Em evidente momento de enorme dificuldade na sua gestão, o
presidente da República decidiu promover reforma ministerial, com a finalidade
de acomodar no Palácio do Planalto um dos principais líderes do Centrão.
Trata-se da nomeação de
um senador para chefiar a Casa Civil da Presidência da República, uma das principais
pastas do governo, em termos de discussão e acerto sobre questões estratégicas
nacionais.
No bojo das negociatas,
o governo vai recriar o Ministério do Trabalho e Emprego, a ser desmembrado do
Ministério da Economia.
Fala-se que um dos
objetivos das mudanças é apenas a tentativa da reorganização da base do governo,
de modo a dar mais visibilidade às ações do presidente, que deverão ser tomadas
a partir de agora, como a reformulação do programa Bolsa Família e outras
medidas consideradas peças-chave para a campanha à reeleição do mandatário.
Com as medidas em pauta,
o presidente do país pretende se aproximar ainda mais e de vez do famigerado Centrão,
de quem demonstrava, na campanha eleitoral, naturalmente para atrair eleitores
mais conservadores, total repugnância como se realmente fosse, para o candidato,
algo canceroso, que o tempo mostra que não é nada disso, tanto que ele o coloca
de vez e em definitivo no seu colo e o trata como sendo ente da sua íntima
familiaridade.
Há, na verdade, duas
razões fundamentais para o presidente do país se entregar de vez para as poderosas
garras do Centrão, por ele saber que precisa melhorar a sua articulação política,
em especial no Senado, onde a Comissão Parlamentar de Inquérito da Covid avança
sobre o governo e vem contribuindo para trucidar a sua pouca paciência com relação
às compras de vacinas, que têm sido o calcanhar de Aquiles da sua gestão, que
pode ter saído do controle.
Além desse fato, o
Planalto do Planalto teme que o senador ora bajulado com o cargo se distancie
do governo, uma vez que ele é peça importante nas decisões do Centrão, algo que
o governo treme só em pensar em perder o importante apoio de poderoso aliado, à
vista de que o parlamentar vinha defendendo bem menos o mandatário CPI da Covid,
aliado ainda ao fato de que, recentemente, eles mostrava-se insatisfeito com a
liberação de recursos para o governo do Piauí, cujo governador é seu adversário
político.
O senador atraído para
junto do presidente do país é presidente nacional do PP, um dos principais
líderes do bloco de partidos que sustenta a base de apoio ao presidente do país,
no Congresso Nacional.
Essa clara falta de
escrúpulo perpetrada logo por quem deveria dar bons exemplos de dignidade e
moralidade aos brasileiros, à vista dos seus sagrados compromissos de campanha,
é justificada com a cara mais lisa de que, verbis: "Estamos
trabalhando, inclusive, uma pequena mudança ministerial, que deve ocorrer na
segunda-feira, para ser mais preciso, para a gente continuar aqui administrando
o Brasil".
Senhor presidente do
país, para bem se administrar o país, à toda evidência, não precisa se associar
a bando de parlamentares com a qualificação reconhecida na campanha
presidencial como fisiologistas, aproveitadores de cargos públicos e emendas
parlamentares, em troca de barganha política, mas sim de competência, dignidade,
moralidade e responsabilidade, que são princípios negados por quem se junta com
parlamentares que desprezam tais conceitos, na forma da sua concepção exposta
exatamente na campanha eleitoral, que é o momento onde os verdadeiros
candidatos de palavras sérias e de respeito mostram o seu valioso sentimento de
responsabilidade perante os eleitores, que precisam ser mantidos no governo, quando
eleitos, como forma de se mostrar honradez perante os votos recebidos,
conquanto muitos dos quais correspondem precisamente em razão dos compromissos
assumidos pelos candidatos.
A propósito,
ressalte-se um dos discursos pronunciados pelo atual presente, por ocasião das
eleições, ipsis litteris: “Nenhum presidente é maior do que o seu
ministério. O segredo para bem administrar o Brasil é você botar as pessoas
certas nos ministérios certos. O que vem sendo feito ao longo dos últimos anos:
o presidente indica os seus ministros de acordo com interesses políticos
partidários. Tem tudo para não dar certo. Qual é a nossa proposta: é indicar as
pessoas certas para os ministérios certos. Por isso, não integramos o Centrão.
Tampouco estamos na esquerda se sempre. Vamos escalar as pessoas certas, porque
assim você poderá, de verdade, ter saúde, educação e segurança.”.
Com a nomeação de um
líder-mor para chefiar a Casa Civil, que tem status de ministério, o presidente
do país põe por, com somente uma paulada muitos de seus pensamentos de
campanha, a exemplo do de colocar pessoas certas no ministério, quando o novo
ministro, que é forte líder do Centrão certamente não seria indicado para coisa
nenhuma no governo, já que integra confraria de aproveitadores e certamente não
pode ser considerada pessoa certa para trabalho responsável, ou seja, isso só
confirma a sábia assertiva do presidente, que “Tem tudo para não dar certo.”.
Essa nomeação será
feita exclusivamente por “interesses políticos partidários”, uma vez que
o senador representa a força do seu partido no Congresso, que vai certamente
ser beneficiado com a participação do seu presidente no governo, que tem o
poder para conseguir cargos e emendas para seus aliados, o que somente
demonstra a materialidade da imundície e da pouca-vergonha na gestão pública.
Enquanto isso, os
ingênuos apoiadores do presidente do país ainda têm a falta de escrúpulo e a
insensibilidade para encher os pulmões e gritar que este governo não é
corrupto, ao fechar os olhos para a forma mais explícita de cooptar o apoio de
aliado com a concessão de cargo público, que há de facilitar a perpetração da
nojeira disseminada nos serviços públicos, fato este que tem o nome, literalmente,
de corrupção, quando se coloca como integrante do governo, como um dos principais
ministros, pessoa que sabidamente compõe grupo de experientes fisiologistas,
antes abominados pela pessoa do presidente.
Com o propósito de
complicar ainda mais a falta de seriedade do mandatário, será criado, no bojo
das sebosas medidas, um ministério para possibilitar o ingresso do líder-mor do
Centrão no governo, o que só expõe a fragilidade moral de quem antes dizia que
a sua proposta era a da indicação de pessoas certas para os ministérios certos,
quando, agora, a sociedade se estarrece com medidas que somente contribuem para
a desmoralização da administração do país.
Enfim, percebe-se que o
próprio presidente da República se encarrega de mostrar como se perder
credibilidade junto à sociedade, fazendo uso dos próprios atos, quando ele não tem
condições de resistir aos encantos e poderes do grupo de recrimináveis fisiologistas
que conseguiu mostrar estupenda competência para colocar a maior autoridade do país sob seus
domínios, que o mantém em cabresto curto como o seu principal refém, diante do
entendimento de que a manutenção do cargo presidencial se encontra na sua dependência,
fato inusitado que mostra quão desmoralizada se encontra a República brasileira,
sendo sustentada por incrível poder de parlamentares sem a menor
respeitabilidade moral político-administrativa.
Brasília, em 22 de julho
de 2021
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