sábado, 17 de julho de 2021

Socorro, deus das urnas?

     Vem circulando nas redes sociais vídeo que versa sobre fraude em urnas eletrônicas nos Estados Unidos da América, com o seguinte mensagem, verbis: “O principal fabricante de urnas eletrônicas dos Estados Unidos anunciou que mudou de opinião sobre a segurança eleitoral. Agora a empresa pede que o governo torne obrigatório que todas as máquinas tenham comprovante de voto em papel.”.

No mesmo vídeo, consta exposição de fraude que mostra a votação de três eleitores, na forma do relato nestes termos: “Numa recente apresentação por professor de ciência da computação da Universidade de Michigan mostrou como é fácil alterar o resultado da eleição. Numa urna eletrônica que não emite comprovante separadamente de cada voto em papel, três voluntários votaram em um único candidato, mas na hora de imprimir o relatório final, com o resultado, o opositor ganhou por 2 a 1. Isso aconteceu porque antes da votação o cartão de memória da máquina havia sido infectado com software de roubo de voto.”.

Ressalte-se que a falha mencionado acima pode perfeitamente ocorrer em qualquer sistema eleitoral, inclusive no que é adotado pelo Tribunal Superior Eleitoral brasileiro e sobre isso não há a menor dúvida, a depender apenas da honestidade de seus operadores, que são absoluta e humanamente impossíveis de ser controlados sobre essa especial particularidade.

O vídeo apenas confirma a total desconfiança do presidente brasileiro e das pessoas sensatas sobre a falta de fidelidade das urnas eletrônicas aos princípios da segurança e da confiabilidade, quanto à total correção dos resultados das pleitos, ante a possibilidade de manipulação, em especial, por seus gerenciadores, que têm acesso à caixa-preta de que se trata.

Em momento algum defendi a segurança e a continuidade do sistema eleitoral brasileiro vigente, por meio das urnas eletrônicas, tendo absoluta certeza de que o resultado do pleito pode ser perfeitamente manipulado e até direcionado para eleger o candidato da preferência, conforme o interesse, não havendo qualquer questionamento detectável por meio eletrônico, diante do supremo controle que pertence a somente poucos técnicos com acesso ao sistema em uso.

Os textos acima não mudam em nada o meu pensamento sobre urna eletrônica, mesmo porque eu não sou nem contra nem a favor, mas sim intransigente defensor de estudos de alto nível para se concluir qual seja o sistema mais seguro e adequado às necessidades brasileiras, com o melhor aperfeiçoamento possível para possibilitar que o resultado da eleição reflita exatamente a vontade dos eleitores, em que os votos destinados ao candidato X sejam computados, com impressão ou sem do voto, para realmente o candidato X, isso corresponde à vontade soberana do eleitor.

Eu entendo que alguém tem que mostrar como funciona o sistema brasileiro e diga, por meio de comprovação exemplificativo e explicativa, por meio de técnicas pertinentes, inclusive decifráveis para compreensão, por qual motivo ele é realmente confiável.

Ou que alguém mostre que ele é inseguro, por meio, da mesma forma, dos motivos tais e tais e etc. e tal, com a finalidade de não restar a menor dúvida sobre as qualidades e segurança do sistema eleitoral brasileiro, a se permitir inteira credibilidade, evidentemente à prova de fraude.

O aludido vídeo se refere a eleições acontecidas nos Estados Unidos, que podem usar sistema diferente do brasileiro e não servir, a meu juízo, de modelo para o caso brasileiro, sendo importante que experiência similar se processe com as máquinas usadas pelo Tribunal Superior Eleitoral brasileiro, em que o especialista da ciência da computação ministre procedimento semelhante àquele e diga que aqui e lá as urnas são fraudáveis.

É preciso se basear, necessariamente, no sistema daqui, competindo à Justiça eleitoral tupiniquim provar tecnicamente que ele é absolutamente seguro, independentemente de ser garantido verbalmente pelo chefe do principal órgão eleitoral, de modo a se garantir que o resultado das eleições reflete legitimamente os votos entrados nas urnas e destinados aos verdadeiros candidatos escolhidos pelos eleitores.

Ou então, nada disso acontecendo, exige-se que alguém tenha a dignidade, com o máximo de urgência, para mostrar algum caso concreto de fraude, o que já seria estupenda contribuição para o aperfeiçoamento do sistema eleitoral, se realmente houver interesse senão em desviar o foco de assuntos importantes para assunto de importância, como esse.

Por enquanto, as partes nem a favor nem contra à mudança mostraram para a sociedade nem a perfeição nem a insegurança das urnas eletrônicas, diante da real conveniência de se exigir saneamento, se for realmente necessário, porque a correção da votação mostra a evolução da sociedade, em termos de honestidade e moralidade sobre a consciência político-democrática.

