domingo, 8 de julho de 2012

A marca do descaso

O ministro da Secretaria Geral da Presidência da República disse que “O governo segue analisando as possibilidades com muita preocupação em relação à economia e confiando na maturidade dos servidores que estão vendo o que está acontecendo no mundo. Todos nós temos que ter um governo de responsabilidade”. Na verdade, o surgimento crescente de greves, denotando a insatisfação salarial dos servidores públicos, de diversas categorias, demonstra, na exata dimensão, o quanto esse governo tem total desapreço e nenhuma preocupação com a oscilação dos vencimentos do funcionalismo com a realidade econômica, resultante da falta de reajustes anuais, não concedidos há bastante tempo, o que vem causando aviltamento do poder aquisitivo e preocupação para a sobrevivência com dignidade. Como exemplo patente do descaso e da irresponsabilidade do governo, tem-se a greve dos professores das instituições federais de ensino pela reestruturação da carreira docente, que não há negociação alguma e a solução depende da boa vontade da incapacidade governamental, ainda sem interesse para tanto, porque ele não está nem aí com a situação do ensino superior do país, que envolve mais de um milhão de alunos, enquanto há grande interesse com os problemas da economia mundial. Caso o governo fosse eficiente, tivesse a máquina pública enxuta e gerenciasse o país de forma responsável, sabendo controlar o déficit público, mediante parcimônia nos gastos públicos, talvez houvesse maior preocupação com as questões do país, não permitindo que o caos atingisse a situação salarial dos servidores, nem precisasse arranjar desculpas esfarrapadas para evitar solucionar imediatamente as questões que afetam a administração. O governo precisa se conscientizar para o urgente cumprimento da sua competência constitucional de reajustar os vencimentos dos servidores públicos, para todas as categorias, ante a existência da real defasagem em relação ao poder de compra, que reflete indistintamente no salário em geral. Não há justificativa plausível para a omissão do governo quanto a essa competência de atualizar todo ano, como faz com o salário mínimo, os vencimentos dos servidores, cuja obrigação vem sendo inobservada há bastante tempo, fazendo com que os salários fiquem desvalorizados. É muito estranho o governo falar, agora, em responsabilidade e exigir maturidade dos servidores para deixar de cumprir a Carta Magna, uma vez que, quando ainda não era poder, o seu partido, reforçado pelas centrais dos trabalhadores, liderava as greves, defendendo reajustes dos vencimentos dos servidores públicos. A sociedade espera que o governo tenha coerência, responsabilidade e competência para reconhecer a necessidade da urgente majoração dos vencimentos dos servidores públicos, como forma de dignificação do exercício dos cargos públicos e da reposição das perdas do poder aquisitivo da moeda. Acorda, Brasil!
                                              
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 07 de julho de 2012

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