O suplente do senador cassado recentemente tomou
posse em uma rápida cerimônia na manhã desta sexta no Senado Federal. Na
oportunidade, ele disse, a propósito de tantos questionamentos quanto à sua
conduta política, que teria como responder as inúmeras denúncias contra a sua
pessoa, com argumentos que considera suficientes para esclarecer os fatos
apontados. Enquanto transcorria tudo isso, o presidente nacional do DEM, partido
ao qual pertence o parlamentar, declarou que espera do novo senador da legenda por
Goiás os "esclarecimentos convincentes" sobre sua suposta ligação com
o contraventor do jogo do bicho daquele Estado. Ao que se viu, pelo menos o seu
antecessor não teve sucesso com relação às justificativas sobre a ligação dele
com o bicheiro e o resultado foi o pior possível, por resultar na merecida e
exemplar cassação do seu mandato. A sociedade espera que as suas explicações
sejam robustecidas com elementos materiais capazes de refutar as pesadas
acusações sobre a reputação decorrente da sua amizade com o citado
contraventor, porque de mentiras e subterfúgios o ex-senador já esgotou todo
repertório possível e imaginável, restando muito pouco espaço nessa seara para
ser explorado. O certo mesmo é que tem sido decepcionante que a classe política
permaneça nivelada por baixo, tendo o seu caráter posto em potencial
questionamento o tempo todo e nada é capaz de contrariar essa situação de
incredulidade ética e moral. Aliás, restaria somente uma única alternativa
eficiente para acabar de vez com essa pouca vergonha e moralizar a profissão
política, qual seja, a conscientização da sociedade quanto à necessidade de, terminantemente,
não votar em candidato que não tenha compromisso com os interesses públicos,
mas somente naquele que tenha vocação exclusivamente com as causas do país e do
povo. A posse desse cidadão no cargo de senador suscita oportunidade para
reflexão capital sobre a real importância da instituição Senado Federal como
representante do povo brasileiro, tendo em vista que, sem qualquer aquilatação
quanto à sua vida pregressa, em princípio, ele não teria legitimidade para
exercer tão expressivo cargo público, haja vista que o suplente não recebe
voto, não consta da chapa eleitoral, não sendo eleito direto pelo povo nem
recebeu sequer o voto dele. Esse lamentável e maquiavélico equívoco eleitoral
contraria princípio constitucional segundo o qual o parlamentar é eleito pelo
sufrágio universal para representar o povo. Como representar o povo se não se
conhece ao menos o seu nome no memento da votação? Na verdade, a esdrúxula e
vergonhosa figura do suplente atende por familiar, amigo ou financiador de
campanha do candidato a senador. Urge que haja ampla reforma do sistema político-eleitoral,
não somente para a sua moralização, em termos de democratização, mas para o seu
aperfeiçoamento e a sua modernização, em especial com a eliminação dessa aberrante
figura do suplente de senador. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 13 de julho de 2012
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