De forma inusitada e até estarrecedora, uma cantora houve por bem,
pasmem, bloquear o presidente da República do Twitter, sob a alegação de que ela
não teria gostado do deboche do mandatário brasileiro, depois que ela postou
imagens vestindo look “verde e amarelo”, no show do Coachella, quando ele
respondeu: "Concordo com a Anitta", em tom de ironia, conforme
assim foi entendido por ela.
A cantora teria dito que as cores da bandeira do Brasil pertencem aos
brasileiros e essa estratégia vem sendo utilizada pelo presidente do país e
seus seguidores, desde a campanha eleitoral, como as cores oficiais do mandato.
Diante disso, a cantora demonstrou insatisfação, tendo afirmado: "Aí, garoto, vai catar o que fazer,
vai. Meti logo um block pra esses adms (administradores) dele não
ficarem usando minhas redes sociais pra ganhar buzz (repercussão) na
internet", ou seja, ela mandou recado ao presidente do país, para ele
procurar o que fazer e isso é muito estranho, sob o envolvimento da principal
autoridade do país, que dá trela a quem não tem a mínima significância, não
sendo merecedora de nenhum apreço, no mundo político.
A cantora já se manifestou reiteradamente
contra o presidente do país, tendo chegado inacreditavelmente a bater boca com
ele e seus apoiadores nas redes sociais, fatos estes que a põe em evidência, quando
deveria ser o contrário, no sentido de que ela fosse tratada exatamente como
ela é, sem qualquer expressão na política.
A cantora esclareceu, em referência ao presidente do país, que "É
que a estratégia deles agora mudou. Eles estão com uma equipe de redes sociais
mais jovem e descolada para justamente passar essa imagem dele, fazer o público
esquecer as merdas com piadas e memes da internet que faça o jovem achar que
ele é um cara maneirão, boa praça. Então, nesse momento, qualquer manifestação
contra ele por meio dos artistas vai ser revertido em forma de deboche pelas
mídias sociais dele. Assim o artista vira o chato mimizento e ele o cara
bacana que leva tudo numa boa.".
A cantora entende que falar sobre o presidente do país, nas redes
sociais, faz com que ele ganhe simpatia das pessoas, que acaba esquecendo a
forma como o país está caminhando, para votar pela identificação de fã que se
tem pela pessoa.
Ela disse que "Já passa a ser mídia boa quando você cita o nome
dele, não faz diferença se você citou de forma negativa ou positiva, Porque
quanto mais você cita de forma negativa, mais mídia ele alcança e usa essa
mídia para destinar ao que ele quer. Já usei essa estratégia algumas vezes por
isso sei bem o que está rolando (risos).".
A cantora disse, finalmente, que "Agora a estratégia do lado
oposto precisa ser citado o nome dele o menos possível. Eu trocaria o slogan
'Fora Fulaninho' para 'Muda Brasil' ou algo que desvincule completamente a
narrativa do nome dele.".
É extremamente lamentável que a principal autoridade da República fique
alimentando confronto de baixo nível com pessoa de qualificação bastante
inferior, em termos político, ao seu nível de compreensão intelectual e
política, tendo em vista a maneira rasteira como ela se manifesta, a ponto de
mandar o presidente do país a procurar o que fazer, em indiscutível desrespeito
à relevância do cargo que ele exerce.
O mais grave dessa evidente promiscuidade pública é que a autoridade do
estadista deixa de existir, ao decair ao píncaro de ser humilhada por pessoa de
notório baixo nível moral, quando ela manda recado para o presidente do país: “vai
catar o que fazer”, como se ele ficasse apenas batendo boca de forma
improdutiva.
A bem da verdade, isso é absolutamente inadmissão em uma República séria
e responsável, em termos administrativos, onde o presidente do país tem o dever
de ser fiel à liturgia do seu relevante cargo, onde não há espaço, em hipótese
alguma, para que o mandatário fique em discussão pública, em nível de extrema
decadência de autoridade, como se realmente ele não tivesse nada importante
para fazer, na maneira interpretada pela fulaninha, que não merece, ela sim, a
mínima consideração dos brasileiros dignos e honrados.
Essa forma de desmoralização da autoridade pública permite que pessoa
sem condições morais e política se permite criticar o comportamento do
presidente do país, dando a entender que ela é superior a ele, ou seja, em
verdadeira inversão de valor, justamente porque ele fica dando trela a quem não
tem dignidade alguma, de forma visivelmente desarrazoada, diante da disparidade
das relações estabelecidas e permitidas pelo próprio presidente.
Em circunstância alguma, é permitido ao estadista responder aos
desaforos de quem quer que seja, senão pelas vias da comunicação oficial ou,
quando for o caso, por meio do judiciário, quando houver necessidade de reparação
de danos à sua imagem, mas jamais seja permitido essa forma de mistura de
discursão medíocre e nada republicana, visivelmente antagônica aos princípios condizentes
com a sua autoridade, além de ser absolutamente inadmissível, em termos de
aproveitamento para os interesses da sociedade.
Convém que o presidente da República se conscientize, o mais rapidamente
possível, de que a relevância do seu mandato é absolutamente incompatível com
qualquer forma de bate-boca improdutivo, nas redes sociais, conquanto o
estadista tenha o dever institucional de se relacionar com os brasileiros apenas
pelos meios da comunicação oficial, inclusive por via judicial, quando isso se
fizer necessário, ressalvando os assuntos relacionados com a relevância do
interesse público.
Brasília,
em 18 de abril de 2022
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