quinta-feira, 19 de julho de 2012

À espera da moralização

Há enorme expectativa quanto ao julgamento que se aproxima do famigerado escândalo do mensalão, resultante da investigação da Polícia Federal e da CPI criada em 2005. As apurações resultaram na montanha de 77 volumes e mais de 13 mil páginas e no envolvimento de 38 pessoas na lista de réus, tendo como figurantes ilustres caciques do PT, como o seu então presidente, o mentor do esquema, o ex-tesoureiro, o marqueteiro e publicitário, o operador financeiro e os beneficiários dos repasses de dinheiros sujos, provenientes de superfaturamentos de preços e contratações irregulares, tudo arquitetado durante a eleição de 2002 e executado no ano seguinte. Conforme a tipificação dos crimes, os réus vão responder pela prática de corrupção, lavagem de dinheiro, evasão de divisas, peculato e formação de quadrilha. O presidente do Supremo Tribunal Federal declarou à imprensa que o julgamento do processo referente ao mensalão não se diferencia de nenhum outro caso em andamento naquela corte, porque se trata de ação penal como tantas outras submetidas ao seu crivo, e que já foi concluído o plano operacional para o seu julgamento. Ele ressaltou também que se encontra preparado e tranquilo "como sempre" para o início do julgamento do maior escândalo do governo petista, tendo reafirmado que, apesar da grande repercussão da matéria, não haverá mudança na forma como os ministros vão atuar em plenário senão em conformidade com o seu método de interpretação da lei. As declarações ponderadas do ministro coincidem com a exata dimensão do anseio da sociedade, que espera que os poderosos não tenham nenhum tráfego de influência por ocasião do julgamento, que tem de ficar livre de injunções políticas, em função da importância do processo, que integra a maior quantidade de réus de peso na história da Excelsa Corte de Justiça, e, enfim, que haja isenção no exame da matéria. A população brasileira, depois de controlar a ansiedade por sete longos anos, confia piamente que a sua vitória seja maravilhosa e compensadora por todo desgaste da dúvida, da demora e da incerteza quanto à possibilidade da chegada desse momento tão importante para finalmente ser feita a esperada justiça. Não há a menor dúvida de que a responsabilidade da Suprema Corte tem que corresponder à expectativa do povo brasileiro, no sentido de que possam ser aplicadas as penalidades correspondentes aos crimes praticados com desvio de dinheiros públicos, tendo em vista a sublime necessidade de as medidas disciplinares e pedagógicas possam servir de marcantes exemplos para os maus gestores e demais inescrupulosos políticos, fazendo com que fatos semelhantes ao mensalão nunca mais se repitam neste país. A sociedade tem absoluta convicção de que o Supremo Tribunal Federal está plenamente qualificado e preparado para julgar com sua peculiar inteligência, soberania e imparcialidade a pletora documentação investigativa do mensalão, em consonância com a sua competência constitucional e legal, passando a limpo parte de uma história enlameada com fatos deploráveis e dignos dos mais intensos repúdios, incompatíveis com os princípios da ética e da moralidade. Acorda, Brasil!        

ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 18 de julho de 2012

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