A presidente da República, respaldada pelo ministro
das Relações Exteriores, disse ao primeiro-ministro britânico que o Brasil é
contra intervenção militar na Síria, ante a preocupação de que medida nesse
sentido possa colocá-la em situações semelhantes às de Iraque e Afeganistão, e
ainda pelo fato de se ter a certeza de que isso não vai solucionar o grave conflito
que assola aquela nação. Neste caso, a diplomacia brasileira comete novamente grave
equívoco e demonstra despreparo, ao opinar levianamente sobre matéria que não
lhe diz o mínimo respeito, em virtude de o conflito da Síria não ter reflexo
com os interesses do Brasil nem afetar absolutamente nada que possa sequer
merecer a opinião de quem não tem competência para solucionar coisa alguma. Talvez
a única justificativa para tanto, ao que se pode inferir, é a necessidade de
querer aparecer a todo custo diante da comunidade internacional. Os governantes
tupiniquins precisam mostrar não ao mundo, mas em especial aos brasileiros competência
e capacidade para solucionar os enormes problemas existentes no Brasil, ao
invés de querer dar lição de como as potências devem decidir sobre os conflitos
mundiais. Não obstante, alheia à crise econômica mundial, que também afeta em
cheio a pátria amada, a corte tupiniquim se mudou provisoriamente para a
capital britânica, cuja comitiva é constituída pela mandatária do país, de pelo
menos seis ministros, pelo presidente da Câmara dos Deputados, por senadores, deputados
e políticos, todos recebendo, sem nenhum constrangimento, gordas ajudas de
custo e diárias às custas dos bestas dos contribuintes, para nada fazerem em
benefício do país. A ilustre representação brasileira terá a “difícil e extremosa”
incumbência de, pasmem, participar da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos
de 2012, almoçar com atletas brasileiros no Crystal Palace, base oficial de
treinamento da delegação, visitar a Casa Brasil, espaço criado para promover os
Jogos Olímpicos no Rio, em 2016, participar de coquetel que a rainha Elizabeth
2ª oferecerá a chefes de Estado e visitar o Museu de Ciências de Londres. Trata-se
de viagem absolutamente dispensável para os interesses da nacionalidade, que
terá dispêndios significativos diante das carências sociais, que as autoridades
públicas insistem em ignorá-las e os órgãos de controle e fiscalização fingem
que há regularidade nas respectivas despesas, quando o correto seria a sua
impugnação e a responsabilização dos envolvidos ou de quem as autorizou. Cabe à
sociedade repudiar com veemência esses vergonhosos e ilimitados abusos com os
recursos públicos, exigindo que os governantes observem com rigor os ditames
constitucionais e legais, quanto à necessidade do estrito respeito ao bom e
regular emprego dos dinheiros dos cidadãos. Por sua vez, o Itamaraty precisa
urgentemente se aperfeiçoar e aprender a ficar calado sobre matérias que não
dizem respeito aos interesses do país. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 25 de julho de 2012
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