quarta-feira, 4 de julho de 2012

É o caos

A Câmara dos Deputados aprova aumento de cerca de 30% da verba de gabinete dos deputados, cujo valor passa dos atuais R$ 60 mil para R$ 78 mil e poderá ser usado para pagar os salários de até 25 funcionários que cada um dos 513 parlamentares tem direito a contratar para o seu gabinete. A verba para o reajuste, no valor de R$ 150 milhões, foi liberada pela presidente da República, em atendimento de pedido do presidente da Câmara, que se empolgou ao anunciar essa infeliz medida para a sociedade, afirmando: "Deem a manchete com letras garrafais: a Câmara vai conceder reajuste para os servidores dos gabinetes". Na semana passada, ao ser anunciado o projeto de reajuste, a vice-presidente da Câmara o criticou, afirmando: "O assunto (reajuste) está rolando há horas, mas não há clima para isto (...) Temos de pensar em melhorar outras categorias, que estão mais defasadas que as da Câmara". É evidente que, se o aumento da aludida verba foi concedido para os deputados, com certeza que também haverá majoração da rubrica idêntica para os senadores. Agora, não há a menor dúvida de que fica demonstrado, mais uma vez, a forma de facilitação que os parlamentares têm para reajustar seus benefícios e suas vantagens, não se preocupando o mínimo com a situação das demais categorias de servidores públicos, nem mesmo com a premente necessidade de solucionar as calamidades e as precariedades que assolam o país, de Norte a Sul, deixando a população à mingua quanto ao atendimento das suas necessidades básicas, em especial a saúde pública, cada vez mais abandonada por falta de recursos e de gerenciamento, decorrente da carência de pessoal qualificado para evitar que o caos domine completamente e dificulte o controle da crise que se noticia diariamente, com pessoas morrendo em filas de hospitais e outras sendo tratadas nos corredores como animais, além da insuficiência e deficiência das instalações e dos equipamentos médico-hospitalares. Também está mais do que comprovada a falta de dinheiro para a educação, que está abandonada e desprestigiada, a exemplo do descaso com as universidades, que estão paralisadas, há quase 50 dias, devido ao estado de greve dos professores e dos servidores dessas instituições de ensino, e o governo alega não ter recursos para atender às justas reivindicações. No caso da segurança pública, nem precisa comentar, porquanto os autos índices de violência e de criminalidade já falam por si sós, mostrando a calamidade que grassa o país. E ainda esses deputados têm coragem de aumentar a sua verba de gabinete. Isso é verdadeira afronta à paciência e tolerância da sociedade, que tem recebido tratamento de desprezo e de indignidade por parte dessa classe política. Urge que os parlamentares se conscientizem de que os recursos públicos devem ser aplicados nos programas governamentais prioritários, como forma de maximizar o atendimento de quem mais necessita de cuidados e de melhorias da sua condição de vida, como no caso da legião de nordestinos que não estão recebendo a assistência que devia do Estado. Acorda, Brasil!

ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 04 de julho de 2012

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