Circula nas redes sociais vídeo em que o
presidente da República faz severas críticas, em reiteração, a um ministro do
Supremo Tribunal Federal, em pronunciamento nos seguinte termos: “Para
sermos uma grande nação, para sermos exemplo para o mundo, o que nos falta? Que
alguns poucos não nos atrapalhem. Se não tem ideia, cala a boca, bota a tua
bata e fica aí, sem encher o saco dos outros. Como atrapalha o Brasil.”.
Diante
indevida manifestação, eu disse que o presidente do país desrespeita o
princípio da dignidade humana, ao mandar um ministro do Supremo “calar a boca”,
em clara dissonância com a liturgia do
relevante cargo que ele ocupa, que tem o dever constitucional de se comportar como
modelo de disciplina às condutas de civilidade.
Um
amigo especial escreveu mensagem, expondo a opinião dele sobre o tema em referência,
conforme o texto a seguir.
“Meu
estimado irmão, o que não diz do Sr. Alexandre de Morais? Que vem
rasgando a constituição e a pretexto de decisão monocrática, que não é
nada disso! Tudo já combinado com os demais ministros, pois
quem cala consente! Ficam na do vai lá testa de ferro, decide e nós
ficamos num silêncio sepulcral! Ficando tudo como eles querem, é ainda se
arvoram em dizer que resguardam o Estado Democrático de Direito! O Tal de
xandão, acusa, julga e manda prender, virou o Monarca da Corte e
consequentemente do país! O cara interfere no executivo a torto e a direito, e
sempre tudo ficando ao bel prazer dele! Agora o Bolsonaro coitado, tem
que ser o polido, conforme. manda a liturgia do cargo! Distribuiu grana
preta para os estados, uma boa parte deles desvia a verba, chegando até faltar
recipientes de oxigênio nos hospitais, morrem pessoas e o Presidente é o
genocida! Pelo amor de Deus, sejamos mais justos nos julgamentos!
Então se o JB é um fracasso para o Brasil, o Lula deve ter sido uma maravilha
para uma boa parcela dos brasileiros! Para isso, a NEUROCIÊNCIA tem a
explicação:”.
Em momento
algum, eu fiz análise sobre a atuação do ministro referido na mensagem acima, em
que aborda alguns fatos com riqueza de detalhes, inclusive citação a algumas
perversidades julgadas prejudiciais aos interesses dos brasileiros.
Deixo claro
que sou leigo em questões jurídicas, quanto mais no que se refere aos seus
meandros, porque elas normalmente têm origem nos processos pertinentes aos
fatos nos quais o ministro ou o Supremo Tribunal Federal se baseou para
proferir as suas decisões.
Para que eu
pudesse analisar e avaliar o pleno desempenho dele e emitir opinião, seria
importante e até necessário o conhecimento dos citados processos, o que é tarefa
impossível.
No caso
específico do presidente do país, a situação diz com o desempenho das funções administrativas,
vinculadas à missão constitucional inerente ao cargo presidencial, que precisa
apenas ter competência, sensibilidade, equilíbrio, eficiência, efetividade,
tudo em harmonia com as regras do bom senso e da racionalidade previstas na
cartilha do verdadeiro estadista, que precisa apenas observar os princípios republicano
e democrático, como normalmente procedem os governantes de países evoluídos,
onde prevalecem o respeito aos princípios e às condutas de civilidade.
Quando o
estadista deixa de cuidar das suas funções básicas inerentes ao cargo, como nesse
caso de o presidente do país mandar recado desnecessário e agressivo para
membro de outro poder, ele deixa de atuar nas quatro linhas da Constituição, ficando
muito claro que ele invade indevidamente o campo do adversário, por motivo
completamente alheio às suas atribuições presidenciais.
Na verdade,
o objetivo disso tem como cerne os aplausos de seus fiéis apoiadores, que vêm
nisso forma corajosa e extraordinária de enfrentamento, que seria apropriado se
fosse por meio de ações efetivas e não por medida que somente empobrece o seu
respeito e a sua credibilidade, em termos de qualidade das suas ações de competência
constitucional do estadista, quando ele se expõe ao ridículo de mandar
autoridade de outro poder calar a boca, que não tem qualquer sentido prático e
ainda caracteriza forma direta de tentativa de censura e cerceamento do direito
à liberdade de expressão, que são próprias de governos totalitários.
