quarta-feira, 27 de abril de 2022

Perdão polêmico?

 

Circula nas redes sociais vídeo em que aparece a pessoa do deputado federal que foi condenado à prisão e à perda do mandato pelo Supremo Tribunal Federal, mandando o seguinte recado para um ministro dessa corte, precisamente nestes termos: “Alexandre de Moraes, ministro, eu quero que você saiba que você está entrando em queda de braço que você  não deve vencer. Não adianta você tentar me calar. Eu fui preso mais de noventa vezes, na Polícia Militar do Rio de Janeiro. Fiquei em lugares que você nem imagina. Você nem imagina o que eu já enfrentei, ministro. Tu achas que tu vais...”.

A pessoa que se vangloria de ter sido presa por mais de noventa vezes, na Polícia Militar do Rio de Janeiro, conforme confessado por ela, e ainda entende que isso é ato de bravura como exemplo para a sociedade, somente mostra o baixíssimo nível da sua índole, como cidadão que integrava modelar corporação militar e agora faz parte do poder Legislativo, motivo pelo qual somente se espera atitudes de pessoa revestida de proposições dignas e capazes de serem seguidas pela sociedade.

As atitudes erráticas desse cidadão, próprias de contumaz praticante de delitos, não foram incapazes de se evitar o merecimento do perdão da lavra do presidenta da República, que se expôs perigosamente em proteger pessoa extremamente insensata, mal-educada e estúpida, que ainda se orgulha de contrariar os princípios da cidadania e da civilidade, no que se refere à obrigatoriedade de respeitar a dignidade humana, quando enche o peito para dizer que já foi preso por dezenas de vezes e isso só confirma o seu sentimento de extremo desrespeito às comezinhas regras de condutas sadias.

Se o Brasil fosse um país com o mínimo de seriedade, jamais o presidente do país teria se associado em defesa de pessoa que confessa possuir desequilíbrio e distúrbio de clara psicopatia, uma vez que pessoa normal e sensata jamais seria capaz de praticar tantas transgressões para colecionar, por conta disso, de dezenas de prisões, que ainda, por pior, são motivo de festejo por ela, para respaldaram recado de atrevimento a ministro do Supremo, dizendo que não o teme, pelo fato de ele ser o recordista de condenações, evidentemente por reiteradas agressões aos regulamentos e às normas disciplinares.

A graça concedida ao deputado é o mesmo que o presidente do país vir a pública para dizer e declarar que comunga com todas as grosserias, maldades e barbaridades praticadas por ele, não importando a sua nefasta reputação de possuidor de currículo extremamente deplorável, em termos comportamentais como cidadão, o que, do contrário disso, ele jamais teria sido preso por tantas e impressionantes vezes, pasmem, quase uma centena, certamente pela continuada prática de ilicitudes na vida pública, que jamais justificariam qualquer espécie de perdão.

Certamente que seria muito mais aconselhável, ao contrário do que ocorreu com o indulto, que ele cumprisse a pena imposta pelo Supremo, posto que isso poderia contribuir para que o parlamentar pudesse ter condições de refletir o suficiente para mudar seu comportamento de penosa e inveterada rebeldia, por excelência.

Ele poderia pensar grande, no sentido de que não tem autoridade nem poder para fazer justiça com as próprias mãos, com o emprego de meios e mecanismos extremamente contrários aos princípios do bom senso e da racionalidade, apenas no seu entendimento de que ele sozinho é capaz de corrigir os rumos do mundo, quando a enorme quantidade de punição já aplicada a ele é bastante esclarecedora no sentido de que ele não tem a menor capacidade para ser modelo de coisa alguma.

Só o fato de o deputado vir a público para informar que ele já foi preso dezenas de vezes isso é fator suficiente e preponderante para se concluir que o indevido e esdrúxulo indulto concedido a ele não faz o menor sentido e ainda tem o condão de estimulá-lo à prática dos corriqueiros desrespeitos aos direitos humanos e à dignidade imposta constitucionalmente às relações sociais.

Esse vídeo é de suma importância, porque mostra, com indiscutível clareza, a péssima índole comportamental da pessoa que o presidente da República entendeu de conceder indulto, por meio da graça constitucional, que é considerado gesto da maior nobreza que somente deveria ser merecedor por quem pratique ato humanitário e justo, sob o prisma da dignidade e da valorização humana, mas jamais a pessoa acostumada à prática de continuadas transgressões contra os salutares princípios da cidadania e da civilidade, o que bem demonstra a acentuada falta de critério presidencial para o exercício do relevante cargo.

Infelizmente, a única explicação para tamanha magnanimidade, notoriamente injusta e indevida, à luz da maléfica índole do beneficiário, conforme mostram os fatos, somente se explica por ser ano eleitoral e o presidente houve por bem peitar o sistema, por meio de gesto de altruísmo, de extrema polêmica, porque os fins não justificam os meios, em se tratando de finalidade pública, fato este que precisa ser avaliado pela sociedade.

Enfim, os brasileiros honrados e dignos têm motivos mais do que suficientes para votar com base nos resultados das políticas executadas pelo presidente da República, evidentemente na certeza de que, na disputa eleitoral, não existe, até o momento, um único candidato em condições de representar, à altura, os verdadeiros valores da grandeza do Brasil, conforme mostram os fatos.     

Brasília, em 27 de abril de 2022

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