A presidente da República
fez duras críticas às medidas destinadas ao isolamento do Irá do resto do mundo,
quanto às compras de seus produtos, principalmente os derivados de petróleo, ao
considerá-las extremamente perigosas, em que pese serem quase inexistentes as
relações comerciais do Brasil com aquele país. Ela disse compreender que outros
países precisam comprar petróleo iraniano, mas isso está sendo impedido pelos Estados
Unidos e pela Europa, prejudicando os interesses daquelas nações. No seu
entendimento, há necessidade de ser evitado que a situação relativa ao Irã se
evolua em rumo a um conflito, sendo imprescindível que haja entendimento
mediante conversações bilaterais. Entretanto,
a imposição de sanções àquele país somente deveria ter validade se fosse
efetivada diretamente pelas Nações Unidas, em consonância com o Direito
Internacional, e jamais por decisões isoladas de países. O discurso da
presidente fez alusão às reiteradas insinuações de Israel, no sentido de que é
necessário atacar o Irã antes que seu programa nuclear atinja um ponto em que a
obtenção da bomba atômica seja irreversível. Finalmente, ela fez também questão
de ressaltar a necessidade da substituição de agressões verbais e ameaças pelo
reconhecimento do direito dos países de usar a energia nuclear para fins
pacíficos, como fazem muitos países. As manifestações da mandatária brasileira
não somente contrariam as deliberações dos Estados Unidos e da Europa, mas
demonstram sobretudo a reiterada imaturidade da diplomacia tupiniquim, ao
opinar sobre questão que não lhe diz respeito diretamente, porquanto o bloqueio
econômico é matéria que não tem nenhum reflexo nas relações do Brasil com o Irã
e as medidas de isolamento visam obrigar que o país islâmico permita que o seu
programa nuclear seja fiscalizado pela Agência Internacional de Energia, cujas inspeções
possibilitem eliminar as dúvidas sobre o caráter do programa e aquilatar se o
seu desenvolvimento é realmente para fins pacíficos. Além do mais, é difícil
acreditar que os últimos governantes brasileiros, sem escrúpulo algum ou
plausibilidade para tanto, mas de forma costumeira, se empenhem com denodo em
defender, no plano internacional, os interesses de países de regime ditatorial,
cujos mandatários não demonstram respeito aos princípios saudáveis da
democracia e aos direitos humanos. A sociedade anseia por que a diplomacia
brasileira se aperfeiçoe e se atualize, para que possa acompanhar a evolução da
modernidade mundial, de maneira que competência e eficiência sejam colocadas
com exclusividade a serviço dos interesses nacionais, deixando que cada país
cuide da defesa das próprias causas, como forma de respeito ao primado da
independência e autonomia das nações. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR
FERNANDES
Brasília, em 26 de
julho de 2012
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