quarta-feira, 27 de abril de 2022

Falta competência?

 

Em vídeo que circula nas redes sociais, há informação de que as Forças Armadas dispõem de órgãos altamente qualificados para diagnosticar e possivelmente solucionar possíveis problemas no sistema eleitoral brasileiro.

São mencionados o Instituto Militar de Engenharia e o Instituto Tecnológico de Aeronáutica que, entre outras instituições congêneres, formam o que há de melhor na área tecnológica brasileira, evidentemente atuando em proveito da defesa nacional.

Ainda há o Comando de Defesa Cibernética, que é composto por militares das Forças Armadas, a quem também se atribui possuir profundo conhecimento de Tecnologia da Informação, Segurança Cibernética e outros segmentos de interesse ligados à defesa do ciberespaço, tema sensível para a manutenção da soberania nacional.

No vídeo, é mencionado que o Comando de Defesa Cibernética teria feito "questionamentos tão complexos" ao Tribunal Superior Eleitoral, mas eles não foram publicados para conhecimento da sociedade, apenas informando que o órgão incumbido de cuidar das questões eleitorais teria respondido às questões levantadas pelo órgão do Exército, tudo sendo tratado em absoluto no sigilo, embora o assunto seja de especial interesse também dos eleitores brasileiros.

         Pois bem, com todo respeito à excelência dos conhecimentos propagados à profusão, como sendo de altíssimo nível, conforme a inexcedível descrição constante do texto em referência, diante dos inigualáveis atributos devotados e reconhecidos aos órgãos específicos do Exército, que dominam, com extrema capacidade e de forma soberana as engenhosidades do mundo da ciência da informática, a meu juízo, isso somente tem o condão de expor injustificada e demente incompetência por parte das autoridades governamentais, em especial por ficar trocando informações com o Tribunal Superior Eleitoral, cujos resultados são absolutamente inócuos, uma vez que nada será alterado nem aperfeiçoado, a depender da insolência e da onipotência desse órgão.

          Há de se convir que o mais certo é que esse órgão já firmou entendimento no sentido de que o funcionamento das urnas eletrônicas é segura e absolutamente confiável, não merecendo qualquer aperfeiçoamento, em termos de mudanças operacionais.

          Se houvesse o mínimo de boa vontade, real interesse e competência administrativa, o ideal seria aproveitar as potencialidades dos exuberantes conhecimentos daqueles órgãos, no sentido de que fossem realizados estudos por iniciativa exclusiva do Executivo, com vistas a se identificar e se diagnosticar os pontos nevrálgicos, possíveis de causar fraudes e outras deficiências no sistema eleitoral brasileiro.

          Com base nesse importante e eficiente trabalho, realizado por quem tem por base conhecimentos confiáveis, incontestáveis e seguros, poder-se-ia elaborar projeto de lei, com as precisão e exatidão das justificativas firmadas por especialistas qualificados, bem fundamentadas e irrefutáveis, para o fim de se enviar para a apreciação do poder Legislativo, com vistas aos aperfeiçoamentos necessários.

          Certamente que esse órgão não teria como refutá-lo, à vista da consistência técnico-especializada do projeto em causa, de modo que o aperfeiçoamento e a modernidade do funcionamento do sistema eleitoral, no que se refere ao funcionamento das urnas eletrônicas, poderiam ser aprovados imediatamente pelo Congresso Nacional, uma vez que o trabalho realizado por aqueles órgãos não teria como ser diferente disso, salvo se a mediocridade ainda continuasse a prevalecer, o que também não seria nenhuma surpresa, diante da pouca inteligência, para não se dizer outra coisa, das cabeças pensantes desse pobre Brasil, governando aquém da sua grandeza, conforme mostra o caso em comento.

          De qualquer modo, causa perplexidade o governo não vislumbrar a excelência dos conhecimentos desses órgãos das Forças Armadas, para pedir o necessário socorro no momento crucial, quando, tempos atrás, o presidente do país teria feito múltiplas críticas e acusações ao funcionamento das urnas eletrônicas, sem ter prova de absolutamente nada para justificar a sua ansiedade de querer mudá-lo, mas terminou com a cara mais ensaboada possível, morto de decepção quando reconheceu que não tinha provas de fraudes e, o pior, a certeza de que4 nada se resolve somente na base do grito.   

          A conclusão desse lamentável episódio conduz ao inevitável axioma, qual seja: qual seria a valia de elevados e acurados conhecimentos e domínios da ciência e da tecnologia, assim reconhecidos por especialistas, quando não se dispõe de vontade política e, em especial, competência administrativa para a adoção das medidas necessárias?

Brasília, em 27 de abril de 2022

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