segunda-feira, 2 de julho de 2012

Falta de prudência?

Em razão dos últimos acontecimentos políticos ocorridos no Paraguai, o Mercosul decidiu suspendê-lo temporariamente de participar desse bloco econômico, sob a alegação de que ali houve ruptura do processo democrático e queda da soberania popular. Ato contínuo, foi aprovada a incorporação da Venezuela ao Mercosul como "membro de pleno direito". Trata-se apenas de sanção política, não se cogitando de punição econômica, para não castigar diretamente à população daquele país. A mandatária brasileira defendeu a decisão, afirmando: "... que a nossa posição com relação ao que aconteceu no Paraguai mostra a sobriedade dessa região. Somos uma região há 140 anos sem guerra, região pacífica, sem conflitos éticos e sem perseguições religiosas. Fizemos todos nossos organismos baseados no  compromisso fundamental com a democracia". Essa história de defesa da democracia não passa de pura hipocrisia mentalizada pelos mandatários populistas, progressistas e comunistas, por temerem que, em tese, o efeito faxina paraguaio contamine seus países, porque, na verdade, neles, a realidade “democrática” não tem nada a ver com liberdade de imprensa e com respeito aos direitos humanos, a exemplo da Venezuela, que foi adotada no Mercosul, em razão da saída do Paraguai. O governo brasileiro, nesse episódio, embarcou numa canoa furada, ao liderar esse movimento de esquerdismo paranoico de se imiscuir, de forma indevida e injustificável, nos destinos de país independente e soberano, onde as instituições políticas e democráticas se encontram em plena vigência, estando garantidos os direitos humanos, de liberdade e de expressão, não havendo qualquer ruptura da legitimidade e da ordem democrática. Além do mais, a crise política desse país não afetou os interesses brasileiros, salvo se o procedimento ali adotado pudesse ultrapassar suas fronteiras e refletir de forma benfazeja no Brasil, porquanto os desmandos e as promiscuidades gerenciais verificadas no país tupiniquim são bem piores e indiscutivelmente mais graves do que a incompetência demonstrada pelo presidente afastado, que permitiu o descalabro de algumas instituições do Estado, pondo em risco vidas humanas e direito à propriedade, em flagrante descumprimento de princípios democráticos. Agora, se o Mercosul exige a observância da democracia para integrá-lo, é muita falta de coerência e de dignidade por parte de quem teve a infeliz iniciativa de aceitar a Venezuela, que não respeita os princípios democráticos, como “membro de pleno direito".  Urge que os governantes se conscientizem de que a precípua obrigação do Brasil é se comprometer com a garantia da sua estabilidade política, econômica e social, assumindo responsabilidade pela administração pública eficaz e eficiente, com legitimidade e economicidade na aplicação dos recursos públicos, independentemente das crises originadas no exterior, por falecer competência para intervenção brasileira. Acorda, Brasil!

ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 02 de julho de 2012

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