Em razão dos últimos acontecimentos políticos
ocorridos no Paraguai, o Mercosul decidiu suspendê-lo temporariamente de participar
desse bloco econômico, sob a alegação de que ali houve ruptura do processo
democrático e queda da soberania popular. Ato contínuo, foi aprovada a incorporação
da Venezuela ao Mercosul como "membro de pleno direito". Trata-se
apenas de sanção política, não se cogitando de punição econômica, para não castigar
diretamente à população daquele país. A mandatária brasileira defendeu a decisão, afirmando:
"... que a nossa posição com relação
ao que aconteceu no Paraguai mostra a sobriedade dessa região. Somos uma região
há 140 anos sem guerra, região pacífica, sem conflitos éticos e sem
perseguições religiosas. Fizemos todos nossos organismos baseados no
compromisso fundamental com a democracia". Essa história de defesa da
democracia não passa de pura hipocrisia mentalizada pelos mandatários
populistas, progressistas e comunistas, por temerem que, em tese, o efeito
faxina paraguaio contamine seus países, porque, na verdade, neles, a realidade
“democrática” não tem nada a ver com liberdade de imprensa e com respeito aos
direitos humanos, a exemplo da Venezuela, que foi adotada no Mercosul, em razão
da saída do Paraguai. O governo brasileiro, nesse episódio, embarcou numa canoa
furada, ao liderar esse movimento de esquerdismo paranoico de se imiscuir, de
forma indevida e injustificável, nos destinos de país independente e soberano,
onde as instituições políticas e democráticas se encontram em plena vigência, estando
garantidos os direitos humanos, de liberdade e de expressão, não havendo
qualquer ruptura da legitimidade e da ordem democrática. Além do mais, a crise
política desse país não afetou os interesses brasileiros, salvo se o procedimento
ali adotado pudesse ultrapassar suas fronteiras e refletir de forma benfazeja
no Brasil, porquanto os desmandos e as promiscuidades gerenciais verificadas no
país tupiniquim são bem piores e indiscutivelmente mais graves do que a
incompetência demonstrada pelo presidente afastado, que permitiu o descalabro
de algumas instituições do Estado, pondo em risco vidas humanas e direito à
propriedade, em flagrante descumprimento de princípios democráticos. Agora, se
o Mercosul exige a observância da democracia para integrá-lo, é muita falta de
coerência e de dignidade por parte de quem teve a infeliz iniciativa de aceitar
a Venezuela, que não respeita os princípios democráticos, como “membro de pleno direito". Urge que os governantes se conscientizem de
que a precípua obrigação do Brasil é se comprometer com a garantia da sua
estabilidade política, econômica e social, assumindo responsabilidade pela
administração pública eficaz e eficiente, com legitimidade e economicidade na
aplicação dos recursos públicos, independentemente das crises originadas no
exterior, por falecer competência para intervenção brasileira. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 02 de julho de 2012
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