quinta-feira, 12 de julho de 2012

Dignificação à vida

O casal de catadores de material reciclável que vivia debaixo de um viaduto de São Paulo, viu sua vida virar do avesso depois que eles acharam R$ 20 mil furtados de um restaurante, entregaram o valor para a polícia e apareceram em emissoras de TV como exemplo de honestidade. A sua atitude mereceu o reconhecimento dos donos do dinheiro, que os ofereceram proposta de emprego e digna hospedagem, por entenderem que o casal se houve com extrema humildade e honestidade e precisa ser valorizado por isso. Na oportunidade, o cidadão disse: "A minha mãe me ensinou que não devo roubar ... Se ela me assistir pela TV, lá no Maranhão, vai ver que o filho dela ainda é uma das pessoas honestas deste mundo". Não há dúvida de que foi um desfecho perfeito para um caso aparentemente simples, porém cheio de significação para ressaltar a valorização da honestidade e do caráter, tão carentes nos últimos tempos, que têm sido marcados pelos péssimos exemplos de ladroagem e corrupção com dinheiros públicos, principalmente com o envolvimento de agentes públicos e políticos, costumeiramente liderando as atenções da sociedade e da mídia pelos seus atos de desonestidade e desrespeito às boas e saudáveis regras da honestidade e moralidade. Esse caso mostra com toda clareza que as atitudes sinceras, as ações puras e desinteressadas são capazes de criar e gerar bons frutos, em forma da realização da felicidade e do atingimento de objetivos nem sempre possíveis de maneira habitual. A lição dos moradores de rua funcionou com a marca edificante que a sociedade não somente se identifica com ela, mas exige que a população, a classe política, inclusive os homens públicos, enxerguem o verdadeiro poder das virtudes de quem nada possui na vida, senão o desamor às coisas alheias e amor aos ensinamentos maternos da integridade moral. De repente, eles estavam diante de uma fortuna que poderia, por algum tempo, amenizar as dificuldades, mas a sua consciência liderou poderosa decisão de agir com a dignidade dos justos e os fez abdicar de algo precioso que apareceu no seu caminho e poderia modificar seu estado de permanente penúria, mas a sabedoria da sua honestidade ditou os rumos da melhor solução para o momento, no sentido de devolver ao dono o dinheiro abandonado na rua. O Brasil precisa cada vez mais de pessoas honestas, que se orgulham em devolver ao legítimo dono o bem encontrado e não identificado, enquanto devem ser execrados aqueles que desviam para suas contas recursos da saúde, da educação, da merenda escolar, dos programas do governo e nada acontece com eles, porque infelizmente a cultura brasileira permite que os cofres públicos sejam saqueados impunemente. A sociedade brasileira tem motivo para se orgulhar de atitudes dignas e edificantes como essas e propugnar para que elas possam inspirar as pessoas em geral, mas em especial os agentes públicos, a fazerem autoanálise e procederem com honestidade e respeito à propriedade e aos recursos de terceiros ou do Estado, como forma de sedimentação dos salutares princípios de justiça social e de desenvolvimento cultural do país. Acorda, Brasil!

ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 11 de julho de 2012

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