Alguns coordenadores do setor jurídico do PT de São
Paulo, incentivados por integrantes da cúpula do partido, ingressaram com
representação na Justiça Eleitoral, objetivando convencer os ministros do
Supremo Tribunal Federal da "inconveniência" do julgamento agora do
mensalão. O texto diz que "Tem-se o
pior dos mundos: a judicialização da política e a politização do julgamento",
"É duplamente inoportuno marcar um
julgamento criminal na véspera da eleição, em pleno curso da campanha.
Sacrificam-se os direitos individuais e desequilibra-se o pleito, do qual o
Supremo Tribunal Federal se transformará no principal protagonista" e
"Há que se cogitar (...) senão uma recomendação, uma singela
manifestação de preocupação aos ministros quanto à inconveniência de se
enfrentar o julgamento em tal período.". Já se passaram longos
sete anos desde a abertura do processo, mas o PT não se envergonha de pedir
para se adiar o julgamento do maior escândalo político por ele protagonizado,
sob o argumento de sacrificar os direitos individuais e desequilibrar o pleito. O bom senso indica que
já passou do momento de a sociedade conhecer a verdade sobre essa farsa
política, independentemente de o resultado do julgamento ter reflexo ou se
tornar inconveniente
para o interesse partidário, que não deve prevalecer sobre o do país. Isso é
uma forma desmoralizante de o PT tratar matéria de tamanha relevância como se
fosse mera questão de sindicato, onde a última palavra sempre é a sua. É muito
estranho que possa haver medo do julgamento do mensalão, se o todo-poderoso já
conseguiu convencer seus asseclas de que esse tão deprimente esquema jamais
existiu, porque tudo não passou de invenção dos opositores ao governo e que o
dinheirinho do contribuinte não foi envolvido na ridícula compra de igualmente
desprezíveis parlamentares. Então, por qual motivo o PT discorda do julgamento
de algo inexistente? Não deixa de ser decepcionante a falta de personalidade e
de indecência do partido que foi criado com origem no trabalhador que, à época,
alardeava cultuar honestidade e lisura na política e na vida pública. Caso o
mensalão não tivesse existido, como corolário não haveria crime nem criminoso. Em
consequência, não haveria razão para se preocupar com julgamento de algo que inexistiu.
Por sua vez, admitindo-se a regularidade dos famigerados procedimentos do
mensalão, o seu julgamento seria até mais importante que ocorresse exatamente
no período da campanha eleitoral, quando os envolvidos teriam condições de
provar sua inocência e, com isso, ganhar o prestígio da sociedade, por terem
conseguido mostrar a realidade dos fatos, ao invés de apenas insistirem na
surrada e manjada catilinária de defesa desprovida de fundamentos, mas
carregada de mentiras e disfarces que somente contribuem para desacreditar
ainda mais a classe política. Em homenagem aos princípios democráticos, a
sociedade tem o dever cívico de rechaçar as manobras protelatórias sem conteúdo
e se posicionar a favor do urgente julgamento do affaire que manchou a honra e a dignidade não somente de partidos
políticos, mas em especial da nação, que não conseguiu se livrar dessa
ignominiosa ação perpetrada contra o povo brasileiro, que tem todo direito de
saber a verdade dos fatos, desde que seja o quanto antes melhor para evidenciar
a indispensável transparência. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 26 de julho de 2012
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