sábado, 14 de julho de 2012

Ideias inconsistentes

A presidente da República, ao participar da 9ª Conferência Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, que está sendo realizada em Brasília, afirmou: “Uma grande nação deve ser medida por aquilo que faz pelas suas crianças e seus adolescentes. Não é o Produto Interno Bruto. É a capacidade de o país, do governo e da sociedade, de proteger o que é o seu presente e o seu futuro, que são suas crianças e seus adolescentes”. A sua declaração veio a propósito das expectativas de crescimento pífio do PIB, que deverá situar na expansão projetada pelo mercado financeiro em torno de 2% para 2012, sendo objeto de análise negativa pelo setor especializado, quanto ao preocupante crescimento econômico do país. Além de justificar, de forma indevida o ridículo crescimento da produção interna, a mandatária do país disse que “Nós temos de ter um país com jovens, adultos e crianças com grande nível de escolaridade porque nós vamos disputar sim o que é a economia moderna, que é a economia do conhecimento, aquela que agrega valor, a internet, as tecnologias de informação” e concluiu dizendo que o Brasil “vai ser um país desenvolvido quando todas as crianças desse (cic) país e seus jovens tiverem acesso à educação de qualidade”. Em tempos de eleições e na tentativa de justificar o diminuto desempenho do PIB e consequentemente o da sua equipe econômica, o governo logo inventa desculpa esfarrapada, em ocasião imprópria, como forma costumeira de convencer os incautos e seus despreparados seguidores sobre duas inverdades, quanto ao PIB, que será sofrível, e ao ensino de qualidade, que inexiste. A garantia de ensino de padrão de primeiro mundo não se faz com meras e vazias palavras, mas com ações efetivas, mediante priorização de meios materiais e financeiros capazes de assegurar qualidade à educação, medidas essas que nunca existiram nem existem neste país, consoante constatações pelos meios de comunicação e resultados de pesquisas realizadas em todos os níveis do ensino, que são facilmente aquilatáveis pelo péssimo tratamento governamental dispensado aos professores, eternos injustiçados nos seus vencimentos e nas condições de trabalho, diante da precariedade das instalações e dos equipamentos de ensino. A nação que pensa em se desenvolver não pode abdicar da boa qualidade de vida, com os sistemas de saúde, de tecnologia, de segurança, educacional etc. funcionando mediante os padrões compatíveis com os avanços da ciência e racionalidade já implantados no primeiro mundo, algo que o país somente irá conhecer daqui a uma década, caso mude a mentalidade antiquada dos governantes, que ignoram o que realmente são prioridades para o desenvolvimento do seu povo, que ainda acredita em conversa vazia para boi dormir. O governo que idealiza melhorar a educação do seu povo tem que investir logo e maciçamente nesse sistema, por meio de salários dignos para os professores e modernização e aperfeiçoamento dos métodos apropriados. Afora isso, qualquer recado não passa de pura demagogia pré-eleitoral, sem conteúdo. Na verdade, o discurso da presidente da República bem demonstra o seu pleno desconhecimento sobre a educação brasileira, não tendo ainda se inteirado nem um pouco sobre o caos por que passa o sistema de ensino do país, em especial pelo descaso generalizado, desde a sua desatualização até a desvalorização dos professores. A sociedade anseia por que sejam substituídas as "pérolas" eleitoreiras por medidas concretas e efetivas em prol da educação, principalmente com a priorização de metas especificamente voltadas para a valorização, a modernização e o aperfeiçoamento do ensino no seu conjunto. Acorda, Brasil!

ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 13 de julho de 2012

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