terça-feira, 10 de julho de 2012

Mundo das hipocrisias

Em solenidade no Palácio do Planalto, aquele deputado que fez acordo com o ex-presidente petista, declarando o apoio do seu partido ao candidato do governo federal ao cargo de prefeito de São Paulo por troca de cargos públicos, beija a mão da presidente da República por ocasião da referida cerimônia. Embora o acordo por minutos no horário eleitoral tenha motivado reboliço e perplexidade por envolver políticos com passados nebulosos, diante das suspeitas de corrupção e de falcatruas nos seus governos, a foto selando o acordo, feita no dia do seu anúncio, gerou terrível polêmica entre a militância e nas redes sociais. Ironicamente, o ex-presidente, na ocasião, disse: ”É uma foto ambientalmente correta”, enquanto a presidente ressaltou que “É uma foto simpática que nós estamos tirando para vocês”. Entretanto, muitos sentenciaram que a fato nada mais é do que o selo oficial da corrupção, representado de forma autêntica por especialistas, para que não restem dúvidas quanto à finalidade das suas intenções políticas, em prol do “engrandecimento” dos seus partidos. Ultimamente, em que pesem as composições políticas parecerem se revestir de legitimidade, de limpeza ética e de finalidade puramente construtiva, dificilmente alguém vai deixar de associá-las a intenções pecaminosas, nojentas, repugnantes, abomináveis, justamente por envolver muita hipocrisia por parte dos afiançadores da aliança, suscitando dúvidas quanto às negociatas que são acordadas sempre às escondidas e não reveladas, mas a sociedade, que não participa dos entendimentos, será obrigada a pagar a fatura. Agora, fica muito difícil acreditar num político que faz acordo com pessoa qualificada pela Interpol como delinquente, por possuir em seu poder mandado de prisão contra esse representante do povo, que não pode sair do seu país e não tem a dignidade de mostrar, com elementos cabais, a sua inocência. Esse fato por si só é mais do que suficiente para aquilatar a personalidade e a capacidade criativa de alguém que deseja representar o povo, não importando os meios para conseguir seu intento. Depois que o ex-presidente petista se juntou a políticos que os repugnava e os tachava exaustivamente de ladrões e desonestos, nada mais surpreende nesse mundo de negociata, de oportunismo e de politicagem, com o propósito de alguma vantagem. A sociedade anseia por que a política brasileira seja tratada de forma transparente e verdadeiramente democrática, mediante procedimentos revestidos da observância dos princípios da legalidade, da ética e da moralidade, de modo que possam satisfazer com exclusividade os interesses da nacionalidade. Acorda, Brasil!

ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 10 de julho de 2012

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