É importante, neste momento que se põe em dúvida o sistema eleitoral brasileiros, quanto à sua credibilidade, que as pessoas contribuam com o oferecimento de efetivas sugestões ou argumentações pertinentes ao aperfeiçoamento pretendido, porque, na democracia, deve predominar o convencimento da argumentação e do diálogo.

É preciso que os melhores esclarecimentos sobre o assunto venham à tona, em especial por parte do Tribunal Superior Eleitoral, que tem sido bastante resistente em escancarar e abrir a sua caixa-preta para o público, dando a entender que não é da sua conveniência abrir o jogo para os brasileiros, que são, na verdade, os principais interessados em conhecer o sistema eleitoral, que deve ser amplamente transparente, à luz do princípio que é marca essencial da administração pública, à vista da obrigatoriedade da prestação de contas à sociedade sobre os atos públicos.

 Salvo melhor juízo, é importante que as discussões sobre esse relevante tema cinjam-se exclusivamente ao sistema usado no Brasil, mesmo que o fabricante ou dono dos programas seja o mesmo, mas sempre pode haver algum detalhe do sistema ou da máquina diferente do empregado aqui.

Então, continuo na esperança de que esse assunto, que é da maior importância para os brasileiros saia do plano da discussão improdutiva, com base apenas em suspeitas e suposições, permitindo-se que se entre de sola em casos práticos, por meio da apresentação de provas, de ambos os lados, tendo, por exemplo, a segurança de se dizer que o atual presidente teria tido 72 milhões de votos e não somente 56 milhões, tendo por base isso e isso e mais isso, de modo que não tenha a mínima contestação sobre os fatos alegados.

O que as autoridades públicas estão fazendo, neste caso, é algo que não se fazia nem na pedra lascada, porque assunto da maior seriedade está sendo tratado com base em suposição ou imaginação apenas de se colocar cartão magnético na máquina e pronto, com capacidade para mudar o resultado da eleição, fato que perfeitamente factível, mas pretende-se é justamente evitar-se essa pouca-vergonha.

Diante disso, então não custa nada provar, por meio de elementos plausíveis e irrefutáveis que é realmente muito fácil e é, mas convém que se prove que isso já vem sendo feito nas eleições, fato este, aliás, que ninguém tem a menor dúvida que pode acontecer, pois que alguém tenha a dignidade de provar dessa ou de outras formas de fraude.

Da maneira como o presidente brasileiro vem procedendo, não passa de tentativas de desvio para o tema do voto auditável outros assuntos graves que incomodam o governo, possivelmente, mesmo não se tendo elementos para se assegurar isso.

O certo é que se o presidente do país quisesse resolver essa questão, em termos técnicos e racionais, bastava apenas convocar a inteligência do Exército, na área de informática, e pedir estudo profundo sobre a operacionalização das urnas eletrônicas, cujo resultado serviria para ele se basear de como agir com as devidas prudência e segurança, com a indicação precisa de que a impressão do voto tem a certeza da eliminação de fraude eleitoral.

Enquanto isso, ele prefere agredir autoridades públicas e criticar, de maneira insensata e inconveniente, fazendo as pessoas de ingênuas, exatamente porque muitas pessoas ficam afiançando palavras vazias deles, à vista de ele não ter prova para nada do que alega.

Se o presidente do país tivesse realmente interessado em resolver o que ele acha que está errado, bastaria, se não quisesse usar o Exército, determinar que a própria inteligência do governo estudasse o assunto e mostrasse onde existe erro, que precisa ser corrigir, com a devida serenidade, porque não se admite que haja fraude em sistema que é fundamental para a eleição das pessoas que governam o Brasil.

Depois disso, aí sim, se não houvesse o devido saneamento do falha apontada, com base em prova irrefutável, ele teria todo direito de espernear e, se for o caso, xingar deus e mundo da política, mas somente a partir de fato concreto, determinante e devidamente incontestável.

Da forma como conduzida a matéria pelo presidente da República, fica a impressão de incompetência e má vontade de se fazer a coisa certa, quando se pretende o aperfeiçoamento e a modernidade do sistema eleitoral brasileiro sem ter nada a justificar, de forma plausível, para respaldá-lo por meio de evidências, ante a extrema relevância do assunto, que inclusive envolve custos altíssimos para os contribuintes, que, nesse caso, nem  teria maior importância, se ele realmente precisar de correção, mas não na base do grito e das ameaças, em clara dissonância com todos os princípios, inclusive o da administração moderna e responsável.

Enfim, meu Deus, que país é este?

          Brasília, em 17 de julho de 2021

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