Não se trata,
em absoluto, de se ficar em “silêncio sepulcral“, como dito na mensagem acima, porque
os brasileiros somente podem se manifestar, nesses casos, à vista da Constituição,
em forma de plebiscito, devendo, nessas circunstâncias, deixar que as autoridades
competentes adotem as medidas convenientes e necessárias, nos termos do
ordenamento jurídico pátrio, sem necessidade alguma de se agredir verbalmente
nem mandar recado para o ministro calar a boca, porque isso é absolutamente estranho
à competência do verdadeiro estadista e mostra infinito distanciamento da
realidade de agir com competência e responsabilidade.
O estadista
precisa se ajustar exclusivamente à sua cartilha onde constam todos os sábios
ensinamentos de boa conduta no exercício do relevante cargo presidencial, que
precisa centralizar as suas ações em procedimentos de retilineidade vinculados
às suas atribuições funcionais, independentemente das precariedades e monstruosidades
protagonizadas por integrantes de outros poderes, conquanto as suas missões são
distintas e vinculadas às suas responsabilidades.
Sim, é
preciso que o “Bolsonaro coitado” seja
polido, porque isso é exigência constitucional da maior importância inerente ao
cargo de presidente da República, independentemente do que as outras
autoridades dos demais poderes façam de errado ou prejudicial aos interesses
dos brasileiros.
A liturgia
do cargo presidencial é clara quanto à necessidade da fiel e rigorosa observância
aos princípios da decência e da dignidade, da qual ele não pode se afastar
sequer um milímetro, sob pena de ferir os ditames constitucionais, repita-se,
pouco importando o que as outras autoridades da República façam ou deixem de
fazer, tendo em vista que as responsabilidades são individuais e inerentes aos cargos
por elas ocupados.
Deixo claro
que me considero justo ao extremo nas minhas análises e nos meus julgamentos
sobre os fatos da vida, sempre procurando fazer minhas avaliações apenas com
base na minha consciência e na minha verdade, que são inalienáveis, como também
são as de todos os brasileiros, que, diferentemente de muitos, consideram o
presidente do país perfeito, o que é normal, porque se trata de avaliação pessoal,
que é ditada por sua incensurável consciência.
Causou-me
estranheza eu ser admoestado para fazer julgamento justo, dizendo, em resposta,
que eu repilo o conselho, não o admitindo, de forma alguma, ante o seu
descabimento, tendo em vista que julgo conforme o os meus conhecimento e pensamento,
respeitando a adversidade de sagradas e múltiplas opiniões.
De seu
turno, é bem de se ver, neste caso, em que o presidente do país perde o
respeito em mandar um ministro do Supremo calar a boca, em clara dissonância
com o princípio da dignidade humana, eu julguei, conscientemente, que se trata
de ato falho, absolutamente desnecessário e condenável, enquanto muitas pessoas
consideram isso apenas normal e justo, sob o argumento de que o magistrado não
presta e ofende os interesses dos brasileiros.
Ou seja,
uma coisa não tem nada a ver com a outra, mas apenas a confirmação do sentimento
de leviandade de se dizer, em forma de justificativa, ora, se o ministro pode
errar, então, com maior e muito mais razão, o presidente do país também pode e tem
o direito de cometer atos falhos à vontade, como se um erro tivesse o condão justificar
o outro, quando eles são absolutamente contrários aos princípios republicano e
democrático, em termos filosóficos da prática do bem comum, compreendida para
as atividades públicas.
À toda
evidência, o pensamento divergente faz parte da normalidade democrática, que é
direito das pessoas, assim como é o meu direito de avaliar e até condenar o que
eu achar o fato se ele é errado, evidentemente sob a minha ótica, uma vez que o
mesmo fato pode ser perfeitamente interpretado diferentemente, sob outro ângulo
de visão.
Eu também
ainda não preciso ver filme sobre neurociência, para me comportar como cidadão
normal, porque eu entendi que a ideia da exposição do vídeo, junto com a
mensagem em causa, é claro acinte à minha dignidade, sabendo que essa ciência
estuda e descreve os mistérios do sistema nervoso central, de modo a se
compreender, em especial, as doenças do sistema nervoso.
Nada tenho
contra quem discorda do meu pensamento, porque isso é direito democrático das
pessoas, mas, fazer juízo de valor sobre os meus julgamentos, isso merece o meu
repúdio.
Embora eu
ache normal que as pessoas pensem assim de mim, fico triste que um amigo de
longa data se sinta magoado com os meus comentários, uma vez que eles são
expressão verdadeira do meu pensamento, isento de ideologia política ou
preferência a quem quer que seja, senão fruto do meu amor ao Brasil.
Brasília,
em 2 de abril de 2022
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