Há enorme expectativa
quanto ao julgamento que se aproxima do famigerado escândalo do mensalão,
resultante da investigação da Polícia Federal e da CPI criada em 2005. As
apurações resultaram na montanha de 77 volumes e mais de 13 mil páginas e no envolvimento
de 38 pessoas na lista de réus, tendo como figurantes ilustres caciques do PT,
como o seu então presidente, o mentor do esquema, o ex-tesoureiro, o
marqueteiro e publicitário, o operador financeiro e os beneficiários dos repasses
de dinheiros sujos, provenientes de superfaturamentos de preços e contratações
irregulares, tudo arquitetado durante a eleição de 2002 e executado no ano
seguinte. Conforme a tipificação dos crimes, os réus vão responder pela prática
de corrupção, lavagem de dinheiro, evasão de divisas, peculato e formação de
quadrilha. O presidente do Supremo Tribunal Federal declarou à imprensa que o
julgamento do processo referente ao mensalão não se diferencia de nenhum outro
caso em andamento naquela corte, porque se trata de ação penal como tantas
outras submetidas ao seu crivo, e que já foi concluído o plano operacional para
o seu julgamento. Ele ressaltou também que se encontra preparado e tranquilo
"como sempre" para o início do julgamento do maior escândalo do
governo petista, tendo reafirmado que, apesar da grande repercussão da matéria,
não haverá mudança na forma como os ministros vão atuar em plenário senão em
conformidade com o seu método de interpretação da lei. As declarações
ponderadas do ministro coincidem com a exata dimensão do anseio da sociedade,
que espera que os poderosos não tenham nenhum tráfego de influência por ocasião
do julgamento, que tem de ficar livre de injunções políticas, em função da
importância do processo, que integra a maior quantidade de réus de peso na
história da Excelsa Corte de Justiça, e, enfim, que haja isenção no exame da
matéria. A população brasileira, depois de controlar a ansiedade por sete
longos anos, confia piamente que a sua vitória seja maravilhosa e compensadora
por todo desgaste da dúvida, da demora e da incerteza quanto à possibilidade da
chegada desse momento tão importante para finalmente ser feita a esperada
justiça. Não há a menor dúvida de que a responsabilidade da Suprema Corte tem
que corresponder à expectativa do povo brasileiro, no sentido de que possam ser
aplicadas as penalidades correspondentes aos crimes praticados com desvio de
dinheiros públicos, tendo em vista a sublime necessidade de as medidas
disciplinares e pedagógicas possam servir de marcantes exemplos para os maus
gestores e demais inescrupulosos políticos, fazendo com que fatos semelhantes
ao mensalão nunca mais se repitam neste país. A sociedade tem absoluta
convicção de que o Supremo Tribunal Federal está plenamente qualificado e
preparado para julgar com sua peculiar inteligência, soberania e imparcialidade
a pletora documentação investigativa do mensalão, em consonância com a sua
competência constitucional e legal, passando a limpo parte de uma história enlameada
com fatos deploráveis e dignos dos mais intensos repúdios, incompatíveis com os
princípios da ética e da moralidade. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 18 de julho de 2012
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