A Câmara dos Deputados aprova aumento de cerca de
30% da verba de gabinete dos deputados, cujo valor passa dos atuais R$ 60 mil
para R$ 78 mil e poderá ser usado para pagar os salários de até 25 funcionários
que cada um dos 513 parlamentares tem direito a contratar para o seu gabinete. A verba para o
reajuste, no valor de R$ 150 milhões, foi liberada pela presidente da
República, em atendimento de pedido do presidente da Câmara, que se empolgou ao
anunciar essa infeliz medida para a sociedade, afirmando: "Deem a manchete com letras garrafais: a
Câmara vai conceder reajuste para os servidores dos gabinetes". Na
semana passada, ao ser anunciado o projeto de reajuste, a vice-presidente da Câmara o
criticou, afirmando: "O assunto (reajuste) está rolando há horas,
mas não há clima para isto (...) Temos de pensar em melhorar outras categorias,
que estão mais defasadas que as da Câmara". É evidente que, se o
aumento da aludida verba foi concedido para os deputados, com certeza que
também haverá majoração da rubrica idêntica para os senadores. Agora, não há a
menor dúvida de que fica demonstrado, mais uma vez, a forma de facilitação que
os parlamentares têm para reajustar seus benefícios e suas vantagens, não se
preocupando o mínimo com a situação das demais categorias de servidores
públicos, nem mesmo com a premente necessidade de solucionar as calamidades e
as precariedades que assolam o país, de Norte a Sul, deixando a população à
mingua quanto ao atendimento das suas necessidades básicas, em especial a saúde
pública, cada vez mais abandonada por falta de recursos e de gerenciamento,
decorrente da carência de pessoal qualificado para evitar que o caos domine
completamente e dificulte o controle da crise que se noticia diariamente, com pessoas
morrendo em filas de hospitais e outras sendo tratadas nos corredores como
animais, além da insuficiência e deficiência das instalações e dos equipamentos
médico-hospitalares. Também está mais do que comprovada a falta de dinheiro
para a educação, que está abandonada e desprestigiada, a exemplo do descaso com
as universidades, que estão paralisadas, há quase 50 dias, devido ao estado de greve
dos professores e dos servidores dessas instituições de ensino, e o governo
alega não ter recursos para atender às justas reivindicações. No caso da
segurança pública, nem precisa comentar, porquanto os autos índices de
violência e de criminalidade já falam por si sós, mostrando a calamidade que
grassa o país. E ainda esses deputados têm coragem de aumentar a sua verba de
gabinete. Isso é verdadeira afronta à paciência e tolerância da sociedade, que
tem recebido tratamento de desprezo e de indignidade por parte dessa classe política.
Urge que os parlamentares se conscientizem de que os recursos públicos devem
ser aplicados nos programas governamentais prioritários, como forma de
maximizar o atendimento de quem mais necessita de cuidados e de melhorias da
sua condição de vida, como no caso da legião de nordestinos que não estão
recebendo a assistência que devia do Estado. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 04 de julho de 2012
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