O
poeta Vandenildo Oliveira, de Uiraúna, Paraíba, escreveu texto que centraliza a
existência de curral vazio, com a porteira aberta e até pendida para um lado,
em conotação de que foi usada há bastante tempo, como se diz no Nordeste, lá para
as eras das vacas gordas.
Trata-se
de poesia de cunho bastante sentimental, uma vez que seu texto remonta aos temos
em que havia fartura nas fazendas, tanto no campo, no roçado, como nos curais,
sempre repletos de vacas leiteiras.
Infelizmente,
essa poesia retrata a realidade da evolução da vida, que tem o melhor sentido
de mostrar a involução dos tempos, em comparação ao passado romântico da fartura
e das boas colheitas.
A
verdade é que a importância do passado tem muito pouca valia no presente, com o
seu acervo sendo completamente abandonado pelas circunstâncias naturais dos tempos,
conforme mostra o curral aberto e vazio, praticamente sem utilidade alguma,
quando nele sempre eram acomodadas a riqueza e a fartura da fazenda.
Sim,
nos bons tempos, as fazendas eram abastecidas com o leite, o queijo, a manteiga,
a nata, além do bolo e do doce, tudo com o aproveitamento do precioso ouro
branco: o leite, que servia para boa parte do suprimento e do sustento alimentar
das famílias tradicionais da roça.
A
imagem do curral abandonado me levou, imediatamente, para meus saudosos tempos
da infância, no inesquecível sítio Canadá, onde vivenciei algo muito parecido
com a história da porteira aberta, pelo lado dos bons tempos, onde imperava a
fartura.
Nessa
época, meu querido e inesquecível avô Juvino cuidava, pessoalmente e com
inexcedível dedicação, de muitas vacas e o leite delas, que era tirado por ele,
sozinho, todo santo dia.
Eu
sempre era acordado com as pisadas fortes e ligeiras dele sobre o chão,
carregando os baldes, acho que de zimbre, e demais apetrechos necessários à
coleta do leite.
Vovô
se acordava muito cedo e passava muito bem ligeirinho, muito antes do sol
nascer, em direção ao curral, para cumprir o seu principal ofício matinal, com
o amor que nutria o seu coração, pela felicidade de abastecer o seu lar, com o
precioso e nutritivo leite, vindo de abençoadas vaquinhas que eram a paixão
dele.
Sem
dúvida, foram tempos maravilhosos e inesquecíveis que ainda me proporcionam muita
saudade, por algo realmente fantástico memorável.
Parabenizo
o grande poeta Vandenildo Oliveira, por esse verdadeiro hino poético que saúda os
maravilhosos tempos do Sertão, onde a vida era centrada na riqueza da fazenda e
o tamanho do curral denotava a real dimensão da felicidade garantida com o
leite e seus preciosos derivados.
Muitas
saudades dos bons tempos.
Muito
obrigado, poeta!
Brasília,
em 28 de abril de 2022
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