julho de 2021

Nenhum comentário:

Postar um comentário