O
senador, apanhado prestando serviços oficiais em benefício do bicheiro mais
famoso na atualidade, subiu à tribuna do Senado Federal para apelar aos seus
pares pela manutenção do seu mandato e para pedir perdão aos colegas que o
defenderam no último dia 6 de março, pelos constrangimentos causados. Ele disse
que se encontrava de peito aberto para pedir que a injustiça se torne
reparável. De forma contraditória, por ter se desculpado e pedido perdão, o
político afirma que nada fez para ter destruída a sua honra, apenas admite ter
sido amigo do aludido contraventor e ter conversado frequentemente por telefone
com ele, mas nunca teve negócios legais ou ilegais com ele. Reafirmou os termos
do discurso pronunciado no dia 6 de março, dizendo que ele é a pura verdade. E
concluiu: "Há quatro meses vivo um
calvário sem trégua. No âmbito jurídico, sequer fui acusado, mas no tribunal
das manchetes já fui condenado". Não deixa de ser lamentável equívoco por parte do
senador, ao pedir perdão de algo que ele considera que não existiu, qual seja, seu
envolvimento com o contraventor que responde, na prisão, a vários processos
criminais.
Certamente que o Brasil não vai mudar nunca se seu povo não se conscientizar urgentemente
sobre a necessidade de modificar completamente essa classe política,
substituindo-a por pessoas que se comprometam a trabalhar com exclusividade em
benefício da sociedade e do bem comum, como tentativa de moralização das
atividades políticas. Na forma do sistema
político vigente, em que prevalecem os interesses pessoais e partidários, é
bastante entristecedor verificar um
político praticando atos indignos, ilegais, imorais e deploráveis, contrários
aos princípios da boa conduta e da ética política, e ainda ter a desfaçatez de
afirmar que nada fez de errado e que não merece ser censurado nem punido. Sem
dúvida alguma, o senador suavizaria um pouquinho a sua culpa se reconhecesse sua
fraqueza em participar da amizade de contraventor e contribuir para seus
projetos delituosos, em troca de agrados e presentes comprados com dinheiros
sujos. Atitudes como essas fortalecem em muito a desesperança quanto à possível limpeza moral da classe
política brasileira, que, mesmo sendo apanhada com as mãos na botija, cometendo
atos ilícitos e contrários ao decoro parlamentar, ainda tem a cara deslavada de
jurar, de mãos juntas, inocência e de se achar digno de perdão. É lamentável que um político que
conquistou a admiração
da sociedade, por sua louca paixão pela defesa das normas dos bons costumes e da moralidade na política, tenha se esvaído repentinamente
no torvelinho de grande decepção da política contemporânea. O Brasil espera que o lamentável
envolvimento desse político com o submundo do crime e das contravenções sirva, não só para purificar um
pouquinho que
seja o Congresso
Nacional,
com o seu afastamento dessa casa, mas de lição para os demais congressistas, de modo
que as camaradagens espúrias e contrárias aos salutares princípios éticos e
morais não voltem mais a representar o povo nos parlamentos. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 02 de julho de 2012
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