O casal
de catadores de material reciclável que vivia debaixo de um viaduto de São
Paulo, viu sua vida virar do avesso depois que eles acharam R$ 20 mil furtados
de um restaurante, entregaram o valor para a polícia e apareceram em emissoras
de TV como exemplo de honestidade. A sua atitude mereceu o reconhecimento dos
donos do dinheiro, que os ofereceram proposta de emprego e digna hospedagem,
por entenderem que o casal se houve com extrema humildade e honestidade e
precisa ser valorizado por isso. Na oportunidade, o cidadão disse: "A minha mãe me ensinou que não devo roubar ...
Se ela me assistir pela TV, lá no Maranhão, vai ver que o filho dela ainda é
uma das pessoas honestas deste mundo". Não há dúvida de que foi um
desfecho perfeito para um caso aparentemente simples, porém cheio de
significação para ressaltar a valorização da honestidade e do caráter, tão
carentes nos últimos tempos, que têm sido marcados pelos péssimos exemplos de
ladroagem e corrupção com dinheiros públicos, principalmente com o envolvimento
de agentes públicos e políticos, costumeiramente liderando as atenções da
sociedade e da mídia pelos seus atos de desonestidade e desrespeito às boas e
saudáveis regras da honestidade e moralidade. Esse caso mostra com toda clareza
que as atitudes sinceras, as ações puras e desinteressadas são capazes de criar
e gerar bons frutos, em forma da realização da felicidade e do atingimento de
objetivos nem sempre possíveis de maneira habitual. A lição dos moradores de
rua funcionou com a marca edificante que a sociedade não somente se identifica
com ela, mas exige que
a população, a classe política, inclusive os homens públicos, enxerguem o
verdadeiro poder das virtudes de quem nada possui na vida, senão o desamor às
coisas alheias e amor aos ensinamentos maternos da integridade moral. De
repente, eles estavam diante de uma fortuna que poderia, por algum tempo, amenizar
as dificuldades, mas a sua consciência liderou poderosa decisão de agir com a
dignidade dos justos e os fez abdicar de algo precioso que apareceu no seu
caminho e poderia modificar seu estado de permanente penúria, mas a sabedoria
da sua honestidade ditou os rumos da melhor solução para o momento, no sentido
de devolver ao dono o dinheiro abandonado na rua. O Brasil precisa cada vez
mais de pessoas honestas, que se orgulham em devolver ao legítimo dono o bem
encontrado e não identificado, enquanto devem ser execrados aqueles que desviam
para suas contas recursos da saúde, da educação, da merenda escolar, dos
programas do governo e nada acontece com eles, porque infelizmente a cultura brasileira
permite que os cofres públicos sejam saqueados impunemente. A sociedade
brasileira tem motivo para se orgulhar de atitudes dignas e edificantes como
essas e propugnar para que elas possam inspirar as pessoas em geral, mas em especial
os agentes públicos, a fazerem autoanálise e procederem com honestidade e
respeito à propriedade e aos recursos de terceiros ou do Estado, como forma de
sedimentação dos salutares princípios de justiça social e de desenvolvimento cultural
do país. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 11 de julho de 2012
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