O governador do Rio
de Janeiro terá de devolver aos cofres do Estado o valor de R$ 2 mil, recebidos
indevidamente para uso numa missão oficial de dois dias a Paris, em maio de
2011. Esse valor teria sido depositado na conta do governador, mas as despesas
foram pagas pelo cartão corporativo do governo. A assessoria do governador
esclareceu que houve erro da "área administrativa", em face da proximidade
da viagem com a criação do cartão. Esse fato serviu de especial motivo para que
essa autoridade reunisse a imprensa, tendo por finalidade anunciar o seu
“altíssimo” grau de responsabilidade com o trato do dinheiro público. Não deixa
de ser a expressão de um tremendo descaramento à frente do governo carioca, ao
se aproveitar de uma situação de mera falha administrativa, envolvendo valor de
pequena monta, sem maiores repercussões, para, talvez no seu entender, impressionar
a opinião pública acerca da sua conduta moral. Entretanto, quanto à sua fortuna
de centenas de milhões de reais, que, segundo a imprensa, teria sido amealhada
de forma ilegítima, porque mediante relações espúrias com empreiteiros,
concessionárias, contratações etc., não foram prestadas à sociedade, desta vez,
as devidas e necessárias explicações, que seriam bastante importantes para
prestigiar o princípio da transparência. Na oportunidade, também não foram
apresentadas as justificadas sobre as alarmantes despesas despendidas por
intermédio do cartão corporativo, nas viagens para o exterior, em famosas e
supimpas festanças, sempre regadas a champanhe francesa, tudo às custas do
dinheiro do contribuinte. O governador do Rio de Janeiro dá nítida demonstração
de abuso da confiança recebida nas urnas, retribuindo-a com deplorável forma de
deboche à dignidade do povo carioca, que, apesar disso, ainda tem sido fiel
seguidor desse político protagonista de condutas incompatíveis com a
importância cultural do estado que comanda. É impressionante o fato de as
autoridades públicas e os políticos brasileiros se darem ao luxo de esbanjar,
exceder e extrapolar os limites de gastos públicos com finalidades pessoais,
livres, sem o menor pudor nem senso de racionalidade ou responsabilidade. Na
forma constitucional e legal, compete aos órgãos de fiscalização, inclusive ao
Ministério Público, exercer o controle sobre os dispêndios públicos, porém, o
que se observa, na realidade, é que esse importante acompanhamento inexiste, o
que vem contribuindo para que também não haja limite nessa pouca-vergonha de gastos
abusivos com recursos dos brasileiros, que deveriam servir com exclusividade
para o suprimento de programas prioritários e de interesse público. A sociedade
tem a obrigação moral de se organizar e se conscientizar sobre a urgente
necessidade de excluir os maus políticos da vida pública brasileira, como forma
de contribuir para a construção de uma nação digna, decente e livre de
aproveitadores. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 31 de julho de 2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário