terça-feira, 13 de julho de 2021

O superministro?

 

Circula, nas redes sociais, notícia que mostra a foto do ministro da Infraestrutura, em momento em que ele recebe comenda, certamente em razão do seu fantástico trabalho à frente dessa pasta.

Lá consta a mensagem, verbis: “Ministro Tarcísio Freitas recebe medalha mérito farroupilha, homenagem do RS, a esse ministro que orgulha tanto os brasileiros.”.

Pessoalmente, sinto enorme e lascada amargura no meu sentimento patriótico em perceber que, sendo governo único, somente um ministro, entre outros 22, vem trabalhando com afinco, garra, empenho, tesão e amor à pátria, como se os outros fossem figuras decorativas na Esplanada dos Ministérios.

Esse Tarcisão deve ser o único que até agora tomou posse no cargo e desembestou a trabalhar, tal qual verdadeiro alucinado, no sentido de deixar o seu rastro, ou melhor dizendo, a sua marca de homem competente e produtivo em centenas de obras espalhadas em cada palmo do território brasileiro e parece que ele não tem limite para parar, porque ele aparece em tudo que é obra, até mesmo às faraônicas paralisadas há “séculos” e as termina e entrega para o uso dos brasileiros.

Ele parece se confundir com todas as máquinas e os tratores que trabalham dia e noite nas estradas, incontrolavelmente, no aprontamento de maravilhosas obras para o progresso do Brasil e o bem dos brasileiros.

Fica-se a pensar e com bastante lógica: por que diabos os demais ministros não produzem absolutamente nada e muito menos se dignam a apresentar projeto de nadinha mesmo, não fazendo nem 1% que esse monstro, no bom sentido, da Infraestrutura faz e mostra para o mundo a sua importante obra para os brasileiros, como se o governo se encerrasse e se concentrasse  em um único ministério, com a obrigação de produzir sozinho em nome de todos os outros parasitas, conquanto se os demais órgãos não tivessem nenhum dever de realizar coisíssima alguma.

Até parece que ele sozinho tivesse a obrigação de trabalhar e produzir pelos resto dos ministros comem e dormem, porque dificilmente se houve notícia de que qualquer outro ministro já tenha, depois de dois anos e meio no exercício oficial do cargo, levantado sequer uma pena de sibite, nos seus ministérios, como se todos ainda estivessem aguardando a ordem superior para darem largada no trabalho, no sentido de, ao menos, justificar a sua presença no governo.

A menos que o presidente da República tenha determinado que somente o homem das máquinas e dos tratores precisa mostrar as estradas bonitas, executadas no capricho por todo país, o que realmente é lindo mesmo e precisa ser aplaudido com vontade, mas isso não pode impedir que os sonecas do governo também possam se despertar da catalepsia predominante nos seus ministérios e passem a contribuir com alguma obra ou outro projeto capaz de contribuir para o progresso do Brasil, como é o dever funcional de todos.

O odioso e estranhíssimo dessa notória disparidade entre o ministro de Infraestrutura e os outros 22, é que estes, juntos, até agora não conseguiram executar nem 1%, repita-se, comparativamente ao que já fez e faz o supertarcísio, tendo, salvo melhor juízo, o tremendo e pacífico conformismo do chefão de todos, que não conseguiu notar ainda que um ministro trabalha e efetivamente produz, conforme o noticiário da mídia, e o restante dos ministros, sim o restante, o que fazem, enfim?

Fica, então, a propósito, a sugestão, em forma de pergunta: qual realmente é a serventia dos outros ministérios para o governo ou o país, porque nada fazem, pelo menos não tem nada de visibilidade nem distante do exemplar tratoraço da Infraestrutura, que honra à mancheia a cadeira da sua pasta, que poderia, pensando bem, para a glória do Brasil e dos brasileiros, ocupar cargo muito mais elevado?

Esse importante brasileiro bem que poderia, com urgência, ser picado pela mosca azul da política, porque, em princípio, ele tem o perfil burilado, preparado e estruturado para presidir o Brasil, fazendo a máquina pública, integrada por 23 ministérios ou muito menos, realizar, por dever patriótico, como ele vem praticando, o similar trabalho extraordinariamente que vem sendo realizado pelo poderoso Ministério da Infraestrutura, que é digno de modelo para qualquer governo.

A bem do interesse público, o trabalho que vem realizando o Ministério da Infraestrutura não chega a ser surpresa alguma, sob o prisma da administração moderna e eficiente nem muito menos milagre por parte do seu titular, uma vez que se trata apenas do fiel cumprimento de missão confiada a governo competente e responsável, o que vale dizer que somente um ministério zela pela fidelidade ao seu dever funcional e constitucional, de produzir o melhor e mais produtivo para a satisfação do interesse público.

A obrigatória de ser eficiente e bem servir ao interesse público não é somente do Ministério da Infraestrutura, mas sim de todos os ministérios, no exato cumprimento do dever de todos os órgãos, de se sacrificarem na produção a mais otimizada possível, para, pelo menos, justificarem as suas existências, com o mesmo fantástico empenho desse ministério que certamente vai passar para história como símbolo de órgão que somente fez por justificar ter existido em governo que permitiu que os demais ministros ficassem a ver navios, por não terem conseguido produzir bulhufas em benefício dos brasileiros.

Brasília, em 13 de julho de 2021

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