terça-feira, 31 de julho de 2012

Sujeira política

O governador do Rio de Janeiro terá de devolver aos cofres do Estado o valor de R$ 2 mil, recebidos indevidamente para uso numa missão oficial de dois dias a Paris, em maio de 2011. Esse valor teria sido depositado na conta do governador, mas as despesas foram pagas pelo cartão corporativo do governo. A assessoria do governador esclareceu que houve erro da "área administrativa", em face da proximidade da viagem com a criação do cartão. Esse fato serviu de especial motivo para que essa autoridade reunisse a imprensa, tendo por finalidade anunciar o seu “altíssimo” grau de responsabilidade com o trato do dinheiro público. Não deixa de ser a expressão de um tremendo descaramento à frente do governo carioca, ao se aproveitar de uma situação de mera falha administrativa, envolvendo valor de pequena monta, sem maiores repercussões, para, talvez no seu entender, impressionar a opinião pública acerca da sua conduta moral. Entretanto, quanto à sua fortuna de centenas de milhões de reais, que, segundo a imprensa, teria sido amealhada de forma ilegítima, porque mediante relações espúrias com empreiteiros, concessionárias, contratações etc., não foram prestadas à sociedade, desta vez, as devidas e necessárias explicações, que seriam bastante importantes para prestigiar o princípio da transparência. Na oportunidade, também não foram apresentadas as justificadas sobre as alarmantes despesas despendidas por intermédio do cartão corporativo, nas viagens para o exterior, em famosas e supimpas festanças, sempre regadas a champanhe francesa, tudo às custas do dinheiro do contribuinte. O governador do Rio de Janeiro dá nítida demonstração de abuso da confiança recebida nas urnas, retribuindo-a com deplorável forma de deboche à dignidade do povo carioca, que, apesar disso, ainda tem sido fiel seguidor desse político protagonista de condutas incompatíveis com a importância cultural do estado que comanda. É impressionante o fato de as autoridades públicas e os políticos brasileiros se darem ao luxo de esbanjar, exceder e extrapolar os limites de gastos públicos com finalidades pessoais, livres, sem o menor pudor nem senso de racionalidade ou responsabilidade. Na forma constitucional e legal, compete aos órgãos de fiscalização, inclusive ao Ministério Público, exercer o controle sobre os dispêndios públicos, porém, o que se observa, na realidade, é que esse importante acompanhamento inexiste, o que vem contribuindo para que também não haja limite nessa pouca-vergonha de gastos abusivos com recursos dos brasileiros, que deveriam servir com exclusividade para o suprimento de programas prioritários e de interesse público. A sociedade tem a obrigação moral de se organizar e se conscientizar sobre a urgente necessidade de excluir os maus políticos da vida pública brasileira, como forma de contribuir para a construção de uma nação digna, decente e livre de aproveitadores. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 31 de julho de 2012

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